CONTABILIDADE CRIATIVA - CONTABILIDADE FRAUDULENTA
FRAUDES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS DAS MULTINACIONAIS
FALSIFICAÇÃO MATERIAL E IDEOLÓGICA DA ESCRITURAÇÃO
US$ 11 trilhões perdidos - A DERROCADA FINANCEIRA NORTE-AMERICANA
Texto escrito em julho de 2002 Revisado em 12/04/2025)
Autorregulação dos Mercados, Paraísos Fiscais, Fraudes Contábeis, Financeiras e Operacionais, Crimes Contra Investidores, Especulação nas Bolsas de Valores (Bolha Especulativa), Ocultação de Bens, Direitos e Valores - Lavagem de Dinheiro, Sonegação Fiscal, Evasão Cambial e de Divisas. Fraudes nas Empresas Norte-Americanas.
Por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa - http://antonioluizcosta.sites.uol.com.br/ [segundo o UOL, em 04/04/2025 - essa página foi para o espaço]. Entretanto, com a nova eleição de TRUMP nos STATES, o descrito nesta página continua tão atual como antes. Segundo Lavoisier: "na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". Esta é a versão do texto original editado (em 11/04/2025) por Américo G Parada Fº - Coordenador deste Cosif-e, especialmente com frases e complementos em negrito.
1. INTRODUÇÃO
De nada adianta procurarmos como foram perdidos esses US$ 11 Trilhões.
Eles desapareceram nos buracos negros das análises enviesadas de Balanços Patrimoniais. Essas fraudes contábeis foram praticadas pelas multinacionais (escondidas em paraísos fiscais). Por quê?
Porque executivos (megalomaníacos), ansiosos em ganhar cada vez mais (nos mercados especulativos das) Bolsas de Valores, começaram a descobrir as virtudes da Contabilidade Criativa (Contabilidade Fraudulenta).
2. As Multinacionais e as Fraudes Financeiras Internacionais:
3. FRAUDES CONTRA INVESTIDORES MEDIANTE A CONTABILIDADE CRIATIVA
Nos últimos 26 meses (até julho de 2002 - quando foi sancionado o SOX - Sarbanes-Oxley Act para combater as fraudes contábeis das grandes empresas norte-americanas), o mercado financeiro global perdeu pelo menos US$ 11,5 trilhões. Isso era mais que toda a produção dos Estados Unidos no ano de 2001, mais que 36% do produto mundial bruto.
Imagine essa quantia dividida entre os 3 bilhões de homens, mulheres e crianças que sobreviviam com menos de dois dólares por dia. Seriam US$ 3.800 para cada um. O suficiente para dobrar o padrão de consumo por sete anos.
A dinheirama seria suficiente para pagar, em 2002, toda a dívida externa dos países periféricos. Estes eram tidos como subdesenvolvidos ("em desenvolvimento"), os quais são ricos em matérias primas que os países desenvolvidos são extremamente pobres. Com toda essa dinheirama perdida nas Bolsas de Valores ainda seria possível destinar US$ 9 trilhões em investimentos para os países tidos como subdesenvolvidos, distribuídos proporcionalmente às suas respectivas populações.
O Brasil, por exemplo, teria a sua dívida zerada e ainda receberia mais US$ 310 bilhões = 2,5 vezes do que de fato recebeu, na forma de investimento direto externo, de 1997 a 2001. A Índia teria direito a US$ 1,9 trilhão que, aplicados, poderiam triplicar sua renda per capita eternamente.
4. OS MAIORES PREJUDICADOS SÃO SEMPRE OS PEQUENOS INVESTIDORES
O mesmo aconteceu em 2025. TRUMP e MUSK (dois loucos que se apossaram do governo ianque, eleitos por megalomaníacos como eles) resolveram brincar de Imperadores do Mundo (Governo Central). Assim, provocaram elevadas conturbações no Cassino Global (Bolsas de Valores). Musk foi que mais perdeu em valor de mercado, segundo os especuladores. Os especuladores a agem como os jogadores numa mesa de Pôquer entre amigos. Os blefes elevam-se à total insanidade, a ponto de jogadores perderem toda a sua fortuna. Assim, são as Bolsas de Valores.
