Ano XXV - 19 de abril de 2024

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LIG - LETRA IMOBILIÁRIA GARANTIDA - LEI 13.097/2015

MTVM - MANUAL DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS

LIG - LETRA IMOBILIÁRIA GARANTIDA (Revisada em 22/05/2022)

SUMÁRIO:

  1. LIG - LETRA IMOBILIÁRIA GARANTIDA - Legislação e Normas
    1. Definição e Características - LEI 13.097/2015 (Artigos 63 a 98)
    2. Resolução CMN 4.598/2017 - Dispõe sobre a emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG)
  2. DEPÓSITO CENTRALIZADO - Legislação e Normas
    1. Depósito Centralizado de Ativos Financeiros - LEI 12.810/2013 - ARTIGOS 22 A 29
    2. MTVM - Depósito Centralizado - Lei 12.810/2013 - Resolução CMN 4.593/2017
  3. Lei 13.097/2015 - Capítulo IV - Artigos 63 a 90 - Letra Imobiliária Garantida

Veja também:

  1. Companhias de Securitização de Créditos
  2. Cessão de Direitos Creditórios e Securitização de Créditos
  3. Sistemas de Registro e Liquidação (Custódia - Títulos Escriturais) - Lei 10.214/2001

Coletânea por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador co COSIFE

1. LETRA IMOBILIÁRIA GARANTIDA - LIG

  1. Lei 13.097/2015 - Capítulo IV - Artigos 63 a 90 - Letra Imobiliária Garantida
  2. Lei 13.097/2015 - Alterações na Legislação Vigente - Securitização de Créditos Imobiliários.
  3. Resolução CMN 5.001/2022 - Vigora a partir de 02/05/2022 - REVOGA:
    1. Resolução CMN 4.598/2017 - Dispõe sobre a emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG), título de crédito nominativo, transferível e de livre negociação, garantido por carteira de ativos submetida ao regime fiduciário (Securitização de Créditos), por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, caixas econômicas, companhias hipotecárias e associações de poupança e empréstimo.
    2. Resolução CMN 4.647/2017 - Altera Resolução CMN 4.598/2017
    3. Resolução CMN 4.654/2018 - Altera Resolução CMN 4.598/2017
    4. art. 5º da Resolução 4.763/2019. - Altera Resolução CMN 4.598/2017
  4. Resolução BCB 13/2020 - Consolida os critérios gerais de contabilidade aplicáveis às instituições de pagamento e às administradoras de consórcio em regime de liquidação extrajudicial, os procedimentos contábeis aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil em regime de liquidação extrajudicial na elaboração e divulgação de demonstrações financeiras e os procedimentos para registro contábil e divulgação de informações acerca dos ativos componentes das carteiras de ativos e das obrigações por emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG) pela instituição emissora de LIG e pelo agente fiduciário nas hipóteses de decretação de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição emissora, ou de reconhecimento do seu estado de insolvência pelo Banco Central do Brasil. REVOGA:
    1. Circular BCB 3.819/2016 - Dispõe sobre procedimentos contábeis aplicáveis às instituições em regime de liquidação extrajudicial na elaboração, remessa e divulgação de demonstrações financeiras.
    2. Circular BCB 3.820/2016 - Dispõe sobre critérios e procedimentos contábeis aplicáveis às administradoras de consórcio em regime de liquidação extrajudicial.
    3. Circular BCB 3.896/2018 - 09/05/2018 - Estabelece procedimentos para registro contábil e divulgação de informações acerca dos ativos componentes das carteiras de ativos e das obrigações por emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG) pela instituição emissora de LIG e pelo agente fiduciário nas hipóteses de decretação de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição emissora, ou de reconhecimento do seu estado de insolvência pelo Banco Central do Brasil.
  5. Resolução BCB 225/2022 - Dispõe sobre a autorização para o exercício da função de agente fiduciário em emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG), sobre os procedimentos e as informações necessárias para o depósito de LIG e para o registro ou depósito dos ativos integrantes da carteira de ativos e sobre a prestação de informações aos investidores por parte de instituições emissoras de LIG. Vigora a partir de 02/05/2022. REVOGA:
    1. Circular BCB 3.872/2017 -Dispõe sobre a prestação de informações aos investidores por parte de instituições emissoras de Letra Imobiliária Garantida (LIG) de que trata a Resolução CMN 4.598/2017
    2. Circular BCB 3.891/2018 - Dispõe sobre a autorização para o exercício da função de agente fiduciário em emissão de Letra Imobiliária Garantida, de que trata a Lei 13.097/2015.
    3. Circular BCB 3.895/2018 - Dispõe sobre os procedimentos e as informações necessárias para o depósito de Letras Imobiliárias Garantidas e para o registro ou depósito dos ativos integrantes da carteira de ativos, de que trata a Resolução nº 4.598, de 29 de agosto de 2017
  6. Circular BCB 3.866/2017 - Estabelece procedimentos para registro contábil e divulgação de informações pela instituição emissora de Letra Imobiliária Garantida (LIG), na condição de administradora das carteiras de ativos submetidas ao regime fiduciário previsto no art. 69 da Lei 13.097/2015. Veja a Resolução BCB 13/2020
  7. Instrução Normativa BCB 276/2022 - Revoga atos normativos que criam rubricas contábeis no Padrão Contábil das Instituições Reguladas pelo Banco Central do Brasil (Cosif). Entre eles, REVOGA:
    1. Carta Circular BCB 3.874/2018 - 3/4/2018 - Cria rubricas contábeis no COSIF para registro de ativos e de obrigações relativos à Letra Imobiliária Garantida (LIG). Em substituição foram expedidas várias Instruções Normativas BCB, cada uma delas destinada a um dos grupamentos de contas do NOVO COSIF.
  8. Carta Circular BCB 3.875/2018 - Define o conteúdo e a forma da Demonstração da Carteira de Ativos (DCA) que a emissora de Letra Imobiliária Garantida (LIG) deve divulgar de acordo com o Anexo I .

