Ano XXV - 19 de abril de 2024

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RESERVAS MONETÁRIAS


BALANÇO DE PAGAMENTOS

RESERVAS MONETÁRIAS (DIVÍSAS)

São Paulo, 22/02/2012 (Revisada em 20-02-2024)

Referências: Acumulação de Reservas Monetários, Superávit e Déficit Externo, Investimentos Externos e Dívida Externa, Evasão Cambial e de Divisas, Lavagem de Dinheiro, Fragilidade do Dólar como Padrão Monetário, Dólar Furado, Gastos Públicos Norte-americanos com as Guerras Imperialistas, Derrocada Financeira Norte-americana, Os Países e Suas Reservas Estratégicas, Produtos de Exportação e Importação, Minérios, Agronegócio, Agropecuária, Agricultura e Pecuária.

1. O FMI E O SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL

As Reservas Monetárias dos países filiados ao FMI - Fundo Monetário Internacional estão lastreadas em ouro, moedas estrangeiras, créditos recíprocos e títulos da dívida externa de outros países.

Ainda por conta do Sistema Monetário Internacional, gerenciado pelo FMI, o dólar norte-americano foi eleito como moeda padrão nas transações internacionais. Para isto, a moeda padrão (dólar) devia estar lastreada em ouro.

A partir da década de 1970, com a extinção do chamado de Padrão-Ouro, a emissão dos dólares deixou de ser lastreada em ouro e reservas monetárias. Por isso, diz-se que se trata de moeda em lastro. Embora sem garantia de ressarcimento, o dólar precisa ser mantido com valor ou poder aquisitivo. Se perder seu valor, todos aqueles decepcionados com as Bolsas de Valores perderão sua riqueza aplicada em dólares, razão pela qual o ouro teve grande valorização a partir da década de 1970.

Veja no texto Aspectos Financeiros e Econômicos - Relacionados ao Comércio Exterior as demais entidades brasileiras e estrangeiras envolvidas no sistema monetário internacional.

2. A DERROCADA FINANCEIRA NORTE-AMERICANA

Toda essa reviravolta aconteceu em razão de um grave problema enfrentado pela economia norte-americana, assim enfraquecendo o dólar como padrão monetário.

Devido aos excessivos Gastos Públicos com as Guerras Imperialistas (trilhões de dólar), a emissão de dólares norte-americanos passou a superar a quantidade de ouro armazenada. Por isso, o dólar deixou de ter lastro em ouro.

O simples reconhecimento pelos Estados Unidos de que a sua moeda, o dólar, não tinha lastro aconteceu a partir de 1970, como já foi mencionado acima, quando foi extinta a equivalência entre a quantidade de ouro armazenada e o valor do papel moeda emitido. Naquela época em que vigorava o padrão-ouro, cada dólar valia aproximadamente um grama de ouro.

Assim sendo, em 06/08/2017 cada dólar valeria por volta de R$ 127,00, mas naquele mesmo dia o dólar valia apenas R$ 3,13 aproximadamente. Dessa forma fica patente a desvalorização do dólar em relação ao preço de um grama de ouro.

3. CRISE MUNDIAL DE 2008 E OUTROS PROBLEMAS ECONÔMICOS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS

Além do já explicado, outras informações estão nos textos indicados no final da página índice sobre Balanço de Pagamentos. Naqueles textos também discorre-se sobre a ideia dos consultores econômico de estabelecerem um novo tipo de lastro para as moedas de todos os países, que se basearia em mercadorias ("commodities"). Como esse novo padrão monetário prejudicaria os Estados Unidos e os Países da Europa, os maiores consumidores de commodities, a ideia não foi aceita. Por quê?

Porque tais produtos são produzidos pelos países do chamado de Terceiro Mundo (o colonizado), os quais são os principais fornecedores para os países industrializados do Primeiro Mundo (o desenvolvido). Esse novo tipo de lastro para as moedas fortaleceria os países colonizados e depois neocolonizados (colonizados indiretamente, colonizados economicamente, governados por ditadores). Em síntese, os maiores prejudicados com esse novo tipo de lastro para as moedas seriam os países chamados de desenvolvidos.