5. QUE RISCO TEM INVESTIR NUM PAÍS QUE SUSTENTA A EUROPA HÁ MAIS DE 500 ANOS
Devido aos crimes cometidos contra os investidores pelos Executivos (CEOs) das grandes empresas norte-americanas, principalmente nas décadas perdidas de 1980 e 1990, prolongando-se por este Século 21, muitos dos investidores que não querem ser roubados, passaram a investir em títulos públicos.
Entretanto, de nada adianta investir em Carteiras de Títulos e Valores Mobiliários, porque muitos dos Administradores de Ativos (Assets Managements) também foram ludibriados, ou seja, perderam o dinheiro de seus clientes (investidores) em apostas realizadas nas Bolsas de Valores e de Mercadorias e Futuros.
Apesar do Brasil não ter uma dívida tão grande como a dos STATES, que tem deixado TRUMP imensamente desnorteado, o nosso país (Brasil) comprovadamente tem uma falsa dívida externa oriunda
6. A FATÍDICA BOLHA ESPECULATIVA NAS BOLSA DE VALORES = CASSINOS GLOBAIS
Em março de 2000, as empresas com ações negociadas nas bolsas de valores em todo o mundo valiam US$ 38,1 trilhões no mercado. Em julho de 2002 valiam meros US$ 26,6 trilhões, menos do que em 1998. Não é tudo. Empresas de capital fechado e títulos de países emergentes também perderam valor, num montante mais difícil de estimar. Muitos desses citados valores eram virtuais = valorização especulativa.
O mesmo processo de perdas impingidas aos pequenos e médios investidores aconteceu em 2008.
7. DEFINIÇÕES
O valor de mercado de uma empresa é a multiplicação do número total de suas ações pela sua cotação corrente, que às vezes resulta da negociação de uma parcela ínfima do seu capital. Não significa dinheiro realmente investido na empresa, nem uma avaliação realista do seu patrimônio ou do seu potencial.
Mesmo assim, o sumiço daqueles valores virtuais sempre têm conseqüências negativas para a economia real. Era uma riqueza que os investidores do mundo julgavam possuir, podendo convertê-la em patrimônios reais = Bens, direitos e valores mobiliários e dinheiro (em moedas diversas), geralmente aceitos pelas instituições bancárias como garantia de transações financeiras.
8. AS CRENÇAS DOS RICOS INVESTIDORES ILUDIDOS PELOS AGENTES DO MERCADO
A alta especulativa dos papéis (títulos e ações) negociados nas Bolsas de Valores enganou os investidores. Seus proprietários passaram a acreditar que estavam enriquecendo muito rapidamente sem que precisassem poupar um centavo sequer.
Eles acreditavam ter dinheiro sobrando para consumir produtos supérfluos (falsas riquezas geradoras de altas despesas com suas respectivas manutenções). Na ânsia de mais lucros, passaram a fazer investimentos arriscados, inclusive em títulos de países periféricos (desacreditados), os quais eram tidos como de alto risco para investimentos. Pura balela.
Aqueles países, desde o final da Idade Média, sempre foram os fornecedores das matérias primas que os países tidos como ricos e desenvolvidos mais precisavam para sobreviver, pois, não as tinham em seus territórios.
09. FRAUDES MEGALOMANIACAMENTE VALIOSAS
Os agentes econômicos de muitos países acreditavam que podiam contar com esses capitais especulativos e também com a regularidade desse farto fluxos de aplicações financeiras. Então, passaram reformar - ou a deformar - as suas políticas econômicas e monetárias de acordo com essa expectativa do dinheiro farto e fácil que podia ser obtido por meio das Bolsas de Valores.
Tal como foi feito no Brasil, durante o Governo FHC, abriram seus mercados, privatizaram empresas estratégicas e se adequaram aos mandamentos neoliberais de Wall Street, que foi implantado por Ronald Reagan nos STATES na década de 1980. Com isso, os agentes desse mercado especulativo queriam atrair "algumas migalhas" desses fabulosos recursos financeiros.