2. DEPÓSITO CENTRALIZADO DE ATIVOS FINANCEIROS = TÍTULOS, VALORES MOBILIÁRIOS OU CRÉDITOS SECURITIZADOS

  1. Lei 12.810/2013 - Depósito Centralizado - Artigos 22 a 29
  2. Lei 13.097/2015 (artigo 65)- Depósitos Centralizados - Trata do contido na LEI 12.810/2013
  3. MTVM - Depósito Centralizado - Lei 12.810/2013 - Resolução CMN 4.593/2017
  4. Comunicado 25.164/2014 - Divulga os sistemas de compensação e de liquidação, depósito centralizado e registro de ativos financeiros e de valores mobiliários em funcionamento no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro.
  5. Circular BCB 3.743/2015 - Aprova o regulamento que disciplina as atividades de registro e de depósito centralizado de ativos financeiros e a constituição de gravames e de ônus sobre ativos financeiros depositados
  6. Instrução CVM 541/2013 - Dispõe sobre a prestação de serviços de depósito centralizado de valores mobiliários.
  7. Lei 13.476/2017 - Altera a Lei 12.810/2013, para dispor sobre a constituição de gravames e ônus sobre ativos financeiros e valores mobiliários objeto de registro ou de depósito centralizado, e a Lei 13.097/2015; e REVOGA o Artigo 63-A da Lei 10.931/2004.
  8. Decreto 7.897/2013 - Regulamentação do Artigo 63-A da Lei 10.931/2004. O citado artigo 63-A foi REVOGADO pela Lei 13.476/2017, mas não consta a revogação do presente Decreto.

