Ano XXV - 19 de abril de 2024

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O RETORNO DO COLONIALISMO


O RETORNO DO COLONIALISMO

OS PAÍSES E SUAS RESERVAS MINERAIS ESTRATÉGICAS

São Paulo, 24 de abril de 2003 (Revisado em 13-03-2024)

Neocolonialismo, colonialismo cultural ou do espírito e colonialismo econômico ou estratégico, Paraísos Fiscais - Lavagem de Dinheiro, Blindagem Patrimonial e Sonegação Fiscal. Necessidade dos Países Desenvolvidos por Matérias-Primas dos Subdesenvolvidos. A Informática e a Guerra do Congo - ex-Zaire, Exploração do COLTAN - Columbita (nióbio) Tantalita (Tântalo) - Metais Raros sendo o nióbio conhecido como "Ouro Azul".

  1. As Independências Estratégicas
  2. O Colonialismo Estratégico
  3. A Escassez de Recursos Minerais no Primeiro Mundo
  4. A Independência dos Países Africanos
  5. A Informática e a Guerra do Congo - ex-Zaire
  6. Nióbio - A Riqueza Desprezada pelo Brasil

Veja o texto sobre a Invasão de Roraima - Perdemos a Nossa Soberania II e veja outros texto sob o tema: Soberania.

Compilação por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

1. AS INDEPENDÊNCIAS ESTRATÉGICAS

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

Nas décadas de 1950 até a de 1970 tornaram-se independentes as últimas colônias existentes no mundo. Muitas delas, geralmente pequenas ilhas, foram transformadas em Paraísos Fiscais para a prática da Lavagem de Dinheiro e da Blindagem Fiscal e Patrimonial, por isso foram chamadas de "ilhas do inconfessável". Foi no citado período que os países africanos conseguiram suas respectivas autonomias políticas, mas continuaram sob o jugo econômico dos seus colonizadores. A partir daí ressurgiu o neocolonialismo do Século XX.

Em 2003, já no Século XXI surgiu uma nova era do colonialismo, abertamente com fins econômicos em busca de minerais estratégicos, quase sempre raros nos países chamados de desenvolvidos.

Segundo o dicionário Aurélio, “o neocolonialismo é o domínio que um país exerce sobre outro, menos desenvolvido, não por sistema político ou orientação política, mas principalmente pela influência econômica e as vezes cultural”; colonialismo cultural ou do espírito e colonialismo econômico ou estratégico.

2. O COLONIALISMO ESTRATÉGICO

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O colonialismo estratégico visa garantir principalmente aos Estados Unidos os insumos necessários à sua sobrevivência. Essas matérias-primas também são indispensáveis para outras potências econômicas com o Japão e alguns países da Europa, que são totalmente dependentes porque não as possuem em seus territórios.

Veja o texto Os Países e suas Reservas Estratégicas.

Quais os países que estão mais sujeitos a esse tipo de colonialismo estratégico?

São em primeiro lugar os países produtores de petróleo do oriente médio (Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuait, Qatar, Omã, Iêmen, Emirados Árabes Unidos e os diversos “istão”: Afeganistão, Kazaquistão, etc).

Depois dos mencionados países estão produtores de urânio, que tem a Namíbia e a África do Sul com as maiores reservas conhecidas. Em seguida estão os principais países produtores de ouro e pedras preciosas, que estão no sul da África (Angola, Namíbia, África do Sul, Botswana).

Aos países desenvolvidos há também grande interesse nas águas do Brasil, do Pólo Ártico e da Antártida e na biodiversidade da região amazônica.

Por sua vez, o ferro, entre outros metais necessários à produção do aço, estão na Rússia, no Brasil e na Austrália nessa ordem por terem as maiores reservas do minério.

No que se refere aos alimentos, somente no Brasil e nos países do centro-sul da África há condições naturais de obtenção de mais de uma colheita por ano.

Note-se que entre os sete países mais desenvolvidos, somente os Estados Unidos e a Rússia não dependem exclusivamente dos demais fornecedores de matérias primas estratégicas e dos principais minerais, incluídos o ouro e as pedras preciosas. Por isso o Japão e os países da Comunidade Econômica Européia são obrigados a vender suas tecnologias e seus serviços em troca dos citados produtos do setor extrativista.

