Ano XXV - 20 de abril de 2024

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O TERRORISMO ELEITORAL NOVAMENTE


O TERRORISMO ELEITORAL NOVAMENTE

São Paulo, 8 de abril de 2004 (Revisado em 14-03-2024)

As eleições municipais se aproximam e o terrorismo eleitoral volta com toda sua força. As propagandas dos partidos de extrema direita atacam os de esquerda da base governamental, como sempre fizeram. Os meios de comunicação torcem para aqueles que sempre tiveram maiores verbas publicitárias. E os institutos de pesquisa, até as vésperas das eleições, quase sempre dão como vencedores, ou concorrentes em potencial, aqueles que representam as elites, isto é, os representantes aqueles que lhes pagam para fazer tais pesquisas.

A mesma tática terrorista foi utilizada por um certo banco norte-americano que tem o hábito de dar palpites sobre os títulos da dívida pública brasileira e também de outros países. À medida que se dava como certa a eleição de Lula, eles atribuíam menores "notas" para os títulos brasileiros a ponto destes serem considerados como um dos piores investimentos no mundo.

OS PARTIDOS OPOSICIONISTAS DE EXTREMA DIREITA

O PFL surgiu de uma cisão do PDS (que depois foi PPB e que é o atual PP, de Paulo Maluf). Estes dois partidos são oriundos da ARENA, que foi o partido dos militares e que abrigou Carlos Lacerda (da antiga UDN) e Plínio Salgado, que era fascista (integralista). Carlos Lacerda sempre pregou o Golpe de Estado, desde os tempos em que Getúlio Vargas voltou à presidência em 1950 e Plínio Salgado disse em 1964 que se sentia honrado em pertencer à ARENA, cujas diretrizes, segundo ele, eram a essência do integralismo.

Desde a campanha eleitoral para eleger FHC como presidente, o PFL ganhou a aliança do PSDB (que nasceu de uma cisão do PMDB, oriundo do antigo MDB). Assim o PFL e PSDB, aliados ao PMDB, ao PP, ao PTB e outros partidos de menor expressão, governaram o Brasil apoiando FHC durante os seus oito anos de mandato, com absoluta maioria no Congresso Nacional.

Diante da eleição de Lula como presidente da república, o PFL e PSDB continuaram sua aliança, mas perderam outros que preferiram guindar para o grupo de apoio ao novo presidente. Como o PT e seus aliados de esquerda aceitaram o apoio do PTB, o PDT de Leonel Brizola, resolveu passar para extrema direita, embora tenha apoiado a candidatura de Lula à presidência. O problema é que Brizola se considerava herdeiro da sigla do partido de Getúlio Vargas e a perdeu para Ivete Vargas, que fundou o novo PTB depois da queda democrática do regime militar. Foi por esse motivo que o PFL e o PSDB ganharam o PDT como aliado.

Por serem aliados, e oposicionistas ao novo governo, foi que o PFL, o PSDB e o PDT passaram a dizer abertamente em suas propagandas que o atual governo federal não tem capacidade para resolver os problemas do país. Mas, durante os longos anos que estiveram no comando da nação, os dois primeiros, com maioria absoluta no Congresso Nacional (apoiados pelo PMDB, PP e PTB) também não tiveram tal capacidade e, segundo consta, foram exatamente eles que criaram a conjuntura ingovernável que vivenciamos atualmente.

Diante dessa tendência de privilegiar interesses partidários em detrimento da nação, nitidamente podemos observar que o atual governo federal teve que ceder muitos cargos estratégicos para os seus naturais opositores (PMDB, PP e PTB) para conseguir a maioria no Congresso Nacional e para ter a oportunidade de governar. Dessa forma, este é um governo que, antes de fazer, precisa perguntar à oposição e aos seus aliados de ocasião se de fato pode fazer.

Tal situação pode ser notada na escolha, por exemplo, do dirigente do Banco Central, que nitidamente representa os banqueiros e as diretrizes utilizadas pelo governo anterior e impostas por seus acordos firmados com o FMI - Fundo Monetário Internacional. Nota-se ainda que as antigas empresas estatais, agora privatizadas, com base em contratos firmados de forma desvantajosa à população, têm a possibilidade de causar a desestabilização e gerar a inflação. Isto significa dizer, entre outras coisas, que o atual governo é obrigado a administrar os destinos da nação sob as rédeas daqueles que sempre defenderam os interesses estrangeiros, porque suas fortunas também estão no Brasil com se fosse estrangeiras. E isto continuará ocorrendo enquanto a elite empresarial e política brasileira não se tornar nacionalista, patriota.