Veja também:

  1. Companhias de Securitização de Créditos
  2. Cessão de Direitos Creditórios e Securitização de Créditos
  3. Sistemas de Registro e Liquidação (Custódia - Títulos Escriturais) - Lei 10.214/2001

3. LEI 13.097/2015:

CAPÍTULO IV - DA LETRA IMOBILIÁRIA GARANTIDA E DO DIRECIONAMENTO DE RECURSOS DA CADERNETA DE POUPANÇA (clique para ver se houve alteração na legislação)

  1. LETRA IMOBILIÁRIA GARANTIDA (Artigos 63 e 64)
  2. DEPÓSITO CENTRALIZADO - LEI 12.810/2013 (Artigo 65)
  3. TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS DA CARTEIRA DE ATIVOS (Artigos 65 a 68)
  4. REGIME FIDUCIÁRIO - DEPOSITÁRIO CENTRAL DE ATIVOS FINANCEIROS (Artigo 69)
  5. CARTEIRA DE ATIVOS COMO PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO (Artigos 70 a 72)
  6. INSTITUIÇÃO EMISSORA DA LIG - COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA (Artigos 73 a 78)
  7. AGENTE FIDUCIÁRIO DE LETRAS IMOBILIÁRIAS GARANTIDAS - CREDENCIAMENTO (Artigos 79 a 83)
  8. DECRETAÇÃO DE INTERVENÇÃO, LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL OU FALÊNCIA (Artigos 84 a 89)
  9. ISENÇÃO DA TRIBUTAÇÃO PELO IMPOSTO DE RENDA (Artigo 90)
  10. REGULAMENTAÇÃO DA LIG - COMPETÊNCIA DO CMN (Artigos 91 a 94)
  11. SISTEMA BRASILEIRO DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO - COMPETÊNCIA DO CMN (Artigo 95)
  12. ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO VIGENTE (Artigos 96 a 98)

3.1. LETRA IMOBILIÁRIA GARANTIDA

Art. 63.  A Letra Imobiliária Garantida - LIG é título de crédito nominativo, transferível e de livre negociação, garantido por Carteira de Ativos submetida ao regime fiduciário disciplinado na forma desta Lei.

Parágrafo único.  A instituição emissora responde pelo adimplemento de todas as obrigações decorrentes da LIG, independentemente da suficiência da Carteira de Ativos.

Art. 64.  A LIG consiste em promessa de pagamento em dinheiro e será emitida por instituições financeiras, exclusivamente sob a forma escritural, mediante registro em depositário central autorizado pelo Banco Central do Brasil, com as seguintes características:

  • I - a denominação “Letra Imobiliária Garantida”;
  • II - o nome da instituição financeira emitente;
  • III - o nome do titular;
  • IV - o número de ordem, o local e a data de emissão;
  • V - o valor nominal;
  • VI - a data de vencimento;
  • VII - a taxa de juros, fixa ou flutuante, admitida a capitalização;
  • VIII - outras formas de remuneração, quando houver, inclusive baseadas em índices ou taxas de conhecimento público;
  • IX - a cláusula de correção pela variação cambial, quando houver;
  • X - a forma, a periodicidade e o local de pagamento;
  • XI - a identificação da Carteira de Ativos;
  • XII - a identificação e o valor dos créditos imobiliários e demais ativos que integram a Carteira de Ativos;
  • XIII - a instituição do regime fiduciário sobre a Carteira de Ativos, nos termos desta Lei;
  • XIV - a identificação do agente fiduciário, indicando suas obrigações, responsabilidades e remuneração, bem como as hipóteses, condições e forma de sua destituição ou substituição e as demais condições de sua atuação; e
  • XV - a descrição da garantia real ou fidejussória, quando houver.

3.1.1. A LIG COMO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL

§ 1º A LIG é título executivo extrajudicial e pode:

  • I - ser executada, independentemente de protesto, com base em certidão de inteiro teor emitida pelo depositário central;
  • II - gerar valor de resgate inferior ao valor de sua emissão, em função de seus critérios de remuneração; e
  • III - ser atualizada mensalmente por índice de preços, desde que emitida com prazo mínimo de 36 (trinta e seis) meses.