Depois da segunda guerra mundial, os norte-americanos, fingindo-se protetores da democracia, lutaram contra o avanço dos comunistas na Ásia, na África e na América Latina. Foi assim que, defendendo os seus interesses econômicos, os ianques fizeram as guerras na Coréia e na Indochina (Vietname, Laos e Camboja), todas contra os comunistas que ameaçavam o regular suprimento de matérias-primas aos países desenvolvidos. Com essa finalidade hegemônica, os países desenvolvidos e principalmente os Estados Unidos, apoiaram guerrilhas de extrema direita na África e na América Central e financiaram ditaduras na América do Sul. Concederam tecnologia militar para Israel lutar contra Egito e Líbia, contra o povo palestino e contra os muçulmanos de modo geral. Sob o pretexto de combate ao terrorismo, invadiram o Afeganistão, que já havia sido abandonado pelos russos. Contra os russos não foi necessário fazer a guerra porque bastou corromper os seus principais dirigentes.

Porém, o conflito que mais durou foi a guerra do Iraque contra o Irã. O Iraque com a tecnologia militar norte-americana e o Irã com a russa. É óbvio que ambos foram perdedores: Iraque e Irã. Mas, o maior perdedor foi indiscutivelmente o Iraque, que agora é vítima de grande invasão destruidora e abertamente colonizadora dos norte-americanos. A Síria e o Líbano fatalmente serão eternamente ameaçados de invasão porque juntamente com a Jordânia e a Palestina são os principais adversários de Israel, que é aliado dos ianques.

A invasão do Iraque se dá exclusivamente porque juntamente com o Irã são os únicos grandes produtores de petróleo que ainda não se subjugaram as interesses norte-americanos. Dentro dessa premissa, podemos concluir que o próximo invadido será o Irã.

A independência dos países africanos foi concedida em razão da redução do valor e da importância do ouro e das pedras preciosas nas transações internacionais, principalmente depois que os Estados Unidos abandonaram o padrão ouro para emissão de papel moeda no final da década de 1960. Note-se que foi justamente a partir daí que proliferaram os paraísos fiscais e essa nova fase do neocolonialismo.

Na África, o neocolonialismo propriamente dito começou algum tempo depois da independência dos países, quando foram descobertas jazidas de minerais estratégicos como o urânio, cobre, ferro, manganês e petróleo. Portanto, há uma grande tendência dos Estados Unidos exercerem um maior controle econômico e político sobre esses países.

Na verdade foi dada a independência as antigas colônias porque, exauridos os recursos facilmente exploráveis, os colonizadores, além de desembolsarem elevados recursos financeiros para a manutenção dessas colônias, ainda eram responsáveis pela miséria reinante, imposta pelos inescrupulosos colonizadores.

Depois da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos da América enxergaram que grande parte das suas necessidades estratégicas podia ser conseguida em outros países por preços bem inferiores aos obtidos em seu próprio território.

O dinheiro gasto pelos Estados Unidos com as guerras que promoveu e patrocinou seria mais que suficiente para acabar com a fome no mundo. Bastava que, no lugar das guerras e do financiamento de governos ditatoriais, resolvessem pagar o preço justo pelas matérias primas que necessitava e ainda necessita. Afinal, para os States basta imprimir aquele papelzinho verde sem lastro em reservas monetárias.

Se pagasse o preço justo, os norte-americanos provavelmente não seriam tão ricos, ou melhor, estariam mais pobre e mais endividados.

3. A ESCASSEZ DE RECURSOS [MINERAIS] NO PRIMEIRO MUNDO

Trecho de artigo denominado Amazônia Brasileira publicado pelo site MV-Brasil.org.br.

São vários os exemplos esclarecedores da escassez de recursos naturais nos países do Primeiro Mundo, que vão desde a água potável até os alimentos, passando pelos energéticos, minerais, madeiras , fibras e demais produtos de origem vegetal e animal.

Os EUA, por exemplo, dispõe de reservas de petróleo, armazenadas no próprio subsolo, que só dariam para sustentar o atual consumo por 6 anos e 5 meses. São 35 bilhões de barris, para um consumo de 15 milhões de barris por dia.