Não se trata propriamente de ser contra o capitalismo internacional ou favorável ao “perigoso” comunismo, este assim enxergado preconceituosamente pela elite brasileira, que convenceu a classe média a marchar contra o governo de João Goulart em 1964. Depois da legalização dos partidos comunistas e socialistas e da queda da URSS - União das Repúblicas Soviéticas Socialistas, todos nós tivemos a prova de que eles nunca foram perigo para ninguém.

Pelo menos alguns já estão enxergando que, pelo contrário, perigoso mesmo sempre foi imperialismo praticamente indestrutível das elites e das potências mundiais que corrompem e aliciam a todos e não medem esforços ilegais, imorais e mentirosos para impor sua superioridade, intimidando os econômica e belicamente mais fracos.

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Antes mesmo de entrarmos no real período da nova campanha eleitoral, os meios de comunicação ainda estão em cima do muro. Eles não podem abertamente irromper contra o governo para não perderem as verbas publicitárias, que podem ser entregues a uma possível rede de rebeldes emissoras concorrentes. Mas, já vêm fazendo algumas críticas não diretamente ao governo, tentando desacreditar os partidos de esquerda que apoiaram o presidente em sua candidatura. É perfeitamente perceptível a deliberada intenção de prejudicar o PT, atualmente o maior partido político do Brasil.

Aproveitando-se da situação, algumas emissoras em dificuldades financeiras querem dinheiro emprestado de órgãos oficiais a juros privilegiados e com longos prazos de carência, que não são oferecidos, por exemplo, aos enfraquecidos mutuários do SFH - Sistema Financeiro da Habitação. Enquanto isso ocorre, setores carentes, onde essas mesmas verbas seriam bem mais úteis, ficam sem os recursos financeiros, como, por exemplo, a Reforma Agrária que resolveria parcialmente os problemas enfrentados por cerca de um e meio milhão de pessoas. Esse dinheiro poderia ainda incrementar o “FOME ZERO”, ou resolver os problemas do sistema de saúde pública e até recuperar as rodovias federais, tão necessárias ao escoamento da produção agrícola, não só para o consumo da população nativa como também para exportação. Com essa verba os portos também poderiam ser ampliados e reaparelhados para que as exportações fossem facilitadas.

Nos meios de comunicação precisamos de maior concorrência. Por isso o governo não deve arcar com os absurdos administrativos e financeiros daquela que se diz “a mais poderosa”, que gasta fortunas contratando profissionais que ficam na “geladeira” simplesmente para impedir que trabalhem em outras emissoras, impedindo, assim, que estas prosperem.

OS INSTITUTOS DE PESQUISA

No final de março de 2004 alguns institutos de pesquisa fizeram alarde sobre a quebra de popularidade do governo federal. Os meios de comunicação aproveitaram para divulgar acintosamente os pontos negativos apontados pela pesquisa. O governo, por sua vez, contra-atacou com grande campanha publicitária para felicidade de alguns ostentosos e inescrupulosos profissionais e dirigentes das empresas de rádio e televisão. A tática é perfeita: dizemos que o governo não está fazendo nada e assim ele é obrigado a gastar dinheiro com propaganda. É assim que enriquecem os desonestos.

Não há como contestar que o governo federal não vem agradando a massa popular. Também é certo que não está podendo governar e que está sendo obrigado a fazer o que não queria. Isto pode ser facilmente percebido comparando-se o que dizia antes e o que está fazendo agora. Tudo está bem evidente em nosso dia a dia. Basta conversar com as pessoas que nos cercam para observar a insatisfação geral e o desânimo daqueles que não estão conseguindo ver o um futuro promissor. Muitos estão sendo iludidos pelo destaque dado aos problemas governamentais, que são comumente divulgados e reprisados pelos formadores de opinião das emissoras de rádio e televisão e também por grande parte da imprensa, que sempre esteve a serviço dos grupos agora oposicionistas. O interessante agora é que criticam a falta de solução de problemas deixados pelo governo anterior e que naquela época não era criticado.

Voltando aos órgãos de pesquisas, quem já estudou as noções básicas de estatística sabe muito bem que existem regras para se calcular o número de pessoas a serem consultadas num determinado universo populacional. É sabido também que as populações estão divididas em pelo menos cinco classes sociais distintas. Assim, a amostragem estatística deve ser tecnicamente calculada e escolhida com o uso da proporcionalidade entre as diversas classes sociais e entre as populações das cidades, de forma que não existam grandes distorções nas apurações, nem volumosas margens de erro.

