Ano XXV - 23 de abril de 2024

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GOVERNO DESTRUIU A INDÚSTRIA E TEM QUE RECONSTRUÍ-LA


GOVERNO DESTRUIU A INDÚSTRIA E TEM QUE RECONSTRUÍ-LA

O EMPRESARIADO INCOMPETENTE NÃO SOBREVIVE SEM AS BENESSES GOVERNAMENTAIS

São Paulo, 03/11/2014 (Revisado em 17-03-2024)

  1. O EMPRESARIADO INCOMPETENTE NÃO SOBREVIVE SEM AS BENESSES GOVERNAMENTAIS
  2. GOVERNO DESTRUIU A INDÚSTRIA E TEM QUE RECONSTRUÍ-LA
  3. ÁGUA NO CHOPE ALEMÃO? RECESSÃO MUNDIAL: O PROBLEMA ALEMÃO É IGUAL AO BRASILEIRO
  4. RECEITA FEDERAL ARGENTINA SUSPENDE P&G POR FRAUDE - AS FRAUDES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS DAS MULTINACIONAIS

1. O EMPRESARIADO INCOMPETENTE NÃO SOBREVIVE SEM AS BENESSES GOVERNAMENTAIS

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O grande problema de quem escreve nos tradicionais meios de comunicação é que não pode contrariar a ideologia escravocrata dos seus anunciantes.

Por sua vez, quem concede a entrevista aos agentes da Mídia Oligárquica também deve falar como se estivesse pisando em ovos, não podendo quebrá-los.

Afinal, como alguém precisa pagar para que os meios de comunicação continuem em atividade, obviamente os anunciantes podem impor a sua mesquinha e, muitas vezes, criminosa vontade.

Portanto, torna-se impossível a manutenção da absoluta neutralidade ideológica nessas entidades da tradicional Mídia, que apenas defendem os interesses, muitas vezes escusos, da nossa elite preconceituosa e descriminadora.

Então, levando em conta os megalomaníacos desejos da elite empresarial, a Revista Veja resolveu atacar a presidenta populista na esperança de conseguir os votos necessários à eleição do candidato da elite reacionária, justamente no último dia de campanha antes da votação em segundo turno de 2014. Do mesmo modo agiram muitos outros entes do seleto clã da Mídia Oligárquica, aqui denominados como Mercenários da Mídia.

Assim sendo, o entrevistado não pode dizer tudo aquilo que realmente queria ou deveria dizer e o repórter ou jornalista não pode escrever tudo aquilo que realmente queria ou deveria escrever.

Desse jeito, parece óbvio que há uma natural censura do que vai ser publicado. E os leitores menos atentos, como diria o futebolista Zagalo, "têm que engolir" a chamada de manipulação da opinião pública.

Por isso, o COSIFE incumbe-se de completar o que não foi explicado, muitas vezes porque "o espaço disponibilizado era pequeno" ou porque, "se escrever muito, por preguiça ou falta de tempo, o leitor não lê".

Pelo menos, quando o governante não é aquele que o empresariado desejaria ter, os jornalistas ou repórteres podem pichar à vontade. Porém, quando o governante é aquele preferido da nossa oligarquia, a imprensa nada publica contra ele, por pior que seja.

É o caso dos Estados da Federação governados pelos políticos de extrema-direita, apoiados pelos empresários que só conseguem sobreviver mediante o recebimento de benesses governamentais, principalmente aqueles que praticamente monopolizam as Licitações Públicas.

Entre essas benesses governamentais estão: os empréstimos subsidiados do BNDES e pelos demais bancos estatais, os incentivos fiscais regionais e os concedidos ao empresariado das zonas francas, o impune superfaturamento em licitações que geram propinas milionárias.

Os empresários desonestos são também aqueles que pleiteiam a redução de direitos trabalhistas e previdenciários, a redução de tributos e contribuições sociais, entre outros tributos necessários à melhoria da infraestrutura nacional e à capacitação educacional e profissional dos trabalhadores.

Esses mesmos indivíduos manipuladores da opinião pública são contrários a tudo aquilo que possa ser concedido como benefício ao Povão. Tudo por conta de uma doentia segregação social, bem perto do que se conhece como eterna escravidão dos mais pobres.

Sobre esse polêmico tema, vejamos o que falou o economista, ex-deputado e ex-ministro Delfim Netto, com anotações e comentários feitos pelo coordenador deste COSIFE.

2. GOVERNO DESTRUIU A INDÚSTRIA E TEM QUE RECONSTRUÍ-LA

Para ex-ministro, sem recuperação do setor [industrial], o crescimento econômico e a inclusão social estarão ameaçados

Por ÉRICA FRAGA. Publicado pelo Jornal FOLHA DE SÃO PAULO - Mercado em 03/11/2014, com comentários e anotações por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O governo precisa reconhecer que destruiu o setor industrial e anunciar um conjunto de medidas coerentes para reconstruí-lo.

Essa é a opinião de Antônio Delfim Netto, aos 86 anos de idade, um dos economistas mais respeitados do país, que foi ministro durante a ditadura militar e interlocutor do governo Lula.

Para Delfim, somente a recuperação da indústria poderá levar à retomada do crescimento. Outra medida urgente é arrumar as contas públicas para evitar que o Brasil perca o grau de investimento -- espécie de selo de bom pagador --, o que, segundo ele, seria uma tragédia.

