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LULA PROPÕE TAXAÇÃO DE PARAÍSOS FISCAIS PARA ARRECADAR FUNDOS CONTRA A FOME


LULA PROPÕE TAXAÇÃO DE PARAÍSOS FISCAIS PARA ARRECADAR FUNDOS CONTRA A FOME

REVISTA ÉPOCA ONLINE - 15/06/2004

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta terça-feira (15/06/2004) durante discurso num debate na XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), no Anhembi, em São Paulo, a criação de um fundo mundial para o combate a fome, usando recursos arrecadados na taxação de dinheiro colocado em paraísos fiscais e também de um imposto sobre o comércio internacional de armas.

- A fome mata mais do que as guerras - frisou Lula no encontro sobre maneiras de financiamento do desenvolvimento, com a presença do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e de vários chefes de estado.

O presidente brasileiro destacou o nascimento no âmbito da ONU de um grupo de trabalho para formalizar propostas que direcionem a constituição desse fundo internacional de combate à fome, por iniciativa do Brasil, Índia e África do Sul. O projeto conta com o apoio dos presidentes Jacques Chirac, da França, Ricardo Lagos, do Chile, e de Kofi Annan. Lula revelou que o primeiro-ministro da Espanha, Zapetero, também estaria interessado no programa.

- No dia 23 de setembro do ano passado, fiz um doação do prêmio que ganhei no Prêmio Príncipe das Astúrias e outros empresários brasileiros fizeram doações de US$ 1,6 milhão para servir de exemplo para esse fundo de combate à fome. A idéia é que todos os governantes tenham consciência de que a fome mata mais do que as guerras e o pior é que a fome mata gente inocente e até fetos na barriga das mães – declarou ele.

Lula disse que esse grupo reunirá propostas até julho para apresentá-las no próximo dia 20 de setembro, em Nova York.

- Esta é uma responsabilidade dos que comem. Antes, eu achava que as pessoas precisavam passar fome para aprender. Hoje sei que quem tá com fome não faz revolução. Quem está com fome não tem forças para reagir às políticas injustas do mundo – argumentou o brasileiro.

Lula acredita que os governos precisam de mais ação e menos retórica para combater o problema. De acordo com ele, o Banco Mundial e a ONU estimam a necessidade de usar recursos de US$ 50 bilhões para cumprir as metas do milênio, o que para Lula é 'muito modesto', uma vez que o mundo gasta bilhões em armamentos. Lula informou que na semana que vem estará em Nova York e voltará a pregar uma aliança global em favor dos pobres.

- Um dos meus sonhos é que um dia eu acorde e não tenham mais ninguém morrendo de desnutrição e fome. E isso é possível porque o mundo tem alimentos e dinheiro suficiente para isso. O que precisamos é distribuir melhor o pão que produzimos.

Lula apelou, ao final de sua fala, para que os governantes reunidos na Unctad não esqueçam que muitas pessoas no mundo passarão fome nesta terça.

- Todos nós tomamos café da manhã, mas muitos no mundo não tomaram café da manhã, não almoçarão e não jantarão hoje. Pensem nisso – concluiu ele.

"Boa briga" com o FMI na área social

O presidente Lula previu, ainda, uma "briga" com o FMI para permitir que o Brasil tenha a possibilidade de fazer mais investimentos na área social e infra-estrutura.

O Fundo Monetário Internacional analisa a proposta brasileira para desvincular os gastos com investimentos da conta do superávit primário, atualmente em 4,25% do PIB.

- Obviamente que eu acho que precisa brigar um pouco para que isso possa acontecer, afinal de contas ninguém cede a ninguém se não houver um pouco de briga, e uma boa briga sempre faz bem para o fortalecimento da democracia -, disse o presidente.







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