O quadro de dependência da importação de minérios dos EUA, CEE - Comunidade Econômica Europeia (União Europeia) e Japão mostra a dimensão da crise.

DEPENDÊNCIA DE IMPORTAÇÕES DE MINÉRIOS (%)
  EUA CEE JAPÃO
Nióbio 100 100 100
Mica 100 83 100
Manganês 98 100 100
Cobalto 97 100 100
Alumínio 91 97 100
Cromo 91 97 99
Tântalo 91 100 100
Platina 91 100 98
Amianto 85 84 98
Estanho 82 80 85
Níquel 70 87 100
Zinco 57 57 48
Tungstênio 52 77 85
Antimônio 51 91 100
Vanádio 42 100 100
Cobre 13 80 80
Chumbo 13 44 47
Fosfato 1 99 100
Molibdênio 0 100 99

NOTA DO COSIFE:

O Brasil, alguns países emergentes e outros do Terceiro Mundo são os principais exportadores das matérias-primas dessa tabela, que não inclui o ferro e o petróleo.

Na tabela foram colocados somente os minerais com maior valor comercial.

O nióbio é utilizado na siderurgia de altíssima qualidade e tem alto valor comercial, por isso é chamado de "ouro azul", sendo o Brasil o detentor de 80% das reservas mundiais, que estão na Amazônia.

CEE = União Europeia

No tocante à água potável, cujo consumo atual, em todo o mundo, anda pela casa de 5 x 1015 litros anuais, estima-se que os reservatórios existentes, descontando-se o tempo de renovação de cada tipo, seja suficiente para satisfazer uma população de 20 bilhões de seres humanos, pouco mais de 3 vezes o número atual . No entanto, há que se observar que a distribuição de água, tal como a dos minerais, é muito assimétrica.

Por esse motivo, neste exato momento, acham-se em operação mais de 1000 usinas de dessalinização de água do mar, produzindo algo em torno de 19 milhões m³ de água doce por dia, fato que por si só, já indica uma situação crítica.

Interessante frisar que o consumo de água potável varia de região para região, sendo igual a 230 L por família por dia nos EUA, 120 L na Europa e cerca de 5 L no mundo subdesenvolvido. No conjunto, 73% da água consumida no mundo destinam-se à irrigação.

A preocupação [dos "STATES"] principal fiador da Pax Borealis [Paz Mundial], com o suprimento de produtos naturais, é tão intensa que uma das 4 ameaças para o país, abrangendo o intervalo até o ano 2020, segundo depoimento do chefe da Defense Intelligence Agency (DIA), é exatamente a escassez de matérias-primas.

Aliás, na mesma ocasião em que revelou as 4 hipóteses de guerra do seu país, o chefe da DIA também deixou escapar que "o seu país interviria na Amazônia, no caso de que lá se configurasse a quarta hipótese: agressões ao meio ambiente, com conseqüências para os EUA".

Portanto, a nossa Amazônia vive hoje sob constante ameaça externa, nem tanto por causa das agressões aos seus ecossistemas, mas por ser a região o "paraíso dos recursos naturais" do planeta em que vivemos.

O pecado mortal de nós, brasileiros, é o de ter conservado, como seu patrimônio inalienável, a Amazônia.

4. INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES AFRICANOS

Pela ordem estão: País Colonizado / (País Colonizador) / ano da independência

África do Sul (Holanda/Inglaterra) 1990, Angola (Portugal) 1975, Argélia (França) 1962, Benin (Daomé) (França) 1960, Botswana (Inglaterra/África do Sul) 1966, Burkina Faso (Alto Volta) (França) 1960, Burundi (Bélgica) 1962, Cabo Verde (Portugal) 1975, Camarões (França/Inglaterra) 1960, Camoras, Ilhas (França) 1975, Chade (França) 1960, Congo - Brazzaville (Zaire) (França) 1960, Costa do Marfim (Espanha) 1960, Djibuti (França) 1977, Egito (Inglaterra) 1953, Eritréia (Etiópia) 1993, Etiópia (Itália) 1948, Gabão (França) 1960, Gâmbia (Inglaterra) 1963, Gana (Inglaterra) 1957, Guiné (França) 1958, Guiné-Bissau (Portugal) 1973, Guiné Equatorial (Espanha) 1968, Lesoto (África do Sul) 1966, Libéria (Estados Unidos) 1847, Líbia (Inglaterra/França) 1949, Madagascar (França) 1960, Moçambique (Portugal) 1975, Malawi (Inglaterra) 1964, Mali (França) 1960, Marrocos (França) 1956, Mauritânia (França) 1960, Moçambique (Portugal) 1975, Namíbia (África do Sul/ONU) 1990, Niger (França) 1960, Nigéria (Inglaterra) 1960, Quênia (Inglaterra) 1963, República Centro-Africana (França) 1959, Ruanda (Bélgica) 1961, Saara Ocidental (Espanha) 1973, Santa Helena (Inglaterra) 1984, Somália (Itália/Inglaterra) 1960, Sudão (Inglaterra) 1956, Suazilândia (Inglaterra) 1967, Tanzânia (Inglaterra) 1961, Togo (França) 1960, Tunísia (França) 1956, Uganda (Inglaterra) 1960, Zâmbia (Inglaterra) 1953, Congo - Kinshasa (Bélgica) 1960, Zimbábue (Rodésia) (Inglaterra) 1953.

5. A INFORMÁTICA E A GUERRA NO CONGO

A Exploração do COLTAN - Columbita Tantalita e a Guerra do Congo francês (depois Zaire) atual República do Congo

Extraído de LatinoAmericna.Org

Coltan” é a combinação de duas palavras que correspondem aos respectivos minerais: a columbita e a tantalita, dos quais se extraem metais mais cobiçados do que o ouro. [Por isso o coltan é chamado de "ouro azul"- dele é extraído o nióbio e o tântalo]. Se tomarmos em conta que estes metais são considerados altamente estratégicos e agregarmos que 80% das suas reservas encontravam-se na República Democrática do Congo [A partir de 2008, 80% das reservas conhecidas, encontram-se no Brasil], começaremos a vislumbrar porque há uma guerra naquele país desde o dia 2 de agosto de 1998, porque dois países africanos como Ruanda e Uganda ocupam militarmente parte do território congolês, e porque já morreram mais de dois milhões de pessoas. O coltan é essencial para as novas tecnologias, estações espaciais, naves tripuladas que se lançam no espaço e às armas mais sofisticadas.

Esta guerra constitui a maior injustiça, em escala planetária, que se está cometendo contra um Estado soberano. Nas últimas décadas a história nos ofereceu tristes exemplos de assalto e até da ocupação militar de um país independente. O Iraque invadiu o Kuwait, e os EUA fizeram a mesma coisa em Granada, ainda que com resultados distintos. Bombardearam-se países como Afeganistão e Iraque, amparados por um duvidoso respaldo da ONU. Mas o que não havia acontecido desde a invasão de países europeus pela Alemanha de Hitler era a ocupação pura e dura de um território para aniquilar milhares de cidadãos e explorar os recursos minerais do país ocupado. É isso o que está acontecendo na República Democrática do Congo [antigo Congo Francês e  depois Zaire]. O que adiciona gravidade a esta pirataria é a passividade da comunidade internacional. Para aqueles a quem dói toda a opressão, assusta este desprezo por uma parcela da humanidade, duplamente ultrajada.

Já ninguém pode ignorar que a guerra de que padece a República Democrática do Congo [Zaire] tem como causa a depredação de metais preciosos e recursos [minerais] estratégicos. Com isso se enriquecem alguns, e se financia a própria guerra. Os culpados são muitos. Segundo um grupo de especialistas da ONU, que elaborou um informe sobre a guerra neste país, o Exército Patriótico Ruandês (EPR) montou uma estrutura ad hoc para supervisionar a atividade mineradora no Zaire e facilitar os contatos com os empresários e clientes ocidentais. Se criaram várias empresas mistas entre os negociadores europeus do coltan e membros do EPR e do círculo de pessoas próximas ao presidente ruandês Paul Kagame [provisório desde 2000, eleito a partir de 2003 e reeleito em 2010 até 2017].

Um milhão de dólares por mês

Clique sobre o mapa para ver no Youtube o vídeo com legendas em inglês em que é mostrada a breve história da Guerra do Congo e seus motivos.