Folha - Qual é a leitura econômica do resultado da eleição?

Delfim Netto:

A presidenta Dilma recebeu um voto de confiança. O que o Brasil quer está na Constituição de 1988: uma sociedade em que haja plena liberdade de iniciativa e exista uma política consciente de aumento da igualdade de oportunidades.

A vida do cidadão tem que ser menos dependente do lugar onde ele nasceu. E o Brasil quer uma sociedade em que aqueles que não tiveram a sorte de ter encontrado seu caminho sejam assistidos e preparados para viver sua vida com dignidade.

A livre iniciativa ou a plena liberdade de iniciativa o empresariado brasileiro já tem, inclusive mediante a privatização das empresas estatais ocorrida na década de 1990. Mas, a liberdade não pode ser total (sem controle estatal) porque os inescrupulosos descambam para o anarquismo político e institucional.

O grande problema brasileiro está na dita política consciente de aumento da igualdade de oportunidades, que a Constituição Federal de 1988 denomina como Justiça Social.

Porém, a elite empresarial brasileira acha que só é possível produzir e enriquecer (mais ainda) mediante a exploração da escravidão, ou seja, a nossa elite quer enriquecer sem justiça social.

Por isso, os inescrupulosos ficam reivindicando uma Reforma Trabalhista e Previdenciária para extinção dos Direitos Sociais dos Trabalhadores, tal como é defendida essa extinção na tese dos economistas escravocratas laureados com o Prêmio Nobel de 2010.

De outro lado, o empresariado pede uma Reforma Tributária de modo que o Brasil também tenha défices orçamentários, tal com os têm os antigos países desenvolvidos que atualmente estão falidos (na bancarrota).

Isto significa que a nossa elite é contrária às benesses concedidas pelo governo aos pobres (como o Bolsa Família), mas é totalmente favorável às benesses fornecidas aos mais ricos empresários e aos demais capitalistas, nesse rol incluídas as chamadas de multinacionais, sediadas em paraísos fiscais. Isto é uma verdadeira Injustiça Social

Toda essa pretensão dos economistas monetaristas (conservadores) e da elite empresarial mundial é totalmente contrária ao dito por Delfim Netto. Tal pretensão neoliberal anarquista, visando o desgoverno e a escravidão dos trabalhadores, tem sido condenada por Paul Kugman, agraciado com o Prêmio Nobel de Economia em 2008, que indiretamente criticou a tese dos laureados em 2010.

Aliás, tal como foi feito pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt depois da Crise de 1929, aos países que enfrentam a bancarrota e a recessão, iniciada com a Crise de 2008, só resta a estatização da economia para reativação das fábricas que foram fechadas em seus respectivos territórios. Esta é a única forma de reativação da economia mundial e de redução das importações vindas de paraísos fiscais industriais ou transitadas em paraísos fiscais cartoriais em que são registradas as empresas fantasmas conhecidas como offshore.

Essa medida estratégica (estatização da economia), adotada por Roosevelt, paulatinamente transformou os Estados Unidos na maior potência mundial justo na eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Terminada guerra, iniciaram-se as privatizações que levaram os STATES à bancarrota na década de 1970, quando foi extinto o padrão ouro para o dólar.

Então, com o intento de reativar a economia ianque, naquela década de 1970 o presidente Ronald Reagan reduziu os tributos das empresas que tivessem lucros no exterior.

Daí surgiram as Multinacionais sediadas em Paraísos Fiscais, o que resultou na fatídica (fatíloqua) Crise Mundial de 2008, tendo como consequência a falência econômica dos Países Desenvolvidos por falta de exportações maiores que as importações (resultando em Défices Externos = Dívida Externa) e por ausência de arrecadação tributária (resultando em Défices Internos = Dívida Interna).

Na verdade, esse tipo de Livre Iniciativa tão almejada e defendida pelos neoliberais anarquistas, está levando a economia mundial cada vez mais para o fundo do poço, tal como já está acontecendo nos países desenvolvidos neste século 21.

Veja explicações complementares em Poços Sem Fundo ou Volta Keynes, Estás Perdoado. Veja também O Capitalismo Bandido dos Barões Ladrões.

Em tempos de recessão não há como pensar em lucros. Logo, o governo deve explorar os setores empresariais desativados mesmo que tal atividade resulte em prejuízos momentâneos. Foi o que tentou fazer o prefeito da falida cidade de Detroit, o qual foi impedido de fazer pelos reacionários capitalistas extremistas (anticomunistas ou antissocialistas).

Folha - E os eleitores de Aécio Neves?

Delfim Netto:

Na minha opinião, um problema sério prejudicou Aécio. Ele foi apoiado por um grande número de pessoas com preconceito gigantesco. Preconceituoso é o sujeito que diz: "Eu me fiz por conta própria, eu trabalhei, eu estudei. Não fui como esses vagabundos". O que é um equívoco monumental.

As pessoas entendem. O sujeito que está hoje recebendo o Bolsa Família ou utilizando o programa Minha Casa Minha Vida ou sendo beneficiado pelo ProUni pensa o seguinte: "Isso é contra mim".

E de fato é o mais puro preconceito (extrema segregação social, racial e regional).