Em razão da escassez de matérias-primas em seus respectivos territórios e principalmente devido aos exorbitantes gastos com a "guerra mundial" (na Europa), o neocolonialismo levado a efeito pelos países europeus começou a desmoronar depois da Segunda Guerra Mundial. Por exemplo, a Inglaterra foi a primeira a admitir sua falência. Assim, os Estados Unidos passou a ser o país mais importante porque se ofereceu para vencer a guerra.

Justamente a partir da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiu o neocolonialismo e, para demonstrar seu enorme poderio bélico passou a fomentar novas guerras. Foi assim que ocorreu a Guerra Coreia. Porém, o poderio bélico não foi suficiente visto que não ganhou a guerra. O território coreano foi divido em duas partes: uma sob controle norte-americano e outra sob a proteção dos chineses. O mesmo ocorreu com a Guerra do Vietnam, que voltou a ser um país unificado, depois que os ianques foram expulsos pelos vietcongs (os ratos da floresta).

Os elevados gastos com as guerras e a elevada emissão de dólar sem lastro para financiamento dessas guerras, enfraqueceram a economia norte-americana que usava o dólar como títulos de crédito sem vencimento e o pagamento de juros. Diante do imenso aumento do meio circulante (em dólares) para ser gasto no exterior, muitos países, como o Brasil, passaram a ser vítimas de altos índices de  inflação. A massa de dólares (emitidos sem lastro em ouro) foi tão grande que obrigou aquele país símbolo do capitalismo desgovernado a extinguir o Padrão-Ouro para dólar na década de 1970.

E,  finalmente, o neocolonialismo ficou ainda mais fraco com a fuga das grande empresas europeias e estadunidenses para Paraísos Fiscais. Isto vem acontecendo a partir da década de 1980 depois que Ronald Reagan resolveu diminuir os tributos de lucros obtidos no exterior. Mas, esse ato não bastou, para que fosse aumentada a arrecadação tributárias nos Estados Unidos. As empresas descobriram que, com a simples transferência de suas sede para paraísos fiscais (sedes virtuais = offshore) era suficiente para que pagassem quase nada em território norte-americano. Até nos STATES alguns condados foram transformados em paraísos fiscais.

Assim sendo, atualmente os países do terceiro mundo passaram a ser vítimas do neocolonialismo privado, tendo como titulares as multinacionais ou transnacionais detentoras de marcas e patentes que são vendidas em supermercados no mundo inteiro. Então, as multinacionais passaram a buscar o controle societário de empresas familiares que em diversos países tinham marcas e patentes importantes. Ou seja, aquelas famílias passaram a ser sócias das multinacionais e estas transformaram-se em controladoras das empresas que eram dessas famílias.

Diante dessa fuga das empresas dos países desenvolvidos para paraísos fiscais, os antigos países colonizados foram beneficiados pela globalização dos mercados, ao contrário do que pretendiam os neoliberais. Na verdade estes queriam que os países hegemônicos fossem ainda mais poderosos.

Porém, neste século XXI, o "olho gordo" dos controladores das grandes empresas (os magnatas) provocou a bancarrota dos antigos países hegemônicos, com a consequente ascensão dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul que juntos têm a metade da população mundial, as principais reservas minerais e um enorme potencial para produção de alimentos. Mas, estes não deixaram de ser neocolonizados pelo chamado de capital internacional ou capital estrangeiro de sonegadores de tributos escondidos em paraísos fiscais.

Veja especialmente o texto intitulado A Derrocada Financeira Norte-Americana, que gerou a Crise Mundial iniciada em 2008.

4. "CESTA DE MOEDAS" DE PAÍSES LÍDERES EM RESERVAS MONETÁRIAS

Em razão da fraqueza do dólar acontecida principalmente a partir de 2008, os consultores econômicos resolveram desenvolver uma nova teoria que se fundamentaria na manutenção pelo FMI de uma cesta de moedas fortes em que também estaria a moeda brasileira e as dos demais países com elevadas Reservas Monetárias acumuladas, entre eles, China, Rússia, Japão, os países da Zona do Euro, Índia, Taiwan, Coreia do Sul.