O Exército ruandês translada o mineral [extraído no antigo Zaire] em caminhões até Kigali, capital de Ruanda, onde é tratado nas instalações da Somirwa (Sociedade Minera de Ruanda), antes de ser exportado. Os destinatários finais são os EUA, Alemanha, Holanda, Bélgica e Cazaquistão. A companhia Somigi (Sociedade Mineira dos Grandes Lagos) tem o monopólio do setor; é uma empresa mista de três sociedades: Africom (belga), Promeco (ruandesa) e Congecom (sul-africana). Entrega 10 dólares por cada quilo de coltan exportado ao movimento rebelde Reagrupação Congolesa para a Democracia (RCD), que conta com cerca de 40.000 soldados, apoiados por Ruanda. "Com a venda de diamantes - declarou Adolphe Onusumba, presidente da RCD - ganhávamos cerca de 200.000 dólares ao mês. Com o coltan chegamos a ganhar mais de um milhão de dólares por mês".

Na zona controlada pelos ugandeses - assinalou a jornalista Marina Rini depois de visitar o noroeste da R. D. do Congo - não existe monopólio. Assegura que em Butembo operam seis grandes compradores estrangeiros, oficialmente em competição entre si. Os empregados estrangeiros, com exceção de um ugandês, são todos soviéticos: russos ou cazaques. Sem revelar sua identidade confessaram a Marina Rini: "Vivíamos há muitos anos na África do Sul e agora viemos comercializar o coltan". Deles, compra o Cazaquistão. Informações reservadas da ONU revelam que o tráfico é organizado pela filha do presidente cazaque, Nursultan Nazarbaev, através de sociedades mistas belgas. A filha de Nazarbaev está casada com Vassili Mette, diretor geral da Ulba, empresa cazaque que extrae e refina urânio, coltan e outros minerais estratégicos. Ao que parece, Salim Saleh, irmão do presidente ugandês, Yoweri Museveni, não está fora deste florescente negócio.

Companhias ocidentais na exploração do coltan

Esta é, em linhas gerais, a sutil teia de aranha de um negócio internacional que está alimentando uma guerra no coração da África e empobrecendo os cidadãos de um dos países mais ricos da terra. Mas tem mais. O IPIS (Serviço de Informação para a Paz Internacional) realizou um estudo minuncioso sobre a vinculação das empresas ocidentais com o coltan e com o financiamento da guerra na R. D. do Congo.

Os documentos reunidos por esta organização estabelecem que a companhia belga Cogecom sprl é um sócio chave no monopólio instaurado pelos rebeldes congoleses. As transações entre Somigi e Cogecom envolveram 600.000 dólares para a RCD somente no mês de dezembro de 2000. Outras transações similares aconteceram entre Somigi e Cogear, uma companhia com uma direção fictícia na Bélgica.

A investigação sobre as atividades do grupo alemão Masingiro GMBH revelam três transações comerciais realizadas entre junho e setembro de 2001 e que cobriam a exportação de 75 toneladas de coltan. As quantidades em jogo fazem pensar que o coltan exportado pela companhia alemã procede de estoques acumulados pelo monopólio da RCD (a Somigi). Este coltan foi enviado à Alemanha através do aeroporto de Ostende e do porto de Amberes pelas três companhias de transporte TMK (vinculada à RCD), A.B.A.C. e NV Steinvweg (Bélgica). O coltan estava destinado sem dúvida à fabrica de tratamento de tântalo em mãos de H.C. Starck, filial da Bayer e líder mundial na matéria.

O homem de negócios suíço Chris Huber parece jogar um papel primordial no financiamento do esforço de guerra em Ruanda. A investigação demonstra que suas companhias Finmining e Raremet compram o coltan da Rwanda Metals, uma companhia que atua em nome do exército ruandês e o revende à fábrica de transformação Ulba no Cazaquistão. Sabe-se que existem transações entre a Finmining e a companhia cazaque de fretes Ulba Aviadomapnia/Irtysh Avia para o envio de coltan de Kigali ao Cazaquistão. Chris Huber poderia estar ligado a Victor Bout, um conhecido traficante de armas, fornecedor de diferentes grupos rebeldes e armados.