Folha - Qual deveria ser a preocupação número 1 da presidenta?

Delfim Netto:

A preocupação número 1 deve ser o seguinte:

Por que caiu o crescimento econômico brasileiro? Caiu porque murchou a indústria nacional.

Por que murchou a indústria nacional? Porque há 40 anos ninguém olha o setor externo.

Se você não expandir a economia, a inclusão social vai morrer, vai estagnar.

Você tirou da indústria as condições competitivas. A política cambial foi uma tragédia ao longo desse período superior a 40 anos. E continua.

Neste momento, Dilma precisa apresentar um programa coerente de como vai restabelecer a competitividade do setor industrial.

Delfim Neto, pergunta e responde:

Por que murchou a indústria nacional?

Porque há 40 anos ninguém olha o setor externo.

Nesse rol dos que não olham para o setor externo não está exatamente o Governo. Está o empresariado preconceituoso e discriminador que só quer exportar matérias-primas e outros produtos "in natura" para não gerar emprego para os descendentes dos ex-escravos de seus antepassados.

Desse jeito perpetua-se a atividade extrativista iniciada no Brasil Colônia, assim como a segregação social dos menos afortunados, quase todos mestiços (não brancos). Desse modo, nunca haverá Justiça Social.

Observe que Delfim Netto chama a atenção do leitor para o preconceito gigantesco alimentado pelos partidos políticos de extrema-direita, aliás, com amplo conhecimento de causa visto que em um deles já militou.

Por isso, Delfim escreveu:  Se você não expandir a economia, a inclusão social vai morrer, vai estagnar.

É exatamente o que querem os antigos preconceituosos e discriminadores e os descendentes daquela velha oligarquia escravocrata. Estes querem uma política econômica sem benefícios ao Povão. Isto é: Para os Ricos tudo e para o Povo nada. Este é  lema.

Principalmente nas décadas perdidas de 1980 e 1990, as políticas econômicas basearam-se na destruição tudo aquilo que tinha sido edificado durante décadas do populismo getulista, especialmente as empresas estatais.

Em razão da privatização, vários setores industriais importantes foram desativados como as ferrovias e todas as empresas que atuavam no setor ferroviário. Também foi desativada a produção de materiais bélicos para não dar poder aos militares, assim como, foi desativado o que se relacionasse ao militarismo, mas que respondia por parte das nossas exportações. O mesmo aconteceu com a indústria naval (marinha de guerra) e marinha mercante. Até as plataformas de exploração de petróleo passaram a ser feitas no exterior, com tecnologia brasileira.

Desse modo, eram gerados empregos no exterior justamente para que não fossem gerados empregos para os nossos favelados, que se tornaram criminosos em razão desse desprezo fomentado pelos segregacionistas.

De outro lado, na década de 1990 a supervalorização do REAL provocou o fechamento das indústrias exportadoras, que foram automaticamente reativadas a partir de 2003 em razão da grande maxidesvalorização do REAL em 1999 e principalmente em razão da desvalorização do REAL em 2002, fatos ocorridos durante o Governo FHC.

Agora, a competitividade do setor industrial só será possível mediante a redução dos custos e dos lucros, desde que continue gerando a estabelecida Justiça Social.

Mas, como a nossa elite empresarial e as multinacionais não querem a redução de seus lucros, só resta ao governo a estatização dos setores produtivos menos lucrativos. Esta também é a única forma de tirar os países desenvolvidos da bancarrota que vêm enfrentando.

Folha - Como deve ser o programa [de reativação do setor industrial]?

Delfim Netto:

Passa por muitas coisas. Primeiro, a compreensão de que política industrial não é cortar importação. Política industrial é formular um programa que reconheça que a importação é um fator de produção tão importante quanto a mão de obra e o capital, que é um fator decisivo para aumentar a produtividade da exportação, e que reconheça que estamos longe das cadeias produtivas por anos [décadas = mais de 40 anos] de abandono da exportação.

Das 500 maiores multinacionais, 400 estão no Brasil. Você precisa de um diálogo é com essa gente. Para saber o seguinte: o que você precisa para voltar a exportar do Brasil? Mas não pode fazer isso reduzindo o lucro delas.

O governo tem de tentar respeitar o sistema de preços, que é a melhor forma de alocação dos fatores de produção e do consumo.

Com a frase "política industrial não é cortar importação", Delfim Netto tentou agradar às multinacionais que exploram a semiescravidão na Ásia.

Então, para que o governo não reduza o lucro do empresariado nacional e multinacional é preciso que àqueles grupos econômicos sejam oferecidos subsídios e incentivos fiscais.

Mas, são justamente os subsídios e os incentivos fiscais que o empresariado não quer que o governo conceda ao Povo por meio do Bolsa Família, entre outros tipos de ajuda aos menos favorecidos.

Isto significa que a concessão de subsídios e incentivos fiscais ao empresariado, e a extinção de idênticos benefícios fornecidos ao Povo, resultaria num indireto aumento da tributação paga pelo Povo e ainda resultaria num sensível aumento da miséria, com a consequente extinção de consumidores, que também resultaria em menor demanda (menor consumo) e, consequentemente, em menores lucros para o setor industrial.

Por sua vez, um diálogo com as multinacionais é muito simples de fazer, especialmente no sentido de evitar os cíclicos problemas acima expostos.