Entre os dez países maiores possuidores de reservas monetárias estão (por ordem decrescente de montante): China (1º), Arábia Saudita (2º), Japão (3º), Suíça (paraíso fiscal) (4º), Taiwan (5º), Rússia (6º), Brasil (7º), Coreia do Sul (8º), Singapura (paraíso fiscal) (9º), Hong Kong (paraíso fiscal) (10º).

Observe que entre os maiores detentores, dos antigos países desenvolvidos, só está o Japão. Os países tidos como desenvolvidos da Europa estão: Alemanha (14º), França (16º), Itália (18º), Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Gales, Irlanda do Norte) (21º), Polônia (22º), Dinamarca (24º), Suécia, (30º), Noruega (32º), (Holanda (35º), Espanha (36º), Romênia (38º), Hungria (40º), República Tcheca (41º), Bélgica (48º), Áustria (50º), Portugal (52º), Bulgária (53º), Croácia (57º), Finlândia (65º), Grécia (73º), Islândia (75º), Eslováquia (81º), Irlanda (82º), Chipre (84º), Luxemburgo (85º), Eslovênia (86º), Malta (88º).

Entre os países de outros continentes, temos: Índia (11º), México (12º), Tailândia (13º), Argélia (15º), Turquia (17º), Estados Unidos (19º), Malásia (20º), Indonésia (23º), Filipinas (25º), Israel (26º), Canadá (27º), Iraque (28º), Irã (29º), Peru (31º), Líbano (33º), África do Sul (37º), Nigéria (39º), Emirados Árabes Unidos (42º), Chile (43º), Colômbia (43º), Argentina (45º), Venezuela (46º), Cazaquistão (47º), Ucrânia (49º), Vietnam (51º), Marrocos (54º), Macau (55º), Nova Zelândia (56º), Egito (58º), Uruguai (59º), Bolívia (60º), Paquistão (61º), Bangladesh (62º), Azerbaijão (63º), Jordânia (64º), Trinidad Tobago (66º), Bielorrússia (67º), Costa Rica (68º), Letônia (69º), Tunísia (70º), Lituânia (71º), Sri Lanka (72º), Camboja (74º), Paraguai (76º), Mianmar (77º), El Salvador (78º), Geórgia (79º), Moldávia (80º), Armênia (83º), Chipre (84º), Laos (87º), Estônia (89º).

5. A FRAGILIDADE DO DÓLAR COMO PADRÃO MONETÁRIO

Sobre esse tema relativo à substituição do padrão dólar por uma cesta de moedas, inicialmente seria interessante a leitura do texto escrito pelos dirigentes do SINAL - Sindicato dos Funcionário do Banco Central do Brasil, intitulado como O Dólar Furado (título de autoria do coordenador do site do COSIFe).

Depois, torna-se importante a leitura do texto denominado A Fragilidade do Dólar Como Padrão Monetário, que indica a leitura de outros textos correlacionados.

6. A ACUMULAÇÃO DE RESERVAS MONETÁRIAS

Segundo o Plano de Contas lançado pelo FMI em que se baseia a estrutura do Balanço de Pagamentos, a acumulação de Reservas Monetárias (que significa Superávit no Balanço de Pagamentos) corresponde ao resultado positivo dos negócios de um país realizados com outras nações nas modalidades de Transações Correntes e de Movimentos de Capitais. O desmembramento desses dois grandes grupos podem ser observados na Estrutura do Balanço de Pagamentos a seguir demonstrada.

Transações Correntes

Entre as Transações Correntes estão:

  1. Balança Comercial - Exportações e Importações
  2. Balança de Serviços - Transportes Internacionais (aéreo, marítimos e terrestres), Viagens internacionais, Serviços Financeiros (juros e outros encargos financeiros), Royalties e Licenças (exploração de marcas e patentes), Aluguel de Equipamentos (Locação e Leasing), Juros da Dívida Pública, Comunicações, Correio Internacional, entre outros
  3. Balança de Rendas - Salários, Renda de Investimentos e Reinvestimentos Diretos (Lucros e Dividendos), entre outros

Conta Capital e Investimentos

Entre as Movimentações de Capital estão:

  1. Transferências de patrimônio de Migrantes
  2. Transferência de Bens Não Financeiro e Não Produzidos (Intangíveis = marcas, patentes e franquias)

Entre as Movimentações de Financeiras estão:

  1. Investimentos Brasileiro no Exterior
  2. Investimentos de Estrangeiros no Brasil

7. COMÉRCIO EXTERIOR - EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

O principal item do Balanço de Pagamentos é a Balança Comercial que se refere à contabilização das exportações e das importações de produtos e mercadorias ("commodities").