Eagle Wings Resources (EWR) é uma joint-venture (empresa de risco compartilhado) entre a norte-americana Trinitech e a holandesa Chemi Pharmacie Holland. O representante local da EWR em Kigali é Alfred Rwigema, cunhado do presidernte Paul Kagame. O informe das Nações Unidas acusa o presidente ruandês de jogar um papel motor na exploração dos recursos naturais da República Democrática do Congo. A direção da EWR afirma ter rechaçado propostas comerciais da Grands Lacs Metals, outra companhia de coltan controlada pelo exército ruandês.

Alcatel, Compaq, Dell, Ericsson, HP, Lucent, MOtorola, Nokia, Siemens e outras companhias de ponta utilizam condensadores e outros componentes que contém tântalo, assim como as companhias que fabricam estes componentes como AMD, AVX, Epcos, HItachi, Intel, Kemet, NEC.

Objetivo: dividir o Congo

Estes obscuros negócios são, em primeira instância, os culpados de uma guerra que não se torna menos dramática e pesada por ser esquecida. Com um agravante: teme-se que sobre o mesmo território da R.D. do Congo pese a ameaça da divisão em vários estados, o que facilitaria mais ainda a exploração dos recursos. Isto já foi pressentido e denunciado por Cristophe Munzihirwa, arcebispo de Bukavu - e por isso o exército ruandês o assassinou.

Mais recentemente, o bispo congolês de Kaminha, Jean-Anatole Kalala Kaseba declarou: “os que criaram esta situação podem terminá-la, especialmente os EUA. A ONU está ali, inclusive na minha diocese. São observadores. Têm um programa que não querem dizer-nos. Asseguram que vieram para interpor-se aos beligerantes, mas vem a confirmar a repartição do país. Preferiríamos que estivessem em todas as cidades, mas não estão presentes em Uganda nem na Ruanda. Temos razões para crer que foram enviados pelas multinacionais. O presidente de Botsuana Kett Masire - o mediador do conflito congolês - disse claramente que se fracassar o diálogo inter-congolês, a ONU tomará de novo o país em suas mãos. Não é novidade. Esta guerra foi provocada para isso. A ONU quer que fracasse o diálogo inter-congolês para dirigir o país como um protetorado. Creio que a ONU está hoje a serviço de uma grande potência e faz o que esta quer.”

Isto não é apenas um temor. Em março de 2002, o governo de Ruanda, que converteu parte de Kivu em uma extensão de seu território, se apropriou de todos os serviços telefônicos nacionais de Buvaku.

6. NIÓBIO: A RIQUEZA DESPREZADA PELO BRASIL

Artigo com referências publicado em 19/02/2008 pelo site Opinião e Notícia

Países ricos gostariam de tê-lo extraído do seu solo, enquanto o Brasil dispensa pouca importância e esse mineral com tão vastas qualidades e de incontáveis aplicações.

O nióbio, símbolo químico Nb, é muito empregado na produção de ligas de aço destinadas ao fabrico de tubos para condução de líquidos. Como curiosidade, o nome nióbio deriva da deusa grega Níobe que era filha de Tântalo que foi responsável pelo nome de outro elemento químico, tântalo.

O nióbio é dotado de elasticidade e flexibilidade que permitem ser moldável. Estas características oferecem inúmeras aplicações em alguns tipos de aços inoxidáveis e ligas de metais não ferrosos destinados a fabricação de tubulações para o transporte de água e petróleo a longas distâncias por ser um poderoso agente anticorrosivo, resistente aos ácidos mais agressivos, como os naftênicos.

Inúmeras são as aplicações do nióbio, indo desde as envolvidas com artigos de beleza, como as destinadas à produção de jóias, até o emprego em indústrias nucleares. Na indústria aeronáutica, é empregado na produção de motores de aviões a jato, e equipamentos de foguetes, devido a sua alta resistência a combustão. São tantas as potencialidades do nióbio que a baixas temperaturas se converte em supercondutor.

O elemento nióbio recebeu inicialmente o nome de "colúmbio", dado por seu descobridor Charles Hatchett, em 1801. Não é encontrado livre no ambiente, mas, como niobita (columbita). O Brasil com reserva de mais de 97%, em Catalão e Araxá, é o maior produtor mundial de nióbio e o consumo mundial é de aproximadamente 37.000 toneladas anuais do minério totalmente brasileiro.