§ 2º É vedado o pagamento dos valores relativos à atualização monetária apropriados desde a emissão, quando ocorrer o resgate antecipado, total ou parcial, em prazo inferior ao estabelecido no inciso III do § 1º, da LIG emitida com previsão de atualização mensal por índice de preços.

3.2. DEPÓSITO CENTRALIZADO - LEI 12.810/2013

Art. 65.  A LIG e os ativos que integram a Carteira de Ativos devem ser depositados em entidade autorizada a exercer a atividade de depósito centralizado pelo Banco Central do Brasil, nos termos da Lei nº 12.810, de 15 de maio de 2013.

Parágrafo único.  Nas condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, os ativos que integram a Carteira de Ativos podem ser dispensados de depósito, desde que registrados em entidade autorizada pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários, no âmbito de suas competências, a exercer a atividade de registro de ativos financeiros e de valores mobiliários, nos termos da Lei no 12.810, de 15 de maio de 2013. (Nova Redação dada pela Lei 13.476/2017)

3.3. TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS DA CARTEIRA DE ATIVOS

Art. 66.  A Carteira de Ativos pode ser integrada pelos seguintes ativos:

  • I - créditos imobiliários;
  • II - títulos de emissão do Tesouro Nacional;
  • III - instrumentos derivativos; e (Nova Redação dada pela Lei 13.476/2017)
  • IV - outros ativos que venham a ser autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.

§ 1º Os ativos que integram a Carteira de Ativos não podem estar sujeitos a qualquer tipo de ônus, exceto aqueles relacionados à garantia dos direitos dos titulares das LIG.

§ 2º Compete ao Conselho Monetário Nacional estabelecer as modalidades de operação de crédito admitidas como créditos imobiliários para os efeitos desta Lei.

§ 3º O crédito imobiliário somente pode integrar a Carteira de Ativos se:

Art. 67.  A Carteira de Ativos deve atender a requisitos de elegibilidade, composição, suficiência, prazo e liquidez estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional.

NOTA DO COSIFE:

Não existe em dicionários disponíveis na Internet a definição de elegibilidade fora do conceito de ser eleito para um cargo governamental mediante escrutínio.

Porém, o CMN - Conselho Monetário Nacional e também o Banco Central já utilizou a denominação quando definiu os Instrumentos de Dívida Elegíveis a Capital com Base na Resolução CMN 4.192/2013.

Na NBC-TG-38 (em parte revogada) que versa sobre a mensuração de Instrumentos Financeiros, no seu item AG99F do Apêndice A - Guia de Aplicação (Designação de itens financeiros como objeto de hedge) lê-se:

  • "Para serem elegíveis para contabilização de hedge, os riscos e parcelas indicados devem constituir componentes separadamente identificáveis do instrumento financeiro, e mudanças nos fluxos de caixa ou no valor justo de todo o instrumento financeiro decorrentes de mudanças nos riscos e nas parcelas indicados devem ser mensuráveis de forma confiável. A norma apresenta vários exemplos".

Sobre essas denominações não encontradas em dicionários, neste COSIFE veja o texto O Banco Central e as Denominações Internacionais, escrito em 31/08/2005.

Diante desses fatos, presume-se que o redatores somente traduzem o escrito em inglês (ao "pé da letra") sem que de fato saibam o que significa a expressão idiomática.

Nos textos legais e/ou normativos em que existam expressões idiomáticas duvidosas ou inéditas, nos referidos deveriam constar: Considera-se como elegibilidade ....

Portanto, levando-se em conta o descrito nas NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade sobre a avaliação ou mensuração dos Instrumentos Financeiros, devem constar da Carteira de Ativos aqueles títulos que não sejam considerados como "TÍTULOS POBRES" ou de baixa negociabilidade, os quais são assim caracterizados em razão da ausência de valor de mercado ou de valor de negociação ou ainda de valor patrimonial.