Basta que os governos dos países prejudicados pelas fraudes fiscais da multinacionais confisquem todos os investimentos estrangeiros vindos de Paraísos Fiscais.

Se todos os países fizeram o mesmo, os magnatas controladores das multinacionais ficarão sem possibilidade de atuar no mundo todo.

O problema é que os países prejudicados pela fraudulenta ação das multinacionais também seriam obrigados a confiscar o dinheiro sujo de seus políticos, servidores e empresários corruptos (sonegadores de tributos). Por isso, ainda não foi feito tal confisco.

Os magnatas sempre tiveram poderosos lobistas com maletas abarrotadas de verdinhas, como se dizia antigamente. Hoje em dia, desde 1989, basta creditar a propina na conta bancária (de não residente) de uma empresa fantasma (offshore) constituída pelo corrupto ou sonegador num paraíso fiscal.

Explicações complementares podem ser obtidos no texto sobre O Regime Cambial Brasileiro, que comenta uma cartilha expedida pelos dirigentes do Banco Central em novembro de 1993, que explicava como fazer a lavagem do dinheiro obtido na ilegalidade.

Folha - O atual governo respeitou o sistema de preços?

Delfim Netto:

Claramente não. Mesmo porque as ajudas pontuais não estavam ajudando a indústria coisa nenhuma.

A indústria estava sendo destruída por uma valorização do câmbio que primeiro roubou sua demanda externa, depois roubou a interna.

Eis o Delfim novamente pisando em ovos com muito cuidado para não quebrá-los.

1) - Durante o Governo FHC, de fato aconteceu uma artificial valorização do câmbio que prejudicou a indústria exportadora. Ficou tão insustentável a supervalorização do REAL que em janeiro de 1999, depois da reeleição de FHC, foi feita uma maxidesvalorização de 100% e outra paulatina desvalorização em 2002, quando o preço de um dólar chegou perto de R$ 4,00.

Desse modo (desativando a indústria exportadora), foi gerada uma grande massa de desempregados, porque "os economistas de plantão" achavam que o excesso de consumo pelos trabalhadores era o único causador da inflação reinante.

Mas, na verdade, a inflação existia porque o empresariado, por mero preconceito e discriminação social e racial, não queria produzir para o consumo popular. Preferia investir "na ciranda financeira" institucionalizada pelos referidos economistas, que pagavam altas taxas de juros para captação do dinheiro necessário para o cobrir o défice orçamentário, visto que a recessão artificialmente causada reduziu enormemente a arrecadação tributária.

2) - Durante o Governo Lula e Dilma não foi o REAL que valorizou, novamente prejudicando as exportações. Foi o Dólar que desvalorizou em razão da elevada quantidade de fraudes das multinacionais que provocaram a falência econômica dos Estados Unidos, somente confessada em 2008 com a quebra do meramente especulativo e criminoso sistema financeiro estabelecido em Wall Street. Por isso, surgiu o movimento "Occupy Wall Street".

3) - Depois da bancarrota de 2008, o dólar só não virou pó, porque existem pelo menos 10 países que têm elevadas reservas monetárias em dólares. A perda do poder liberatório do dólar significaria a perda de todas as Reservas Monetárias detidas por tais países.

Se o dólar desvalorizar até nada mais valer (como aconteceu com o marco alemão depois da Primeira Guerra Mundial), os países detentores de reservas monetárias (em dólares) teriam exportado em vão. Exportaram sem nenhum proveito para si e para suas respectivas populações.

Diante do exposto nesta página do COSIFE, podemos dizer que a crise existente no século 21 é muito maior (mais grave) do que se imagina.

Assim sendo, só nos resta fazer o que foi feito por Franklin Roosevelt depois da Crise de 1929: a Estatização da Economia.

Essa é a única forma de não causar prejuízos ao empresariado nacional e multinacional. O governo daria títulos públicos pelas ações das companhias, com base na premissa do: "Devo, não nego, pagarei quando puder", provavelmente por meio de uma nova privatização, quando seriam retrocados os títulos públicos pelas ações ordinárias.

Como consequência, esses países controladores das multinacionais apenas distribuiriam de 0,25% a 0,5% ao mês relativos aos juros dos títulos públicos emitidos pela compra das ações das empresas encampadas.

Para que as empresas encampadas não tenham prejuízos, os preços ao consumidor seriam obtidos mediante uma perfeita Contabilidade de Custos, obviamente com diminuição dos custos operacionais, visto que seriam extintos os nababescos ou megalomaníacos gastos dos executivos e dos antigos controladores das empresas encampadas.

Folha - O que falta então [para reativação do setor industrial]?

Delfim Netto:

Tem que reconhecer: eu destruí um setor e vou reconstruí-lo, [mediante sua estatização].

Ponto final.

Na minha opinião, não precisa conversar com ninguém. Tem que apresentar um programa bom e transparente [tal como o acima explicado pelo coordenador do COSIFE].

O senhor falou na necessidade de diálogo com as múltis.

Eu não vou me integrar nas cadeias produtivas se eu não convencer as múltis de que eu quero ser parte delas [mediante a estatização = total controle estatal]. Mas, quando fizer isso, eu preciso dar garantia para elas de que vou respeitar nossos contratos, que não vou fazer nenhuma política cambial devastadora para combater a inflação e impedir que elas continuem exportando.