O Brasil tem como característica histórica, desde os tempos do Brasil Colônia, a exportação de produtos oriundos do extrativismo mineral (ouro, prata, entre outros minerais), do extrativismo vegetal (madeiras), da produção agrícola exportada "in natura" (café, soja) e da produção agrícola industrializada (açúcar, álcool, frango, carne bovina e suína).

Por volta de 1550 já existiam alguns engenhos para produção de açúcar e álcool obtido da cana-de-açúcar que eram vendidos especialmente para os europeus através de Portugal.

Por volta de 1700 começou o ciclo dos minerais, em razão da revolução industrial ocorrida na Inglaterra. Entretanto, o ouro, a prata, o cobre e o níquel obviamente continuaram como os mais cobiçados por causa da cunhagem de moedas.

O ciclo do café começou por volta de 1800 porque os industriais europeus perceberam que os operários, ao saborearem a bebida,  ficavam mais acesos; o trabalho rendia mais.

Durante a segunda guerra mundial começou a industrialização no Brasil.

O Governo Militar iniciado em 1964 deu mais importância a exportação de minérios. Houve até um Incentivo Fiscal à Exaustão das Reservas Minerais Brasileiras.

Somente no Século XXI o Brasil diversificou e intensificou a sua produção agropecuária para exportação. Atualmente o Brasil já exporta produtos alimentícios semi-industrializados e industrializados. Porém, ainda predomina a exportação de produtos "in natura" (sem qualquer industrialização). Com a exportação "in natura", cria-se empregos no exterior. Com a industrialização no Brasil poderiam ser criados empregos aqui. Porém, nem sempre essa afirmativa é verdadeira porque a mecanização das lavouras, assim como a informática e a robótica nas indústrias, impedem a criação de empregos para a população mais pobre, aquela que vivem nas favelas ou guetos, modernamente chamadas de comunidades.

Sobre a produção e a exportação de minerais, veja o texto denominado Os Países e Suas Reservas Estratégicas, em que se estabelece o relacionamento dos minérios com as necessidades das indústrias dos países desenvolvidos. No mencionado texto também estão endereçamentos para textos sobre as fontes de energia e para esclarecimentos sobre agricultura e pecuária.

8. INFLUÊNCIA DO CÂMBIO NA BALANÇA COMERCIAL

Torna-se importante destacar o que grande parte dos visitantes do Cosife questionam.

Como o câmbio influencia na Balança Comercial?

Nós, brasileiros, já tivemos grandes exemplos práticos dessa influência. As mais recentes aconteceram durante o Governo Lula, que adotou uma política econômica e cambial totalmente diferente da adotada durante o governo FHC. Vejamos.

Considerando-se que as entradas de dólares no Brasil aumentaram significativamente a partir de 2003 em razão da verdadeira explosão de nossas exportações, houve excesso de dólares para venda no nosso mercado cambial. Então, a grande oferta de dólares para venda aliada a bancarrota norte-americana ocorrida em 2008, que diminuiu a credibilidade do dólar como padrão monetário internacional, obviamente ficou valorizada a nossa moeda, o Real entre 2005 e 2010 principalmente. Mas, essa valorização não aconteceu somente em razão da falta de credibilidade no dólar. Aconteceu porque o Brasil, principalmente a partir de 2005, passou a ter grande estoque de Reservas Monetárias que lastreiam a emissão de nossa moeda.

Por isso, o chamado de Risco Brasil diminuiu bastante a partir de 2003. No Risco País, quanto mais alto for o índice, pior é a situação do País. Até o final de 2002, o Brasil tinha o maior índice do mundo. Depois de 2005 o Risco Brasil passou a ser menor que o Risco USA e de outros países desenvolvidos. E continuava sendo o menor até a deposição de Dilma Russeff.

9. A BANCARROTA NORTE-AMERICANA

De outro lado, o fracasso econômico norte-americano fez com que muitos exportadores brasileiros passassem a cotar seus produtos em Reais para que não sofressem perdas com a desvalorização dos dólares. Aliado a esse fato, investidores internacionais passaram a aplicar na produção brasileira ou no financiamento desta.