Isto significa que os títulos da Carteira de Ativos devem ser mensurados de forma confiável, de modo que sejam facilmente negociáveis pelos seus preços ajustados tal como são os Títulos Públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e como também devem ser os demais títulos emitidos por entidades que, além da ilibada reputação, tenham expressivo valor patrimonial de conformidade com as analises de balanços efetuadas por contadores de acordo com regras previamente estabelecidas, tendo por base também o artigo 183 da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações) com as alterações processadas no decorrer de sua vigência.

Observe ainda o explicado nos parágrafos a seguir.

§ 1º Os requisitos de que trata o caput devem contemplar, no mínimo:

  • I - as características dos ativos da Carteira de Ativos quanto às garantias e ao risco de crédito;
  • II - a participação dos tipos de ativos previstos no art. 66 no valor total da Carteira de Ativos;
  • III - o excesso do valor total da Carteira de Ativos em relação ao valor total das LIG por ela garantidas;
  • IV - o prazo médio ponderado da Carteira de Ativos em relação ao prazo médio ponderado das LIG por ela garantidas;
  • V - a mitigação do risco cambial, no caso de LIG com cláusula de correção pela variação cambial.

§ 2º O excesso a que se refere o inciso III do § 1º não pode ser inferior a 5% (cinco por cento).

§ 3º Para os fins do disposto no inciso II do § 1º, os créditos imobiliários deverão representar, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) do valor total da Carteira de Ativos.

Art. 68.  A instituição emissora deve instituir regime fiduciário sobre a Carteira de Ativos, sendo agente fiduciário instituição financeira ou entidade autorizada para esse fim pelo Banco Central do Brasil e beneficiários os titulares das LIG por ela garantidas.

3.4. REGIME FIDUCIÁRIO - DEPOSITÁRIO CENTRAL DE ATIVOS FINANCEIROS

Art. 69.  O regime fiduciário é instituído mediante registro em entidade qualificada como depositário central de ativos financeiros, que deve conter:

  • I - a constituição do regime fiduciário sobre a Carteira de Ativos;
  • II - a constituição de patrimônio de afetação, integrado pela totalidade dos ativos da Carteira de Ativos submetida ao regime fiduciário;
  • III - a afetação dos ativos que integram a Carteira de Ativos como garantia das LIG; e
  • IV - a nomeação do agente fiduciário, com a definição de seus deveres, responsabilidades e remuneração, bem como as hipóteses, condições e forma de sua destituição ou substituição e as demais condições de sua atuação.

3.5. A CARTEIRA DE ATIVOS COMO PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO

Art. 70.  Os ativos que integram a Carteira de Ativos submetida ao regime fiduciário constituem patrimônio de afetação, que não se confunde com o da instituição emissora, e:

  • I - não são alcançados pelos efeitos da decretação de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição emissora, não integrando a massa concursal;
  • II - não respondem direta ou indiretamente por dívidas e obrigações da instituição emissora, por mais privilegiadas que sejam, até o pagamento integral dos montantes devidos aos titulares das LIG;
  • III - não podem ser objeto de arresto, sequestro, penhora, busca e apreensão ou qualquer outro ato de constrição judicial em decorrência de outras obrigações da instituição emissora; e
  • IV - não podem ser utilizados para realizar ou garantir obrigações assumidas pela instituição emissora, exceto as decorrentes da emissão da LIG.

Art. 71.  Os recursos financeiros provenientes dos ativos integrantes da Carteira de Ativos ficam liberados do regime fiduciário a que se refere o art. 68, desde que atendidos os requisitos de que trata o art. 67 e adimplidas as obrigações vencidas das LIG por ela garantidas.

Art. 72.  O regime fiduciário sobre a Carteira de Ativos extingue-se pelo pagamento integral do principal, juros e demais encargos relativos às LIG por ela garantidas.

3.6. INSTITUIÇÃO EMISSORA DA LIG - COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA

Art. 73.  Compete à instituição emissora administrar a Carteira de Ativos, mantendo controles contábeis que permitam a sua identificação, bem como evidenciar, em suas demonstrações financeiras, informações a ela referentes.