As pressões externas que subjugam o povo brasileiro

Ronaldo Schlichting, administrador de empresas e membro da Liga da Defesa Nacional [entidade nacionalista fundada por Olavo Bilac], em seu excelente artigo, que jamais deveria ser do desconhecimento do povo brasileiro, chama a atenção sobre a "Questão do Nióbio" e convoca todos os brasileiros para que digam não à doutrina da subjugação nacional. Menciona que a história do Brasil foi pautada pela escravidão das sucessivas gerações de cidadãos submetidos à vergonhosa doutrina de servidão.

Schlichting, de forma oportunista, desperta na consciência de todos que "qualquer tipo de riqueza nacional, pública ou privada, de natureza tecnológica, científica, humana, industrial, mineral, agrícola, energética, de comunicação, de transporte, biológica, assim que desponta e se torna importante, é imediatamente destruída, passa por um inexorável processo de transferência para outras mãos ou para seus 'testas de ferro' locais".

Identificam-se, nos dizeres do membro da Liga de Defesa Nacional, as estratégias atualmente aplicadas contra o Brasil nesta guerra dissimulada com ataques transversais, característicos dos combates desfechados durante a assimetria de "4ª Geração".  Os brasileiros têm que ser convencidos de que o Brasil está em guerra e que de nada adianta ser um país pacífico. Os inimigos são implacáveis e passivamente o povo brasileiro está assistindo a desmontagem do país. Na guerra assimétrica, de quarta geração de influências sutis, não há inicialmente uso de armas e bombardeios com grande mortandade. O processo ocorre de forma sub-reptícia, com a participação ativa de colaboracionistas, entreguistas, corruptos, lobistas e traidores. O povo na sua esmagadora maioria desconhece o que de gravíssimo está ocorrendo na sua frente e não esboça nenhum tipo de reação. Por trás, os países hegemônicos, mais ricos, colonizadores, injetam volumosas fortunas em suas organizações nacionais e internacionais (ONGs, religiosas, científicas, diplomáticas) para corromperem e corroerem as instituições e autoridades nacionais para conseqüentemente solaparem a moral do povo e esvaziar a vontade popular. Este tipo de acontecimento é presenciado no momento no Brasil.

As ações objetivas efetuadas

A sobretaxação do álcool brasileiro nos EUA; as calúnias internacionais sobre o biodiesel; a não aceitação da lista de fazendas para a venda de carne bovina para a União Européia (UE); a acusação do jornal inglês "The Guardian" de que a avicultura brasileira estaria avançando sobre a Amazônia; as insistentes tentativas pra a internacionalização da Amazônia; a possível transformação da Reserva Indígena Ianomâmi (RII), 96.649Km2, e Reserva Indígena Raposa Serra do Sol (RIRSS), 160.000Km2, em dois países e o conseqüente desmembramento do norte do Estado de Roraima e incontáveis outras tentativas, algumas ostensivas, outras insidiosas. Elas deixam claro que estamos no meio de uma guerra assimétrica de quarta geração, que o desfecho poderá ser o ataque de forças armadas coligadas (OTAN), lideradas pelos Estados Unidos da América do Norte.

É importante chamar a atenção dos brasileiros para o fato de que a RII é para 5.000 indígenas e que a RIRSS é para 15.000 indígenas. Somando as duas reservas indígenas dão 256.649Km2 para 20.000 silvícolas de etnias diferentes, que na maioria nunca viveram nas áreas, muitos aculturados e não reivindicaram nada. Enquanto as duas reservas indígenas somam 256.649Km2 para 20 mil almas, a Inglaterra com 258.256Km2 abriga uma população de aproximadamente 60 milhões de habitantes.

Esta subserviência do Brasil vem de longa data conforme pontifica Ronaldo Schlichting. Ela vem desde "o Império", sendo adotada já no alvorecer da "República" e pode ser exemplificada por "ONGs, fundações, igrejas, empresas, sociedades, partidos políticos, fóruns, centro de estudos e outras arapucas".

