Ano XXVI - 5 de outubro de 2024

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O PERIGO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS



O PERIGO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS

São Paulo, 27 de janeiro de 2005.

Mais uma vez veio à tona o perigo que os investidores correm quando aplicam em fundos de investimentos. Isto foi mostrado pela “moratória” declarada pela Argentina. No Brasil, os fundos de investimentos administrados pelos bancos já fizeram o mesmo que está acontecendo agora com os credores argentinos na Europa. Estes fatos colocam em dúvida a honestidade e a seriedades dos banqueiros em todo o mundo.

Diante da derrocada dos planos econômicos argentinos por ter, como o Brasil, atendido cegamente as exigências do FMI - Fundo Monetário Internacional, os nossos “hermanos” de fronteira sulina (“irmãos” argentinos), não podendo pagar sua dívida, nem os juros dela, resolveram impor aos investidores a troca dos títulos vencidos por outros de longo prazo e com taxas de juros bem menores.

Para surpresa do governo argentino os credores atualmente não são os mesmos que adquiriram os títulos no seu lançamento. Naquela época do lançamento, os adquirentes eram instituições financeiras estabelecidas na Argentina, acontecendo de forma idêntica em todo sistema financeiro internacional. Se a taxa de juros é interessante, os banqueiros adquirem os títulos públicos e ficam usufruindo dos rendimentos. Muitos desses títulos são repassados para uma casta de investidores importantes (“corporate”), que assim também conseguem ganhar praticamente o mesmo que os banqueiros estão ganhando. A outra parte da carteira desses títulos públicos é financiada no mercado de capitais, que no Brasil ficou conhecido como “open market” ou “over night”.

“Open Market” é o mercado aberto ou “mercado de balcão” de títulos e valores mobiliários, que é praticado pelas instituições do sistema financeiro, em transações geralmente lastreadas por títulos públicos. É chamado também de mercado de balcão porque é realizado por mesas de operações situadas em cada estabelecimento, via telefone, sem o uso dos pregões das bolsas de valores. Porém, as distribuidoras e corretoras de valores também participam desse mercado de balcão, como intermediárias entre bancos vendedores e compradores. No “Over Night” são efetuadas essas mesmas operações, mas com o prazo de apenas um dia útil. Neste caso, são praticadas taxas de juros que variam de conformidade com a necessidade do banco vendedor dos títulos conseguir dinheiro para fechar a sua conta de Reservas Bancárias no Banco Central do Brasil. Ou seja, os bancos não podem ficar com saldo devedor no Banco Central depois de apurado o resultado diário das câmaras de compensação de cheques. E, caso esse saldo devedor ocorra, os bancos precisam vender títulos ou outros ativos (ouro e moedas estrangeiras) para conseguir o dinheiro necessário para cobrir o saldo negativo.

Corporate é o nome que os banqueiros passaram a utilizar para distinguir seus clientes mais importantes da ralé, que enfrenta as grandiosas filas em suas agências. E também para distinguir os “importantes” daqueles que não são tão ralé, para os quais foi oferecido o Internet Home Banking, através do qual a classe média e as pequenas, médias e microempresas computadorizadas e com internet fazem suas operações bancárias.

Quando a Argentina declarou a moratória praticamente disse: “devo, não nego, pagarei quando puder”. Assim, não tendo dinheiro para pagamento aos credores, a Argentina está praticamente intimando os investidores a trocarem seus créditos por títulos de longo prazo com taxa de juros menores, semelhantes às pagas pelos nossos “Brothers” (“irmãos” norte-americanos).

Os banqueiros, como sempre muito espertos, ao saberem de longa data que o modelo econômico argentino estava mal das pernas (insolvente), venderam os "títulos podres" emitidos pelos “hermanos” para fundos de investimentos e para investidores independentes. Por sua vez, os cotistas dos fundos e os demais investidores agora reclamam da desonestidade argentina ao oferecer tal troca desvantajosa. Do outro lado, os argentinos se defendem deixando claro que os desonestos são os banqueiros que lhes empurraram os títulos sem liquidez. Isto é, os incautos investidores ficaram com o “mico” que seria dos banqueiros.

Veja também o nosso curso (roteiro de pesquisas) sobre Fundos de Investimentos.

Veja ainda os comentários sobre publicações de jornais relativas à destinação de títulos podres para fundos de investimentos: Os Fundos de Investimentos e os Títulos Podres







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