Não vou exigir delas que tenham um conteúdo nacional muito superior àquele que dê para elas a melhor produtividade.

Sobre o "conteúdo nacional muito superior àquele que dê para elas [as multinacionais] a melhor produtividade", que na realidade Delfim quis dizer: lucratividade escondida em paraísos fiscais a salvo da tributação.

Sobre esse tema, veja as explicações contidas em Incorporação de Peças Vindas do Exterior. Na endereçada página é explicado como acontece a ocultação de lucros em paraísos fiscais, mediante Sonegação Fiscal e Blindagem Fiscal e Patrimonial. Desse ato, resulta a manipulação de custos operacionais no Brasil.

Como está explicado naquela página, as peças incorporadas aos produtos são contabilizadas com superfaturamento das importações (que significa a remessa antecipada de lucros), o que impede exportação do final do produto porque tem seu custo de produção elevado artificialmente.

Em suma, nessa questão Delfim deixa nas entrelinhas que de fato as multinacionais estão gerenciando um novo sistema colonialista antes gerenciado pelos países desenvolvidos, chamado de neocolonialismo.

Ou seja, atualmente são os magnatas controladores das multinacionais que se beneficiam do neocolonialismo, agora também imposto aos países desenvolvidos, que foram os antigos colonizadores do Terceiro Mundo. Estes sempre foram os principais fornecedores de matérias-primas e alimentos para o Primeiro Mundo.

Assim sendo, torna-se importante que os governantes controlem a atuação das multinacionais, oferendo a elas o mínimo necessário, que são os títulos públicos garantidores do resgate das ações ordinárias das respectivas empresas encampadas.

Com a encampação das multinacionais, elas voltarão a pagar tributos nos países em que estão instaladas. Atualmente, desde a década de 1970, as multinacionais escondem seus lucros não tributados em paraísos fiscais.

Evitando-se essa sonegação fiscal, e a consequente evasão de divisas, aumentará a arrecadação de tributos nos países prejudicados por tais magnatas. A baixa arrecadação é o principal problema enfrentado pelos países desenvolvidos.

Sem a assinatura desse tipo de acordo ou contrato, as multinacionais não terão para quem vender. Provavelmente, em razão da enorme recessão que se desenvolverá, por falta dos consumidores (desempregados ou empobrecidos por menores salários), dentro de alguns anos o mundo todo estará falido e as multinacionais também.

Por isso, defende-se a estatização das empresas de paraísos fiscais, as quais estão causando esse grandioso problema agora enfrentado pelos países desenvolvidos. Por contágio, o problema será transmitido para o Terceiro Mundo, que não mais terá para quem exportar as matérias-primas.

Por isso torna-se importante a industrialização para consumo interno.

O Brasil sempre teve ávidos consumidores, que geravam inflação porque o empresariado não queria produzir para venda no mercado interno.

As nossas importações a partir de 2010 estão maiores que as exportações justamente porque o empresariado brasileiro e multinacional estabelecido no Brasil não quer produzir para vender para a nossa população.

Ao pensar apenas na exportação, o mesmo erro de outrora está sendo cometido. É preciso produzir para substituição das importações. Por isso foi estipulado que as empresas vindas para o Brasil devem fabricar com 60% de insumos ou peças produzidos no Brasil.

Folha - O atual governo cometeu esses erros?

Delfim Netto:

Acho que se criou uma distância entre o setor privado produtivo e o governo. No fundo, o setor privado produtivo, por mero e gigantesco preconceito achava que a Dilma era uma trotskista enrustida e ela achava que se trata de um bando de idiotas.

Ao destacar o setor privado produtivo, Delfim indiretamente criticou a insana e improdutiva especulação reinante no mercado de capitais globalizado.

De outro lado, pode ser considerado idiota todo empresário elitista que prefere ganhar menos vendendo somente para os ricos, quando poderia ganhar mais vendendo também para os menos afortunados.

Diante dessa Segregação Social, perpetua-se a Injustiça Social.

Espertamente a indústria automobilística passou a fabricar os chamados carros populares, inclusive as que só produziam carros de altíssimo luxo. Por isso, o empresariado brasileiro foi denominado como um bando de idiotas.

Por falta de produtos brasileiros a venda, o Povão está comprando os produtos de baixa qualidade fabricados na China e em outros países asiáticos.

Desse jeito, o Povão está contribuindo para que sejam criados empregos no exterior e para que nossas importações sejam maiores que as exportações, gerando os défices em conta corrente que estão consumindo nossas Reservas Monetárias.

Então, diante dessa reinante segregação social, racial e regional, é muito difícil você ter feito um acordo.

Folha - 2015 vai ser um ano difícil?

Delfim Netto:

Vamos ter de ajustar. A situação do Brasil é desconfortável, mas não é apocalíptica. Na parte fiscal, inclusive em resposta à recessão que estamos vivendo, você ampliou o deficit nominal. Você praticamente eliminou o superavit primário e está assistindo pela primeira vez a um pequeno aumento da relação entre dívida bruta e PIB [Produto Interno Bruto].

Aqui você tem um problema sério. Você tem de fazer um programa para evitar o pior, que seria o rebaixamento do grau de investimento. Isso aumentaria todos os custos externos. Seria uma tragédia.