Naquela época, em março de 2000, o valor negociado na Nasdaq foi equivalente à soma da dívida externa dos países periféricos, que se tornaram vítimas da megalomaníaca especulação financeira, que é tida como fraude (crime) contra investidores pela nossa Lei 7.913/1989.
10. AS CONSTANTES FRUSTRAÇÕES DOS PAÍSES FORNECEDORES DE MATÉRIAS PRIMAS
Esses países periféricos já haviam sofrido um bocado de frustrações. Entre elas estavam a crise mexicana no final de 1994, depois a crise asiática em 1997 e as crises da Rússia e do Brasil em 1999. Enquanto o mercado global estava em alta, restava a esperança de que essas perturbações eram momentâneas.
Por isso, os nossos especuladores acreditavam que aquele dinheiro virtual voltaria a fluir assim que os gestores das Políticas Monetária daqueles países fizessem alguns ajustes e os analistas econômicos dos grandes bancos de investimento ficassem menos preocupados com uma crise como a de 1929.
11. COMBATENDO AS FRAUDES FINANCEIRAS DOS BARÕES LADRÕES
A partir do Sarbanes-Oxley Act de 2002 tudo estava bem mais difícil. Além de terem 30% menos capital que há dois anos (pedidos para a especulação nas Bolsas de Valores), os investidores globais ficaram ressabiados com todos os tipos de riscos, escondidos pela CONTABILIDADE CRIATIVA OU FRAUDULENTA, que se tornaram conhecidos.
Primeiro, estrelas das mais brilhantes da “nova economia”, entusiasticamente recomendadas pelos mais prestigiados analistas do mercado, desapareceram quase sem deixar rastro. Sumiram silenciosamente porque "ladrão não faz barulho".
Depois, foi a vez das jóias da coroa do império norte-americano, as mais modernas, poderosas e admiradas das transnacionais, mostrarem que não passavam de pedaços de vidro colorido, porque eram empresas fantasmas (sonegadoras de tributos), furtivamente sediadas em caixas postais em paraísos fiscais (as ilhas do inconfessável).
Por tal motivo, depois de Ronald Reagan, os STATES que eram credores do mundo, passaram a ser devedores, o que acontece até os dias de hoje, deixando TRUMP completamente pedido com um cego no meio dum tiroteio.
12. OS ESCÂNDALOS QUE DESMORALIZARAM OS EXECUTIVOS (CEO) NORTE-AMERICANOS
Numa sucessão de escândalos que pareciam longe de terminar, Enron, WorldCom, Xerox, Merck, Qwest e Bristol-Myers Squibb foram apanhadas forjando resultados, que no início deste século 21 que já somavam a cifra de US$ 51,7 bilhões - algo como o PIB do Peru . Assim, as empresas ianques e seus executivos perderam a confiança dos investidores.
A Contabilidade Criativa (Fraudulenta) imperava em muitas empresas de capital aberto. Em razão dos acréscimos patrimoniais fraudulentos, não percebidas pelos famosos auditores independentes (depois tidos como coniventes), as falsas Demonstrações Contábeis (somadas) passaram a apresentar Patrimônio Líquido de US$ 625 bilhões - mais que o PIB do Brasil. Foi em razão dessas insanas fraudes que inventaram a tal Governança Corporativa.
13. DESDE 1929, MAIS UMA VEZ FICOU DEMONSTRADA A DESONESTIDADE DOS IANQUES
Sabendo-se no mundo todo que os empresários norte-americanos são totalmente desonestos, inclusive com esses fatos demonstrados em filmes, quem teria coragem de investir em títulos e ações negociados nas Bolsas de Valores?
Esses insanos atos dos ianques também repercutiram nos demais países, principalmente naqueles tidos como subdesenvolvidos. Afinal, quem iria investir em países nos quais os investidores norte-americanos - quando tinham alguma noção de sua existência - sempre consideraram frágeis, ineficientes e corruptos?
