Ano XXV - 19 de abril de 2024

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DELEGADO FEDERAL VÊ SALADA DE CRIMES


DELEGADO FEDERAL VÊ ‘SALADA DE CRIMES’

FUNCIONÁRIO DO BANCO CENTRAL COM VÁRIAS INSCRIÇÕES NO CPF

Por Renato Cordeiro - Jornal do Brasil, 11/07/2000

Inquérito Policial não Saiu da Gaveta, Fraudes, Crimes contra investidores no SFN - Sistema Financeiro Nacional, Banco Marka, crime de estelionato e falsidade ideológica, evasão de divisas, emissão fraudulenta de debêntures.

PF [Polícia Federal] detecta indícios de estelionato e falsidade ideológica nos múltiplos CPF de funcionários do BC

Responsável por alguns dos inquéritos que investigam crimes contra o sistema financeiro, como o escândalo do socorro ao banco Marka, o delegado Deuler Rocha Júnior, da Superintendência da Polícia Federal do Rio, vê indícios de vários crimes graves nas denúncias feitas pela professora Vera Lúcia de Barros Pereira, viúva do chefe da Divisão de Administração do Selic, Adilson Teles de Oliveira.

"O quadro geral indica a necessidade de apuração. Há indícios de que houve uma salada de crimes contra o sistema financeiro nessa história. Numa análise superficial, também identifico que houve pelo menos os crimes de estelionato e falsidade ideológica", observou o delegado, da Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Delecoie) da PF.

Deuler lembra que a duplicidade de CPF - Adilson tinha quatro registrados em seu nome - não é um "crime fim".

"Ele é, na verdade, um meio de se praticar outros crimes. A partir desses CPF a gente pode levantar outros documentos e identificar se houve participação de outras pessoas ou empresas no suposto esquema de corrupção apontado pela viúva", explicou.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Vera disse que o marido estava envolvido num esquema de corrupção, venda de informações privilegiadas e favorecimento a alguns bancos.

O delegado disse que vai esperar o Ministério Público se manifestar sobre o caso para abrir ou não inquérito policial. Segundo Deuler, a PF não teria dificuldade de investigar as denúncias caso haja solicitação dos procuradores da República. O delegado acha que o inquérito pode até demorar, mas vai chegar a uma conclusão. "Este não seria um inquérito de palavras, de muitos depoimentos. Os documentos por si só já falam demais", disse Rocha.

O delegado preside na Polícia Federal do Rio alguns inquéritos recentes que investigam crimes financeiros de grande repercussão. Entre eles o que apura a denúncia de evasão de divisas contra o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes e pelo irmão de seu ex-sócio na consultoria Macrométrica, Sérgio Luiz Bragança. Ele também preside o inquérito que investiga a emissão fraudulenta de debêntures pela empresa Teletrust, no valor de R$ 365 milhões, com intermediação do Banco Marka, de Salvatore Cacciola. Também participou das investigações das contas fantasmas do Banco Nacional.

INQUÉRITO POLICIAL NÃO SAIU DA GAVETA

Por Helton Fraga com a colaboração de Marcelo Kischinhevsky - Jornal do Brasil, 11/07/2000

Apesar do empenho da professora de literatura Vera Lúcia de Barros Pereira e Oliveira em descobrir o mistério que cerca a morte do marido e do desarquivamento do inquérito determinado pelo Ministério Público Estadual, a Polícia Civil do Rio nada fez até agora para reiniciar as investigações sobre o assassinato do executivo do Banco Central (BC) Adilson Teles de Oliveira, ocorrido há nove anos.

Pelo menos até a tarde de ontem, o processo n° 7919, originado do inquérito 62/91, dormia em uma gaveta do cartório da 16ª DP (Barra da Tijuca), sem ter chegado à mesa da sala do delegado Napoleão Salgado. Na capa de papelão do maço 354, um aviso manuscrito, num pequeno pedaço de papel amarelo: "Eliane: refere-se ao caso da senhora Vera". Eliane é a chefe do cartório da 16ª DP.

Paradeiro - O grau de desconhecimento do delegado sobre o paradeiro do processo pode ser medido pela afirmação que ele fez na tarde de ontem ao JORNAL DO BRASIL. O delegado Napoleão Salgado disse desconhecer os detalhes do caso porque o inquérito ainda estaria na 28ª Vara Criminal. "Enquanto não chegar aqui, não posso fazer nada", disse Napoleão, sem saber que a papelada estava na delegacia desde 30 de junho, remetida pelo juiz Hélio de Farias em janeiro deste ano, depois do parecer do Ministério Público favorável ao desarquivamento, datado de 9 de novembro do ano passado. "O pouco que sei foi o que eu li nas reportagens publicadas."

"Não me surpreende", resumiu ontem a viúva, ao saber da desinformação do delegado. "Estive lá na semana passada e me disseram que o inquérito ainda não estava lá, mas depois acabaram achando."

Sem investigação - Adilson Teles de Oliveira foi assassinado com um tiro no coração num suposto assalto na Avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca (Zona Oeste), em 16 de janeiro de 1991. Ele estava acompanhado da também funcionária do Banco Central Maria Theresa Borges Murgel. De acordo com depoimento dela na época, três homens participaram do assalto, que ocorreu no instante em que Adilson estacionava o carro em frente ao trailer 71. O carro foi encontrado pela polícia dois dias depois, em São Conrado. O caso foi arquivado pela Justiça em 1994, sem que fossem ouvidas diversas testemunhas, como o homem que socorreu ambos após o crime. Nem sequer foi feita perícia no automóvel de Adilson, recuperado dois dias depois, totalmente revirado, mas com aparelho de som intocado.

Na ocasião, a funcionária do BC que acompanhava Adilson só conseguiu fornecer uma descrição detalhada de um dos bandidos.






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