A derrocada norte-americana aconteceu por causa das tramoias engendradas pelos executivos principalmente das grandes empresas de capital aberto norte-americanas, logicamente com a complacência ou conivência dos profissionais de Wall Street (Nova Iorque) local em que está a Bolsa de Valores e as principais entidades causadoras do descrédito no Mercado de Capitais norte-americano.

Isto afugentou muitos dos investidores de pequeno e médio portes, restando para aquele centro financeiro nova-iorquino apenas a especulação e a jogatina (apostas) em um mercado que se revelou de altíssimo risco (mercado de derivativos), o que influenciou a transformação de todas as Bolsas de Valores do mundo globalizado em verdadeiros cassinos.

Assim surgiu o que se convencionou chamar em Shadow Banking System ou Mercado Bancário Fantasma de Paraísos Fiscais.

10. O EFEITO NEGATIVO DA VALORIZAÇÃO DA NOSSA MOEDA

O grandioso efeito negativo para o Brasil foi a artificial valorização da nossa moeda durante o Governo FHC. Essa política monetária, às avessas, gerou o aumento das nossas importações e a diminuição de nossas exportações, provocando os chamados de défices em conta corrente com consequentes déficits no nosso Balanço de Pagamentos. Essas deficiências oriundas das importações maiores que as exportações obrigaram o Brasil a se endividar junto ao FMI - Fundo Monetário Internacional.

Portanto, o grande mal que nos proporcionou aquele governo terminado em 2002 foi o fato de nossa moeda ser mantida valorizada artificialmente, pois os gestores de nossa política cambial achavam que a desvalorização do Real provocaria novo surto inflacionário. Depois de várias experiências sem sucesso, finalmente em 2002 foi deixada a nossa moeda flutuar ao sabor de mercado, quando o dólar chegou por volta de R$ 3,80.

A partir de 2003 o preço do dólar começou a diminuir naturalmente (isto é, o Real valorizou sem artificialismos). Houve períodos, durante o Governo Lula, em que nossa autoridade monetária foi obrigada a desvalorizar o Real para incentivar (aumentar) nossas exportações, assim desestimulando as importações de supérfluos pelas classes sociais mais ricas. Isto significa que a partir de 2003 a nossa política monetária foi totalmente contrária àquela que vinha sendo realizada durante o Governo FHC.

11. O GRANDE ERRO DOS ASSESSORES DE FHC

Conforme já foi comentado, aqueles gestores da política cambial antes de 2003 só descobriram que estavam totalmente errados no final do Governo FHC quando o Brasil não mais tinha Reservas Monetárias para vender aos especuladores e aos sonegadores de tributos, cujo dinheiro sujo (obtido na ilegalidade) era "lavado" em Paraísos Fiscais.

O problema impingido pelas Fraudes Cambais e pela Evasão de Divisas era tão grande que FHC foi obrigado a sancionar a Lei de Combate à Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/1998), que só começou a ser realmente aplicada a partir de 2003, bem depois de sancionadas as leis complementares 104 e 105 de 2001, que foram chamadas de leis de flexibilização dos sigilos bancário e fiscal.

No período da ocorrência de toda essa desordem administrativa, era presidente do Banco Central o Dr. Armínio Fraga, que não extinguiu o Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes, por onde transitavam as Reservas Monetárias evadidas (Crimes de Evasão de Divisas e de Fraudes Cambiais, combatidos pelos artigos 21 e 22 da Lei 7.492/1986, que naquela época eram considerados como "letra morta", cujos teores não eram cumpridos ou utilizados).

Exatamente em razão dessa falta de Reserva Monetárias, gerada pela enorme Evasão de Divisas provocada pela Lavagem de Dinheiro e porque as exportações eram inferiores às importações, eram gerados enormes défices no nosso Balanço de Pagamentos. Assim, o Brasil acumulou enorme dívida externa que foi quitada durante o Governo Lula a partir de 2005, depois de extinto o Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes por onde transitavam as Reservas Monetárias evadidas.

Observe mais uma vez no explicado acima que a partir de 2003 toda a nossa Política Monetária foi conduzida de forma inversa ao que era feito até 2002.