As diversas aplicações do Nióbio

Entre os metais refratários, o nióbio é o mais leve prestando-se para a siderurgia, aeronáutica e largo emprego nas indústrias espacial e nuclear. Na necessidade de aços de alta resistência e baixa liga e de requisição de superligas indispensáveis para suportar altas temperaturas como ocorre nas turbinas de aviões a jato e foguetes, o nióbio adquire máxima importância. Podem ser exemplificados outros empregos do nióbio na vida moderna: produção de aço inoxidável, ligas supercondutoras, cerâmicas eletrônicas, lente para câmeras, indústria naval e fabricação de trens-bala, de armamentos, indústria aeroespacial, de instrumentos cirúrgicos, e óticos de precisão.

O descaso nas negociações internacionais

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), a maior exploradora mundial, do Grupo Moreira Salles e da multinacional Molycorp, em Araxá, exporta 95% do nióbio extraído de Minas Gerais.

Segundo o artigo de Schlichting, que menciona o citado no jornal Folha de São Paulo, 5 de novembro de 2003: "Lula passou o final de semana em Araxá em casa da CBMM do Grupo Moreira Salles e da multinacional Molycorp…" E, complementa que "uma ONG financiou projetos do Instituto Cidadania, presidido por Luiz Inácio da Silva, inclusive o 'Fome Zero', que integra o programa de governo do presidente eleito".

O Brasil como único exportador mundial do minério não dá o preço no mercado externo, o preço do metal quase 100% refinado é cotado a US$ 90 o quilo na Bolsa de Metais de Londres, enquanto que totalmente bruto, no garimpo o quilo custa 400 reais. Na cotação do dólar de hoje (R$ 1,75), R$ 400,00 = $ 228,57. Portanto, $ 228,57 – $ 90,00 = $ 138,57. Como conclusão, o sucesso do governo atual nas exportações é "sucesso de enganação". O brasileiro é totalmente ludibriado com propagandas falsas de progressos nas exportações, mas, em relação aos negócios internacionais, de verdadeiro é a concretização de maus negócios.

Nas jazidas de Catalão e Araxá o nióbio bruto, extraído da mina, custa 228,57 dólares e é vendido no exterior, refinado, por 90 dólares. Como é que pode ocorrer tal tipo de transação comercial com total prejuízo para a população do país? É muito descaso com as questões do país e o desinteresse com o bem-estar do povo brasileiro. Como os EUA, a Europa e o Japão são totalmente dependentes do nióbio e o Brasil é o único fornecedor mundial, era para todos os problemas econômicos, a liquidação total da dívida externa e de subdesenvolvimento serem totalmente resolvidos.

Deve ser frisada a grande importância do nióbio e a questão do desmembramento de gigantescas fatias de territórios da Amazônia, ricas deste metal e de outras jazidas minerais já divulgadas. As pressões externas são demasiadas e visam à desmoralização das instituições brasileiras das mais diversas formas, conforme pode ser comprovado nas políticas educacionais e nos critérios de admissão de candidatos às universidades. Métodos que corrompem autoridades destituídas de valores morais são procedimentos que contribuem para a desmontagem do país. Uma gama extensa de processos que permitam os traidores obterem vantagens faz parte para ampliar a divulgação da descrença, anestesiando o povo, dando a certeza de que o Brasil não tem mais jeito.

A questão do nióbio é tão vergonhosa que na realidade o mundo todo consome l00% do nióbio brasileiro, sendo que os dados oficiais registram como exportação somente 40%. Anos e anos de subfaturamento tem acumulado um prejuízo para o país de bilhões e bilhões de dólares anuais.

Ronaldo Schlichting, no seu artigo publicado, ressalta que "no cassino das finanças internacionais o jogo da moda é chamado de 'mico preto', cujo perdedor será aquele que ao fim do carteado ficar com a carta do mico, denominada dólar". É, devido à incompetência do governo brasileiro e do ministro da Fazenda, quem ficou com o mico preto foi o povo brasileiro, o papel pintado, falso, sem valor, chamado de dólar.

O que está ocorrendo é que o Brasil está vendendo todas as suas riquezas de qualquer jeito e recebendo o pagamento em moeda podre, sem qualquer valor, ficando caracterizada uma traição ao país e ao povo brasileiro.







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