Dívida Líquida é igual a Dívida Bruta menos as Reservas Monetárias e demais créditos internacionais.

Assim sendo, o Brasil não têm dívida externa porque a dívida bruta é menor que as reservas existentes. Ou seja, na Contabilidade Nacional, de onde se extrai o Balanço de Pagamentos, o Passivo Circulante (Contas a Pagar) é menor que o Ativo Circulante (Disponibilidades e Contas a Receber).

Isto está acontecendo, por enquanto, e assim sempre será se não continuarem a ocorrer os défices ou déficits em conta corrente provocados pelas exportações menores que as importações.

Logo, torna-se mais importante o aumento das nossas exportações, já que Delfim Netto defende a tese de que não devem ser reduzidas as nossas importações. Afinal, os ricos devem ter o direito de continuar importando coisas supérfluas.

Porém, diante da falência dos países desenvolvidos, resta-nos a questão: Vender ou exportar para quem?

Só nos restam os países latino-americanos, os asiáticos, os elitistas do oriente médio, os da Oceania (em que estão Austrália, Nova Zelândia) e os países do cone sul-africano, destacando-se os países que são ricos em minérios como o Brasil, por isso Lula passou longo tempo viajando pela África.

A falta do que exportar é o grande problema enfrentado pelos países desenvolvidos. A nossa vantagem é que o Brasil tem para exportar o que o mundo mais necessita (matérias-primas e alimentos), justamente o que os países desenvolvidos não têm porque, para produzir, dependem das matérias-primas importadas.

Folha - Qual tem de ser o perfil do próximo ministro da Fazenda?

Delfim Netto:

Não é preciso ser nenhum gênio. Tem de ser alguém que conheça o Brasil, [desse jeito o Armínio Fraga e seus colegas de PSDB foram excluídos] que saiba operar e que tenha capacidade de se cercar de algumas pessoas competentes.

É uma injustiça pensar que o Guido [Mantega, ministro da Fazenda de Lula e Dilma] é responsável por tudo isso [de ruim] que está aí . O Guido foi um instrumento do partido [PT]. Agiu em defesa do Povo, da Nação.

A presidente é a ministra da Fazenda e do Planejamento e do Transporte e da Segurança Nacional e de tudo. Ela é absolutamente honesta e extremamente atenta. De forma que, de fato, o Brasil voltou a trabalhar das 7h às 23h. Agora, ela é centralizadora [absolutista]. Houve alguns equívocos. Mas está na mão dela consertar isso.

3. ÁGUA NO CHOPE ALEMÃO?

RECESSÃO MUNDIAL: O PROBLEMA ALEMÃO É IGUAL AO BRASILEIRO

Por Verena Fornetti. Publicado por Revista Exame em 03/11/2014. Com negritos e com subtítulos, anotações e comentários em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.

São Paulo - O economista Marcel Fratzscher, presidente do centro de estudos DIW, com sede em Berlim, tem uma maneira peculiar de iniciar suas palestras na Alemanha. Para reter a atenção do público já na largada, Fratzscher começa sua fala com dois questionamentos.

Primeiro pergunta qual é o país da Europa que, nos últimos anos, criou milhares de vagas de trabalho, ganhou participação em importantes mercados internacionais e acumulou notáveis superávits nas contas públicas, mesmo quando quase todos os vizinhos estavam em um mar de lama.

Na plateia, poucos costumam vacilar. A resposta certa é a Alemanha.

Fratzscher segue, então, para a segunda pergunta: que país tem níveis de investimento inferiores aos de vários outros membros do bloco europeu, registrou crescimento médio inferior ao da União Europeia ao longo da década passada e cujos salários nem sequer acompanharam a inflação em seis dos últimos dez anos? Grécia? Espanha? Itália?

A resposta certa, geralmente para surpresa dos presentes, é, de novo, a todo-poderosa Alemanha.

Ao publicar Die Deutschland-Illusion (“A ilusão alemã”, numa tradução livre), no fim de setembro de 2014, Fratzscher conseguiu colocar suas indagações a respeito do vigor da economia alemã no topo do debate público. O livro está entre os mais comentados dentro e fora da Alemanha nas últimas semanas anteriores a 03/11/2014.

Para a sorte do autor, o lançamento coincidiu com o anúncio de dados negativos da economia alemã, que acabaram aumentando ainda mais a repercussão do livro.

RECESSÃO: PROBLEMA ALEMÃO VERSUS PROBLEMA BRASILEIRO E MUNDIAL

No dia 07/10/2014, o Fundo Monetário Internacional diminuiu a previsão de crescimento do país [Alemanha] de 1,9% para 1,4% para o ano de 2014, depois de vários sinais de enfraquecimento da produção industrial.

Uma das principais causas é a queda das exportações, provocada pela cambaleante União Europeia, pela beligerante Rússia e pela escravocrata China, agora em marcha mais lenta.

No dia 14/10/2014 foi a vez de o próprio governo alemão rebaixar a estimativa de crescimento de 1,8% para 1,2% - mais pessimista do que o FMI.