Se os fatos não fossem largamente divulgados, até os dias de hoje o mundo todo confiaria nos STATES. Mas, ficou comprovado que as instituições norte-americanas definitivamente não são confiáveis, principalmente sob o governo de TRUMP.
Agora não há mais a possibilidade de retomada de uma vida empresarial normal, conforme nos têm demonstrando TRUMP. O mercado global não mais acredita nos STATES. Décadas vão passar para que se volte a acreditar nos empresários IANQUES.
Muitos países periféricos não podem esperar tanto tempo. Portanto, os BRICS+ estão atraindo países do mundo inteiro para a criação de um NOVO FMI no âmbito dos BRICS+.
14. OUTROS PAÍSES EM QUE IMPERA A EXTREMA DIREITA ANARQUISTA INSTITUCIONAL
Pouco tempo de "maré vazante", com os investidores fugindo dos mercados financeiros e de capitais, foi suficiente para quebrar o país mais dependente de capital estrangeiro, a Argentina. E isto vem se prolongando até 2025.
Na Europa, as crises foram intensas. Muitos são os países quebrados. Surgiram os PIGS = Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha (Spain). Depois sugiram muitos outros. Na década de 2020, até Inglaterra, Alemanha e França vêm enfrentando problemas de governabilidade.
A Turquia entrou a sigla STUPID, porque estava à beira do abismo, apesar de considerada estrategicamente vital para os STATES.
O Brasil, graças aos absolutistas dirigentes do BACEN e aos tendenciosos membros do COPOM, não está livre do alto risco de extremo endividamento, porque o Orçamento Nacional pode ser livremente manipulado pelos agentes do Mercado, independentemente do governo central ser de esquerda, centro ou direita.
Uma das conseqüências mais temidas do estouro da bolha especulativa, porém, ainda não deu as caras. Durante os anos de exuberância das bolsas de valores, parte do crescimento do consumo nos EUA foi atribuído ao “efeito riqueza”. Mesmo sem ter poupado ou conseguido um acréscimo substancial em seus salários, os consumidores da classe média-alta sentiam-se mais ricos graças à rápida valorização de suas carteiras de ações.
Estimou-se que cada dólar “ganho” dessa maneira gerava 3 a 5 cents de consumo. Parece pouco, mas para os EUA seriam mais de US$ 100 bilhões por ano de 1995 a 1999, cerca de 80% do déficit em conta corrente do país.
Seria de se esperar, por simetria, que a queda das bolsas tivesse causado um “efeito pobreza”: uma queda do consumo na mesma proporção, resultando num encolhimento de 15% a 20% das importações e num sério golpe para o comércio mundial.
Os norte-americanos, porém, continuaram gastando desbragadamente, tanto em bens de consumo quanto em imóveis. O motivo pelo qual o consumo ainda não caiu é um enigma até para os economistas mais respeitados. [Veja A Derrocada Financeira Norte-Americana]
Paul Samuelson, por exemplo, em entrevista a Carta Capital (Prudência de Mestre, n° 191), contentou-se com dizer que “é preciso aceitar fatos mesmo quando não se pode explicá-los”.
A resposta, talvez, esteja num fenômeno mais freqüentemente visto em países sujeitos a crises de hiperinflação, congelamentos de contas bancárias, expurgos de correção monetária e pacotes mirabolantes: o consumidor inseguro quanto ao futuro de suas poupanças trata de gastá-las em bens de consumo e imóveis antes que elas evaporem.
O fluxo de investimento estrangeiro direto que financiava a produção dos EUA passou a financiar o consumo. Para os norte-americanos vale a pena: a dívida externa dos EUA é quase igual à dívida combinada de todos os países periféricos.
Mas, enquanto os periféricos pagam mais de US$ 300 bilhões anuais para rolar sua dívida de US$ 2,5 trilhões, os EUA gastam apenas US$ 20 bilhões com a sua, de US$ 2,2 trilhões.