Por que somente no final de 2002 descobriram que a política cambial de FHC era totalmente errada?

Porque na falta de Reservas Monetárias para manutenção do Real valorizado, aconteceu uma explosiva desvalorização da nossa moeda (um dólar chegou a custar R$ 3,80).

Os opositores de Lula chegaram a festejar essa ocorrência "negativa", pois acreditavam que a desvalorização do Real quebraria o Brasil e provocaria o retorno da galopante inflação outrora existente, o que de fato não aconteceu.

Pelo contrário, Armínio Fraga, que era o presidente do Banco Central no segundo mandato de FHC, deixou a inflação chegar a quase 13% e quando saiu do Governo a deixou num patamar superior a 9%. Porém, segundo ele, evitou que chegasse a 50% no ano de 2002.

Nos primeiros anos do Governo Lula a inflação foi caindo e ficou perto de 3,5% ao ano.

12. A EXPLOSÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS NO GOVERNO LULA

Ao contrário do que os incompetentes assessores de FHC acreditavam que era verdadeiro, em razão dessa desvalorização do Real, dispararam as exportações brasileiras, gerando muitos empregos porque as empresas exportadoras (inativas durante o Governo FHC) reativaram as suas operações.

Ou seja, inversamente ao que acontecia durante o governo FHC, a desvalorização do Real desestimulou as importações que se tornaram caras para os endinheirados brasileiros e estimulou as exportações de produtos brasileiros que se tornaram mais baratos para os estrangeiros. Assim, o elevado índice de desemprego deixado por FHC e Armínio Fraga foi diminuindo sensivelmente.

Então, durante a transição de governo depois das eleições de 2002, o Brasil já apresentava forte vestígios de que a recuperação monetária brasileira seria fácil se fosse mantido um determinado valor para o dólar que equilibrasse as exportações e as importações. Somente os assessores econômico de FHC não conseguiam enxergar essa realidade.

13. O CRESCIMENTO DAS RESERVAS MONETÁRIAS

Porém, durante o Governo Lula aconteceu algo melhor que o simples equilíbrio das exportações com as importações brasileiras.

As exportações em todos os meses passaram a superar as importações, gerando paulatinamente as Reservas Monetárias necessárias e suficientes para o pagamento de nossa dívida externa que era considerada como impagável pelos pessimistas ou incompetentes que outrora governavam o Brasil.

Diante do inédito acúmulo de Reservas Monetárias o tal RISCO BRASIL, que no Governo FHC era o mais alto do mundo,  passou a ser menor que o RISCO USA, que o RISCO JAPÃO e menor ainda que o Risco de todos os países da Europa.

14. A DIMINUIÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E A COMPRA DE DÓLARES

Como a partir de 2008 as exportações diminuíram em razão da Crise Mundial provocada pela falência econômica dos Estados Unidos e dos países da Zona do Euro, com a consequente valorização do Real, tornou-se necessário que durante o Governo Lula fossem comprados dólares para evitar que a moeda dos ianques desvalorizasse mais ainda.

Os dez países maiores possuidores de Reservas Monetárias em dólares, entre eles o Brasil, são obrigados a manter o dólar valorizado. Caso o dólar se desvalorize em relação às moedas dos 10 países maiores detentores da moeda ianque, todos eles teriam exportado vão porque assim perderiam todas as suas Reservas Monetárias.

Talvez esse seja motivo da inversa política econômica adotada no Governo FHC. A política não era para acumular dólares e sim para se livrar deles. Talvez os "economistas de plantão" acreditassem que a máxima perda do valor liberatório do dólar também extinguiria a nossa enorme dívida externa.

De fato naquela época que o Brasil era imensamente devedor, seria melhor que o dólar virasse pó (perdesse totalmente seu valor).

Porém, países como a China e o Japão, entre outros grandes detentores de dólares, não iriam deixar que o dólar desvalorizasse e até os dias de hoje vem atuando da mesma forma.

15. DANDO LIQUIDEZ AOS DÓLARES NORTE-AMERICANOS

Escrevendo de outro modo poderíamos dizer que a desvalorização do dólar, além de diminuir as exportações e aumentar as importações, também acarretaria perda do poder aquisitivo dos dólares contidos nas Reservas Monetárias brasileiras.