Embora esses dados conjunturais tenham ajudado a colocar fogo no debate, os pontos levantados por Fratzscher miram questões de mais longo prazo. Para ele, o maior problema da economia alemã é a queda da taxa de investimento, que saiu de 26% do PIB em 1990 para os atuais 17%, percentual menor do que o registrado na França e nas combalidas Espanha e Itália.

Na sua visão, o governo não está fazendo a sua parte. “O investimento público em infraestrutura na Alemanha é um dos mais baixos entre todos os países industrializados. Se repetir essa receita por muito tempo, o país deixará escapar o sucesso que teve até agora”, diz Fratzscher.

Nos últimos anos, o investimento estatal tem sido de 1,6% do PIB, abaixo da média da União Europeia, que está em 2,2%. Toda essa economia [diminuição de investimentos] tem se refletido na [diminuição da] qualidade da infraestrutura, tal como aconteceu no Brasil nas décadas perdidas de 1980 e 1990.

Estima-se que a necessidade não atendida de investimentos anuais na Alemanha seja de 4 bilhões a 7 bilhões de euros - faltaram: 500 milhões de euros só nas rodovias, 300 milhões nas hidrovias e 260 milhões nas ferrovias. Mas esse nem é o ponto central [do grande problema a ser enfrentado pela Alemanha].

O mais revelador disso tudo não são os valores. Numa economia de 2,5 trilhões de euros, a conta para voltar a ter uma infraestrutura impecável é baixa, cerca de 0,5% do PIB. O que exaspera críticos como Fratzscher é a posição da chanceler Angela Merkel. Ela se nega a aumentar os gastos públicos (investimentos), o que poderia estimular o crescimento.

Essa também é a preocupação de Christine Lagarde, a atual diretora-gerente do FMI. A recuperação da Europa tem sido lenta. A Itália voltou a entrar em recessão no segundo trimestre deste ano de 2014 e, para Lagarde, o aumento dos investimentos do governo alemão seria muito bem-vindo.

Um plano ousado de recuperação e expansão da infraestrutura alemã elevaria as estimativas para o PIB no curto prazo [o interessante é que só não aumenta no Brasil, apesar de tudo que foi investido], aumentaria a demanda por serviços de empresas de todo o bloco, que estão desesperadamente à procura de novas obras, [no Brasil as empresas que prestam serviços ao governo não têm do que reclamar], criaria mais empregos e tornaria a maior economia da Europa ainda mais competitiva no futuro, certo?

Não na visão de Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão.

Enquanto o FMI e o próprio governo refaziam suas previsões para o PIB, Schäuble anunciava um orçamento equilibrado para os próximos três anos.

Para desespero dos defensores de políticas anticíclicas, a Alemanha acaba de anunciar planos que não preveem a contratação de novos créditos, a primeira vez que isso acontece desde o fim da década de 60.

Na opinião do governo Merkel, a situação exige cautela, não arroubos que aumentem as dívidas.

Realmente, toda a Europa está atolada em dívidas porque as exportações daqueles países têm sido menores que as importações.

Tal situação foi provocada principalmente pela fuga das multinacionais, que passaram a produzir e a contabilizar seus lucros em paraísos fiscais.

Também contribuiu para esse descontrole no Balanço de Pagamentos as importações de supérfluos pelos megalomaníacos ou nababescos gastos da elite oligárquica (a antiga nobreza europeia).

Embora o barulho feito pelo livro de Fratzscher seja grande, a maioria dos eleitores e muitos dos economistas mais renomados do país [Alemanha] têm dado apoio ao governo. Entre os motivos estão até questões demográficas.

Em apenas 15 anos, os últimos remanescentes da geração baby boomer, os milhões de alemães nascidos de 1946 a 1964, vão querer se aposentar e causarão uma enorme pressão sobre as finanças públicas. Com essa perspectiva, seria irresponsável acumular dívidas”, diz Hans-Werner Sinn, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica, de Munique, e um dos economistas mais respeitados do país [Alemanha].

Veja o texto denominado Desvio e Desfalques nos Fundos de Pensão, em que o coordenador do COSIFE discorre sobre a insolvência dos Fundos de Pensão patrocinados por 24 estados norte-americanos, com um rombo de US$ 2 trilhões, 20% inferior ao PIB brasileiro. O mesmo está acontecendo em toda a Europa.

O sonho americano

Em sua defesa, o governo [alemão] tem falado em incentivar o investimento privado [cujo dinheiro está  escondido em paraísos fiscais], mas também isso não tem sido fácil.

Enquanto a demanda global, especialmente a europeia, não se recuperar, a parte da indústria alemã voltada para a exportação não precisa investir”, diz Oliver Rakau, economista do Deutsche Bank.

As boas oportunidades de negócios, hoje, estão bem longe, principalmente no mercado americano. A multinacional alemã Basf, a maior do mundo no setor químico, anunciou que seu maior investimento da história, de 1 bilhão de euros, será feito nos Estados Unidos.

Recentemente, a montadora BMW informou que até 2016 sua fábrica na Carolina do Sul, no sudeste americano, será sua maior operação. Tanto a Basf como a BMW estão fazendo bem seu papel de montar e expandir unidades onde encontram as melhores condições — e quanto a isso, obviamente, não há o que dizer.

Isto significa que outras das principais empresas estão abandonando a Europa, o que significa maior recessão, maior desemprego, maior miséria, menor arrecadação tributária, maiores défices internos e externos.