Ou seja, a taxa de juros imposta aos países periféricos é muito mais alta, verdadeira ROUBALHEIRA.
Esses países periféricos geralmente têm lastro para o pagamento de suas respectivas dívidas. Eles são os produtores das matérias-primas que os EUA - USA - EEU mais precisam. Por sua vez, os norte-americanos não têm como pagar sua dívida com produtos exportáveis. TRUMP quer a re-industrialização. Os STATES estão vivendo da emissão do DÓLAR (Títulos da Dívida Externa) e da exploração de Marcas e Patentes (Franquias) recebendo royalties.
Poderíamos considerar, ainda, que grande parte dos credores dos países periféricos são sonegadores de tributos locais que internacionalizaram seu capital mediante a LAVAGEM DE DINHEIRO SUJO (Caixa Dois), que foi transformado num falso Capital Estrangeiro, investido em TÍTULOS PÚBLICOS.
Com a Internacionalização de Bens, Direitos e Valores (BLINDAGEM FISCAL E PATRIMONIAL), esses mesmos sonegadores de tributos estão livres de Aresto pelo Poder Judiciário, porque os paraísos fiscais não têm relações diplomáticas com outros países, mesmo por quê, as empresas lá constituídas são não-residentes (offshores), portanto, empresas fantasmas.
16. AGREGAR VALOR, DESAGREGANDO EMPREGADOS
Como, afinal, os citados trilhões apareceram e sumiram?
Simples especulação. Essa é a verdade na prática. O corresponde valor é virtual, especulativo, de fato não existe.
Porém, as Ciências Econômicas têm várias fórmulas estatísticas (hoje em dia colocadas num computador), que vai estabelece quais seriam as probabilidades da ocorrência de eventuais riscos de crédito, de mercado, de políticas econômicas e monetárias, etc.., tudo isto calculado sobre valores que efetivamente não existem.
As ações, como todos os papéis financeiros, são avaliadas de acordo com o lucro que a empresa pode ter, aumentando o seu Patrimônio Líquido (contábil). Mas, os economistas sempre apresentam um matemático RISCO calculados mediante fórmulas teoricamente engendradas pela Teoria Econômica. Assim, calcula-se um desconto proporcional ao risco (teórico) de que esse lucro não se concretize.
Ao contrário dos títulos de renda fixa, o lucro proporcionado pelas ações não é constante.
Por um lado, isso é um fator de risco: o resultado pode ser menor do que o esperado, ou mesmo negativo.
Por outro, é uma oportunidade: esses papéis representam fatias de empresas que na média devem crescer proporcionalmente à economia do país. Algumas delas, mais ainda.
Da década de 50 à de 80, o crescimento do lucro das empresas nos EUA, como em qualquer parte do mundo, acompanhou o crescimento do PIB, uma vez que a divisão da produção entre capital e trabalho também manteve certa estabilidade. Dada a maneira do mercado avaliar os riscos, em média as ações valiam cerca de 16 vezes o lucro esperado para o próximo ano.
De 1993 a 1997, o crescimento médio do lucro empresarial foi de 13% ao ano - muito superior ao crescimento do PIB - e a volatilidade do mercado foi excepcionalmente baixa. Obviamente, a participação dos lucros líquidos das empresas negociadas em bolsa na produção nacional aumentou, de cerca de 7% para 10%.
As razões para isso estiveram provavelmente relacionadas ao aparente desaparecimento da ameaça do comunismo, que antes moderava a tendência das empresas a promover concorrência desleal, aprofundar a concentração de renda e explorar a força de trabalho ao máximo.
Desregulamentação [auto-regulamentação] e reengenharia eram as palavras de ordem. Aumentaram as horas trabalhadas e aumentou a produtividade, mas não os salários reais. O número dos empregados nos grandes negócios caiu, enquanto pequenos negócios desapareceram ou eram absorvidos, facilitando o crescimento das empresas negociadas em bolsa.
A extrapolação ingênua desse crescimento para o médio prazo permitiu que essas ações chegassem a valer 30 vezes seu lucro previsto, ou mais, proporcionando enorme lucro a seus donos.