Art. 74.  A instituição emissora deve promover o reforço ou a substituição de ativos que integram a Carteira de Ativos sempre que verificar insuficiência ou inadequação dessa em relação aos requisitos de que tratam os arts. 66 e 67.

Art. 75.  A instituição emissora, o depositário central e a entidade registradora, na hipótese a que se refere o parágrafo único do art. 65 desta Lei, devem assegurar ao agente fiduciário o acesso a todas as informações e aos documentos necessários ao desempenho de suas funções. (Nova Redação dada pela Lei 13.476/2017)

Art. 76.  A instituição emissora responde pela origem e autenticidade dos ativos que integram a Carteira de Ativos.

Art. 77.  A instituição emissora responderá pelos prejuízos que causar aos investidores titulares da LIG por descumprimento de disposição legal ou regulamentar, por negligência ou administração temerária ou, ainda, por desvio da finalidade da Carteira de Ativos.

Art. 78.  A instituição emissora deve designar o agente fiduciário, especificando, na constituição do regime fiduciário de que trata o art. 68, suas obrigações, responsabilidades e remuneração, bem como as hipóteses, condições e forma de sua destituição ou substituição e as demais condições de sua atuação.

3.7. AGENTE FIDUCIÁRIO DE LETRAS IMOBILIÁRIAS GARANTIDAS - CREDENCIAMENTO

Art. 79.  O agente fiduciário deve ser instituição financeira ou outra entidade autorizada para esse fim pelo Banco Central do Brasil.

§ 1º É vedado o exercício da atividade de agente fiduciário por entidades ligadas à instituição emissora.

§ 2º Compete ao Conselho Monetário Nacional estabelecer o conceito de entidade ligada à instituição emissora para os efeitos desta Lei.

Art. 80.  Ao agente fiduciário são conferidos poderes gerais de representação da comunhão de investidores titulares de LIG, incumbindo-lhe, adicionalmente às atribuições definidas pelo Conselho Monetário Nacional:

  • I - zelar pela proteção dos direitos e interesses dos investidores titulares de LIG, monitorando a atuação da instituição emissora da LIG na administração da Carteira de Ativos;
  • II - adotar as medidas judiciais ou extrajudiciais necessárias à defesa dos interesses dos investidores titulares;
  • III - convocar a assembleia geral dos investidores titulares de LIG; e
  • IV - exercer, nas hipóteses a que se refere o art. 84, a administração da Carteira de Ativos, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

Art. 81.  As infrações a esta Lei e às normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil sujeitam o agente fiduciário, seus administradores e os membros de seus órgãos estatutários ou contratuais, às penalidades previstas na legislação aplicável às instituições financeiras.

Art. 82.  No exercício de suas atribuições de fiscalização, o Banco Central do Brasil poderá exigir do agente fiduciário a exibição de documentos e livros de escrituração e o acesso, inclusive em tempo real, aos dados armazenados em sistemas eletrônicos.

Parágrafo único.  A negativa de atendimento ao disposto no caput será considerada infração, sujeita às penalidades a que se refere o art. 81.

Art. 83.  A assembleia geral dos investidores titulares de LIG deve ser convocada com antecedência mínima de vinte dias, mediante edital publicado em jornal de grande circulação na praça em que tiver sido feita a emissão da LIG, instalando-se, em primeira convocação, com a presença dos titulares que representem, pelo menos, 2/3 (dois terços) do valor global dos títulos e, em segunda convocação, com qualquer número.

§ 1º A assembleia geral que reunir a totalidade dos investidores titulares de LIG pode considerar sanada a falta de atendimento aos requisitos mencionados no caput.

§ 2º Consideram-se válidas as deliberações tomadas pelos investidores titulares de LIG que representem mais da metade do valor global dos títulos presente na assembleia geral, desde que não estabelecido formalmente outro quorum específico.