A desvalorização do dólar também não interessa aos demais países que têm elevadas Reservas Monetárias lastreadas pela  moeda norte-americana. Assim, a desvalorização do dólar significa a perda do dinheiro obtido com as exportações. Significa exportar sem nada receber.

Se o descrito acontecesse, os nossos empresários ruralistas estariam falidos. Não teriam para quem exportar. Perderiam todos os seus investimentos.

Por tais motivos, os países detentores desses dólares procuram manter a liquidez do dólar norte-americano, tal como fazem os acionistas controladores das empresas de capital aberto que têm suas ações negociadas nas Bolsas de Valores.

Veja informações complementares no texto sobre A Liquidez do Mercado de Ações efetuada pelos acionistas controladores.

16. OS PAÍSES COM RESERVAS EM DÓLARES SÃO ACIONISTAS CONTROLADORES DOS "STATES"

Todo o exposto significa dizer que os países credores dos Estados Unidos podem ser comparados aos acionistas controladores das empresas.

Isto significa dizer que, assim como as ações representam a participação no capital das empresas, os dólares norte-americanos armazenados pelos países credores significam a participação societária de todos os países em uma empresa quase falida chamada Estados Unidos, que importa tudo que consome e quase nada tem para exportar por preços competitivos no mercado internacional.

E, para que essa empresa conhecida pela sigla USA não vá definitivamente a falência, é preciso que os grande investidores em dólares (as 10 maiores nações credores) forcem a liquidez dessas ações, representadas pelos dólares sem lastro.

Por isso, nesta página foi escrito que os dólares, depois da Segunda Guerra Mundial, está sendo emitido como um título de crédito sem data de vencimento e sem taxa de juros a pagar.

Assim, os dólares equiparam-se às ações ordinárias ou preferenciais de uma empresa (USA). Porém, essa empresa (USA) não distribui dividendos porque vem amargando prejuízos (défices no seu Balanço de Pagamentos) desde o término da Segunda Guerra Mundial.

17. OS EXPORTADORES EVITANDO PERDAS COM A DESVALORIZAÇÃO DO DÓLAR

Também para evitar perdas com a desvalorização do dólar, grande parte das empresas exportadoras mundiais deixaram de vender seus produtos em dólares, optando por cotar as vendas em moeda de seu próprio país e pelas trocas bilaterais (acordos de compra e venda entre dois países) como acontecia antes da criação do FMI.

Veja do texto O Mundo Precisa de uma Moeda Forte como a dos BRICS.

18. EVASÃO DE DIVISAS E LAVAGEM DE DINHEIRO DURANTE O GOVERNO FHC

Não querendo admitir o fracasso da gestão cambial brasileira durante o Governo FHC, os opositores ao Governo Lula tentam convencer a opinião pública de que as duas politicas econômica são iguais. Mas, pelo contrário, conforme foi demonstrado acima, as duas gestões cambiais são totalmente diferentes.

Em 2005, por exemplo, o Governo Lula extinguiu o Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes que possibilitava a Evasão de Divisas e a Lavagem de Dinheiro, que foram bastante prejudiciais ao Brasil no Governo FHC e nos anteriores desde 1989.

Veja mais explicações no texto sobre a Evasão de Divisas.

19. EXAUSTÃO DE NOSSAS RESERVAS MONETÁRIAS DURANTE O GOVERNO FHC

Enquanto, durante o Governo FHC eram vendidos os dólares de nossas Reservas Monetária para manter o real valorizado em relação ao dólar, no Governo Lula foram comprados dólares para que a nossa moeda fosse artificialmente desvalorizada, ao contrário do que era feito no governo anterior.

Essa foi uma das razões do aumento de nossas Reservas Monetárias que garantiram o pagamento da nossa Dívida Externa herdada de governos anteriores.

Essa mesma política cambial adotada no Governo Lula pelo Ministro Guido Mantega é adotada no Japão, na China e em outros países credores dos Estados Unidos, conforme foi explicado neste trabalho sobre o Balanço de Pagamentos.

Os endereçamentos para os textos estão na página índice desse trabalho, bastando clicar nos títulos com letras maiúsculas.







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