Passou-se a considerar que o primeiro e único mandamento ético dos executivos era o de “agregar valor” à empresa - isto é, à avaliação da empresa pelo mercado.
Gratificações cada vez mais polpudas lhes foram oferecidas. Não mais proporcionais ao lucro, mas à cotação que suas empresas atingissem na bolsa. Fossem quais fossem os meios, incluindo fusões espetaculares, demissões em massa e espetáculos de relações públicas.
O principal meio para isso foi dar-lhes opções de compra de sua própria empresa. Trocado em miúdos, isso significa a possibilidade de comprar ações a um preço pré-estabelecido, dentro de um certo prazo. Se o executivo conseguisse fazer as ações subirem acima desse preço, podia comprá-las da própria empresa e revendê-las imediatamente, com gordos lucros.
O curioso é que essa prática viola um dos princípios mais sagrados do capitalismo: o de que não existe almoço grátis. O executivo ganha uma fortuna, sem que aparentemente ninguém tenha perdido nada.
Na verdade, não é bem assim: a empresa tem um custo de oportunidade, pois poderia ter vendido suas ações no mercado por um valor maior. Entretanto, todas as tentativas de obrigar as empresas a contabilizar essa despesa fracassaram.
Devia ter sido óbvio que essa tendência tinha limites. A partir de 1997, a redução do desemprego pelo crescimento econômico começou a frear a concentração da riqueza nacional nas mãos das grandes empresas.
17. SALÁRIO DE BILHÃO + MORDOMIAS = CONSUMIDOR PAGA A CONTA = INFLAÇÃO
Wall Street não se deu por achada. A resposta foi a elaboração da ideologia da “nova economia”: a evolução da tecnologia e a mudança da mentalidade do “público” em relação ao lucro empresarial seria suficiente para garantir que as cotações das ações continuassem a crescer em ritmo acelerado no longo prazo. Títulos como Dow 36.000, Dow 40.000 e Dow 100.000 tornaram-se best-sellers.
A moda da Internet permitiu que empresas que nada mais tinham que uma idéia e um nome, ambos duvidosos, fossem rapidamente avaliadas em bilhões de dólares. Analistas como Henry Blodget, depois de acertar um chute ousado no curto prazo, tornavam-se autoridades com o poder de avalizar o lançamento de ações de qualquer empresa a praticamente qualquer preço, sem precisar dar explicações.
Só anos depois se viu como a única base técnica dessas recomendações era o desejo dos bancos de investimento de fazer lucros com o lançamento desses papéis no mercado.
Enquanto isso, executivos ansiosos por ganhar cada vez mais com opções, começaram a descobrir as virtudes da contabilidade criativa. Por que esperar pelas receitas reais, quando meras projeções estavam sendo tão bem aceitas pelo mercado? Por que não tratar algumas despesas como investimentos? Por que registrar dívidas, se a desregulamentação permitia escondê-las em alguma obscura subsidiária nas ilhas Cayman?
Exercer opções de compra (Apostas no Mercado de Opções das Bolsas de Valores) resultou nas maiores remunerações jamais pagas na história da humanidade.
Timothy Koogle, executivo-chefe da Yahoo!, embolsou num único ano, 1999, um total de US$ 1,72 bilhão - um salário 8.600 vezes maior que o do presidente Clinton e equivalente ao de 1,8 milhão de trabalhadores brasileiros remunerados com salário mínimo. Sua empresa chegou a valer mais de US$ 100 bilhões, hoje (18/7/2002) reduzidos a US$ 8,5 bilhões.
Steve Case, seu colega da AOL, ganhou US$ 1,1 bilhão, um pouco mais merecidos: aproveitou a alta para comprar a Time Warner, ancorando a riqueza virtual num ativo algo mais palpável. Mesmo assim, os US$ 350 bilhões que as duas empresas valiam às vésperas da fusão se reduziram a US$ 58 bilhões.