3.8. DECRETAÇÃO DE INTERVENÇÃO, LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL OU FALÊNCIA

Art. 84.  Na hipótese de decretação de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição emissora, o agente fiduciário fica investido de mandato para administrar a Carteira de Ativos, observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

§ 1º O agente fiduciário investido de mandato para administrar a Carteira de Ativos tem poderes para ceder, alienar, renegociar, transferir ou de qualquer outra forma dispor dos ativos dela integrantes, incluindo poderes para ajuizar ou defender os investidores titulares de LIG em ações judiciais, administrativas ou arbitrais relacionadas à Carteira de Ativos.

§ 2º Em caso de decretação de qualquer dos regimes a que se refere o caput:

  • I - os ativos integrantes da Carteira de Ativos serão destinados exclusivamente ao pagamento do principal, dos juros e dos demais encargos relativos às LIG por ela garantidas, e ao pagamento das obrigações decorrentes de contratos de derivativos integrantes da carteira, dos seus custos de administração e de obrigações fiscais, não se aplicando aos recursos financeiros provenientes desses ativos o disposto no art. 71; e
  • II - o agente fiduciário deverá convocar a assembleia geral dos investidores, observados os requisitos do art. 83.

Art. 85.  A assembleia geral dos investidores titulares de LIG, convocada em função das hipóteses previstas no art. 84, está legitimada a adotar qualquer medida pertinente à administração da Carteira de Ativos, desde que observadas as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

Art. 86.  O reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil, do estado de insolvência de instituição emissora que, nos termos da legislação em vigor, não estiver sujeita à intervenção, liquidação extrajudicial ou falência, produz os mesmos efeitos estabelecidos nos arts. 84 e 85.

Art. 87.  Uma vez liquidados integralmente os direitos dos investidores titulares de LIG e satisfeitos os encargos, custos e despesas relacionados ao exercício desses direitos, os ativos excedentes da Carteira de Ativos serão integrados à massa concursal.

Art. 88.  Em caso de insuficiência da Carteira de Ativos para a liquidação integral dos direitos dos investidores das LIG por ela garantidas, esses terão direito de inscrever o crédito remanescente na massa concursal em igualdade de condições com os credores quirografários.

Art. 89.  Em caso de solvência da Carteira de Ativos, definida conforme critérios estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional, fica vedado o vencimento antecipado das LIG por ela garantidas, ainda que decretados os regimes de que trata o art. 84 ou reconhecida a insolvência da instituição emissora, nos termos do art. 86.

3.9. ISENÇÃO DA TRIBUTAÇÃO PELO IMPOSTO DE RENDA

Art. 90.  Ficam isentos de imposto sobre a renda os rendimentos e ganhos de capital produzidos pela LIG quando o beneficiário for:

  • I - pessoa física residente no país; ou
  • II - residente ou domiciliado no exterior, exceto em país com tributação favorecida a que se refere o art. 24 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que realizar operações financeiras no País de acordo com as normas e condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

Parágrafo único.  No caso de residente ou domiciliado em país com tributação favorecida a que se refere o art. 24 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicar-se-á a alíquota de 15% (quinze por cento).

3.10. REGULAMENTAÇÃO DA LIG - COMPETÊNCIA DO CMN

Art. 91.  O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto nesta Lei quanto à LIG, em especial os seguintes aspectos:

  • I - condições de emissão da LIG;
  • II - tipos de instituição financeira autorizada a emitir LIG, inclusive podendo estabelecer requisitos específicos para a emissão;
  • III - limites de emissão da LIG, inclusive o de emissão de LIG com cláusula de correção pela variação cambial, observado o disposto no parágrafo único;
  • IV - utilização de índices, taxas ou metodologias de remuneração da LIG;
  • V - prazo de vencimento da LIG;
  • VI - prazo médio ponderado da LIG, não podendo ser inferior a vinte e quatro meses;
  • VII - condições de resgate e de vencimento antecipado da LIG;
  • VIII - forma e condições para o registro e depósito da LIG e dos ativos que integram a Carteira de Ativos;
  • IX - requisitos de elegibilidade, composição, suficiência, prazo e liquidez da Carteira de Ativos, inclusive quanto às metodologias de apuração;
  • X - condições de substituição e reforço dos ativos que integram a Carteira de Ativos;
  • XI - requisitos para atuação como agente fiduciário e as hipóteses, condições e forma de sua destituição ou substituição;
  • XII - atribuições do agente fiduciário;
  • XIII - condições de administração da Carteira de Ativos; e
  • XIV - condições de utilização de instrumentos derivativos.