Em síntese, tudo isto significa que a Europa está sendo vítima de uma irrecuperável falência econômica tal como a que aconteceu com a cidade de Detroit, que centralizava quase a indústria automobilística norte-americana.

Mas a decisão de investir fora [da Alemanha] revela, em parte, o momento atual da economia alemã [que enfrenta a recessão].

Enquanto o preço da energia segue em queda nos Estados Unidos por causa da exploração do gás de xisto [entretanto, os demais custos operacionais são elevados, por isso estão pressionando os trabalhadores a aceitarem salários mais baixos], na Alemanha os valores vão na direção oposta [com o aumento de custos operacionais, que tornam inviáveis as exportações]. Em comparação com os patamares de 2007, o preço da energia elétrica para a indústria [alemã] subiu 20%.

A causa é nobre - o aumento dos subsídios para fontes renováveis -, mas isso se traduz em menos competitividade, pelo menos no curto prazo. Não é que os alemães estejam desesperados, é bom que se diga. Seu país continua sendo um dos mais prósperos do mundo [com grande possibilidade de se tornar um novo PIG].

Os investimentos subsidiados para obtenção de fontes renováveis de energia, quando amortizados, depois de iniciada sua utilização, podem aumentar os custos de produção.

Mas, os países da Europa, que são altamente importadores de petróleo, precisam pensar no futuro, porque o premente esgotamento das reservas pode inflacionar o preço do barril daquele "ouro negro".

Por isso a causa é nobre (a de investir em fontes renováveis de energia). Se o preço do petróleo continuar crescendo, as fontes renováveis (mesmo que sejam mais caras) podem significar a redução dos custos de produção no futuro.

Desse modo, os países desenvolvidos que enfrentavam a falta de matérias-primas desde a época dos descobrimentos marítimos e que neste século 21 também passaram a enfrentar a falta das indústrias evadidas para a Ásia (enfim, enfrentam recessão), tentam evitar os problemas provocados pela menor arrecadação tributária, que é a causadora de déficits orçamentários, com o consequente endividamento interno e, ainda, o externo provocado pelas importações maiores que as exportações.

Veja explicações complementares sobre os PIGS em A Crise de Insolvência dos Países Europeus.

Com o desemprego em apenas 5,3%, não faltaram motivos para brindar na Oktoberfest deste ano de 2014. Mas fica a pergunta: será que a situação estará tão propícia à festa nos próximos anos?

4. RECEITA FEDERAL ARGENTINA SUSPENDE P&G POR FRAUDE

AS FRAUDES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS DAS MULTINACIONAIS

De AFP - Publicado por Revista Exame em 02/11/2014. Com negritos e com subtítulos, anotações e comentários em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.

A Receita Federal argentina (Afip, na sigla em espanhol) suspendeu a multinacional Procter & Gamble por fraude fiscal, em um caso envolvendo operações de importação do Brasil de US$ 138 milhões - informou o órgão neste domingo [02/11/2014].

A Afip revelou que as mercadorias que entravam no país [Argentina] pelo Brasil eram faturadas por meio de uma filial radicada na Suíça [paraíso fiscal]. Com isso, a empresa, acusada de fraude cambial e fiscal, evadiu divisas para o exterior.

Essas Divisas (Reservas Monetárias) deviam ter entrado no Brasil, vindas da Argentina, porque em casos semelhantes os produtos importados pela Argentina devem ser fabricados no território brasileiro, para que tivesse os benefícios fiscais instituídos pelo Mercosul. Sabendo disto, os argentinos intensificaram a fiscalização e assim é possível descobrir a trama.

Segundo o órgão, que analisou mais de 2.500 operações, a manobra pode constituir contrabando agravado.

Nestes casos, a operação pode envolver, cumulativamente, fraude cambial com consequente  evasão de divisas, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e blindagem fiscal e patrimonial (ocultação de bens, direitos e valores em paraísos fiscais), em prejuízo do país importador (Argentina) como do verdadeiro exportador (Brasil), visto que os produtos podem ser fabricados no território brasileiro. Mas, segundo a documentação fiscal apresentada na Argentina, constavam como vindos da Suíça.

Assim sendo os produtos podem ser fabricados no Brasil pelo regime de DRAWBACK.

Em casos semelhantes, já analisados no passado distante (antes de 1996), a matéria-prima era exportada para uma empresa offshore (de paraísos fiscal), que depois remetia a mercadoria supervalorizada para ser industrializada no Brasil e exportada para a Argentina, por exemplo.

Nessa situação, como existe o sistema de Livre Comércio (Mercosul), não haveria tributação na Argentina. Mas, como ficou comprovado pela documentação que a empresa exportadora era sediada na Suíça, não teria direito aos benefícios do Mercosul.

O diretor da Afip, Ricardo Etechegaray, enviou uma nota para a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), detalhando as irregularidades da multinacional. Ele também pediu a Brasil e Suíça troca de informações sobre o assunto.

Com isso, a Receita Federal argentina espera recuperar as divisas evadidas do país, assim como os impostos correspondentes que teriam sido sonegados.

A Procter & Gamble é uma multinacional de bens de consumo criada em 1837 e se encontra em mais de 180 países, onde produz e distribui cerca de 300 marcas de diferentes produtos.







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