Em 1999, mais de 4% dos US$ 280 bilhões em subscrições através da Nasdaq e da bolsa de Nova York foram diretamente para os bolsos de presidentes das 200 maiores empresas (sem contar outros executivos). Sua remuneração mediana foi de US$ 46 milhões na “nova economia” e US$ 13 milhões na “velha”.
Ironicamente, quando começou a ficar cada vez mais evidente que o comportamento do mercado pouco tinha a ver com a economia real, houve quem exigisse que os ministérios alterassem os métodos pelos quais elaboravam as contas nacionais. Não era possível que os números do PIB e da produtividade continuassem tão medíocres quando empresas e analistas mostravam resultados tão maravilhosos. Pressionados, os burocratas acabaram de fato retocando sua metodologia para sacar números mais otimistas.
18. E O PASSIVO?
Não se sabe até que ponto os números macroeconômicos foram inflados, mas a distorção na contabilidade das empresas começou a vir à luz (na década de 1980), assim como a deturpação da lógica dos analistas do mercado, dos contadores e dos auditores em busca de acomodar suas conclusões à expectativa de crescimento que as empresas precisavam mostrar para o público.
Era a Manipulação de Resultados como forma de enganar investidores incautos. Enganava também os Administradores de Carteiras de Ativos e de Fundos de Investimentos (Veja o texto sobre as Fraudes e Crimes Contra Investidores - Lei 7.913/1989.
Na Contabilidade Criativa DESPESAS podem ser lançadas como Contas a Receber, assim escondendo Prejuízos. De outro lado, para diminuição do Imposto de Renda a Pagar, RECEITAS podem ser contabilizadas como Contas a Pagar, reduzindo Lucros.
Como os economistas detestam as Ciências Contábeis e a Contabilidade de Custos, preferindo somente as estimativas, obviamente os Executivos (CEOs, bem mais espertos) facilmente também enriqueceram contadores e auditores (não todos, só os desonestos), porque seria muito difícil de os economistas (bitolados) desconfiarem de algo. Durante as décadas de 1980 e 1990 os economistas foram enganados e provavelmente ainda foram nestes primeiros 25 anos deste novo século.
Neste Século 21 ocorreu a crise de 2008 causada pelo LEHMAN BROTHERS quando estou a Bolha Inflacionária causada pela Especulação Imobiliária que resultou nos "SUBPRIMES".
Grande parte dessa distorção ocorreu na era Clinton. Entretanto, o governo Bush não fez nada para corrigi-la. Pelo contrário, criticou seu predecessor por sobrecarregar as empresas de exigências e regulamentar excessivamente o mercado e anunciou uma mais cordata SEC (o equivalente norte-americano da CVM, criada em 1976; desde 1964 a função era do BACEN). Para mostrar que era isso mesmo que queria dizer, nomeou para o órgão fiscalizador um homem da Arthur Andersen.
O resto é a história que se desdobra sob nossos olhos. As novas subscrições que supostamente justificam a existência das bolsas de valores caíram ainda mais que as cotações das ações: de US$ 356 bilhões em 2000 para US$ 110 bilhões em 2001, uma queda de 70%.
Em 2001, apenas 8% do investimento empresarial total pôde ser financiado pelas bolsas, contra 27% em 2000. Vai piorar: no primeiro trimestre deste ano, a captação de capital de risco para setores de alta tecnologia foi 62% inferior à do mesmo período do ano passado.
Num artigo publicado na segunda 8, o economista Craig Thomas, em sua coluna no portal Economy.com, argumentou que não há razão para procurar culpados: os analistas eram sinceros em sua tentativa de adivinhar o futuro e afinal, por alguns anos, muitos norte-americanos puderam ter empregos, realizar seus sonhos e viver melhor do que teriam feito se a bolha não tivesse existido.
Assim como a Enron, esqueceu-se de contabilizar o passivo: o custo das distorções no planejamento e nos regulamentos econômicos, que resultaram dessas avaliações brutalmente erradas da realidade, para bilhões e bilhões de pessoas que vivem entre Buenos Aires e Jacarta.