Parágrafo único.  No primeiro ano de aplicação desta Lei, o limite de emissão de LIG com cláusula de correção pela variação cambial, previsto no inciso III do caput, não pode ser superior, para cada emissor, a cinquenta por cento do respectivo saldo total de LIG emitidas.

Art. 92.  Aplica-se à LIG, no que não contrariar o disposto nesta Lei, a legislação cambiária.

Art. 93.  A distribuição e a oferta pública da LIG observarão o disposto em regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários.

Art. 94.  Não se aplica à LIG e aos ativos que integram a Carteira de Ativos o disposto no art. 76 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001.

3.11. SISTEMA BRASILEIRO DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO - COMPETÊNCIA DO CMN

Art. 95.  Compete ao Conselho Monetário Nacional dispor sobre a aplicação dos recursos provenientes da captação em depósitos de poupança pelas entidades integrantes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo.

§ 1º As normas editadas pelo Conselho Monetário Nacional devem priorizar o financiamento imobiliário, tendo em vista o disposto na Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964.

§ 2º As normas editadas pelo Conselho Monetário Nacional poderão:

  • I - indicar as instituições autorizadas a captar depósitos de poupança no âmbito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo;
  • II - estabelecer outras formas de direcionamento, inclusive, a aplicação dos recursos de que trata o caput em operações de empréstimos para pessoas naturais, garantidas por alienação fiduciária de coisa imóvel; e
  • III - fixar índices de atualização para as operações com os recursos de que trata o caput, diferenciando, caso seja necessário, as condições contratuais de acordo com o indexador adotado.  (Medida Provisória 668/2015) (Vide lei 13.137/2015)

§ 3º A aplicação em operações de empréstimos para pessoas naturais, garantidas por alienação fiduciária de coisa imóvel, prevista no inciso II do § 2º, não pode ser superior a três por cento da base de cálculo do direcionamento dos depósitos de poupança de que trata este artigo.

§ 4º Ficam convalidados todos os atos do Conselho Monetário Nacional que dispuseram sobre a aplicação dos recursos de que trata o caput.

3.12. ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO VIGENTE

Art. 96.  A Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004, passa a vigorar com as seguintes alterações:

  • “Art. 17. O Conselho Monetário Nacional poderá estabelecer o prazo mínimo e outras condições para emissão e resgate de LCI, observado o disposto no art. 13 desta Lei, podendo inclusive diferenciar tais condições de acordo com o tipo de indexador adotado contratualmente.” (NR)

Art. 97. A Lei nº 11.076, de 30 de dezembro de 2004, passa a vigorar com as seguintes alterações

  • “Art. 49. Cabe ao Conselho Monetário Nacional regulamentar as disposições desta Lei referentes ao CDA, ao WA, ao CDCA, à LCA e ao CRA, podendo inclusive estabelecer prazos mínimos e outras condições para emissão e resgate e diferenciar tais condições de acordo com o tipo de indexador adotado contratualmente.” (NR)

Art. 98. A Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997, passa a vigorar com as seguintes alterações:

  • “Art. 41. O Conselho Monetário Nacional poderá regulamentar o disposto nesta Lei, inclusive estabelecer prazos mínimos e outras condições para emissão e resgate de CRI e diferenciar tais condições de acordo com o tipo de crédito imobiliário vinculado à emissão e com o indexador adotado contratualmente.” (NR)


(...)

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