Porém, os empresários das pesquisas, disfarçados na forma de entidades sem fins lucrativos para sonegarem impostos, têm divulgado que têm consultado cerca de duas mil pessoas em quase duzentos municípios. Isto evidencia que em média foram ouvidas apenas dez pessoas em cada uma das quase duzentas cidades visitadas pelos pesquisadores. É difícil acreditar que os tais institutos de pesquisas tenham estado nessa quantidade de cidades ou lá tenham representantes para entrevistar somente dez pessoas em cada uma delas.

Não é preciso ser um estudioso ou profissional de estatística para perceber que esse tipo de amostragem é insignificante para apresentar uma tendência confiável. Assim sendo, a menor das cidades pesquisadas deveria ter pelo menos umas trinta pessoas ouvidas. Se considerarmos a necessidade de distribuição da população em classes econômicas e sociais, seria necessário consultar pelo menos 30 pessoas em cada uma dessas classes. Assim, seriam no mínimo 150 pessoas em cada um dos 200 municípios visitados. Ou seja, seriam necessárias no mínimo 30 mil consultas e não apenas as duas mil formuladas. Considerando-se, ainda, que participaram da consulta somente os municípios com mais de cem mil habitantes, usando a proporcionalidade, em cada uma das cidades com cerca de um milhão de habitantes deveriam ser pesquisadas 1500 pessoas e as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, cerca de 15 mil consultados em cada uma. Do exposto, podemos concluir que, para se ter uma amostragem significativa e digna de fé pública, seria necessário consultar aproximadamente 50 mil pessoas.

Da forma com dizem que são feitas as pesquisas, é praticamente impossível encontrar alguém que tenha participado das mesmas. Pergunte as seus familiares, aos seus vizinhos, aos seus colegas de trabalho, aos motoristas de táxis, aos dos ônibus ou das peruas, e todos responderão que nunca foram consultados e que também não conhecem alguém que tenha sido.

OS EMPRESÁRIOS

Por sua vez, cumprindo o seu papel nesse esquema teatral de terrorismo eleitoral, os grandes empresários dificultam a sobrevivência das pequenas e médias empresas, que são inegavelmente grandes geradoras de empregos, que, não os gerando, causam problemas de credibilidade ao governo. Contribuindo ainda com a desestabilização econômica, política e social, estes empresários têm aumentado preços, sem aumentar os salários de seus empregados.

Os principais intuitos com tais medidas desestabilizadoras são a criação de zonas de miséria e a conseqüente redução do consumo, que provocam a falência das pequenas e médias empresas espalhadas pelas cidades. E são justamente as pequenas e médias que vendem às classes mais pobres da população. Com a redução do consumo interno, sobram produtos para exportação, que enriquecem mais ainda os que já estão ricos, dando-lhes a possibilidade de, com os dólares obtidos com o subfaturamento das exportações, poderem comprar os bens estrangeiros de alto preço que não estão ao alcance dos cidadãos comuns. Esses produtos são importados de forma subfaturada como forma de pagar menos impostos.

De seu lado, as grandes redes de supermercados, contribuindo para o caos, estabelecem cotas por pessoa para compra de determinados produtos de menor preço e de primeira necessidade, estimulando assim a procura e fazendo com que alguns consumam os produtos mais caros para evitar o constrangimento de terem que passar várias vezes pelo caixa, enfrentando longas filas, em razão da insuficiência de empregados para atendimento ao público.

Através de seus órgãos de classe, os grandes empresários há muitos anos vêm reclamando das altas taxas de juros que somente beneficiam os banqueiros e os grandes investidores do mercado de capitais, prejudicando os investimentos na produção. Estas aplicações de capital na produção não são feitas porque é mais lucrativo investir na ciranda financeira do que produzir e gerar empregos.

O governo, por sua vez, não tem saída. É obrigado a pagar altos juros sobre a dívida deixada por seus antecessores, mas pagaria bem menos se tivesse reduzido as taxas de juros mais rapidamente.

Mesmo lucrando com a ciranda financeira, alguns empresários vêm criticando o governo como forma de convencer a opinião pública para novamente colocar nos postos governamentais os seus pares, que continuarão privilegiando as exportações e a ciranda financeira em detrimento do consumo interno e da melhoria das condições de sobrevivência da população. Parece indiscutível que a elite empresarial e política brasileira quer a perpetuação da situação de miséria que o país vêm atravessando há muito tempo, a ponto de estar entre os países com pior distribuição de renda.

CONCLUSÃO

Essas são as formas utilizadas para se fazer o terrorismo eleitoral e derrubar um governo através das urnas. E assim os formadores de opinião conseguem convencer a população a votar em seus verdadeiros algozes.

É identicamente isto que está acontecendo na Venezuela e em alguns países da Europa, onde o povo também elegeu um presidente oriundo de partido de esquerda. É a verdadeira rebelião da elite endinheirada contra a parte mais carente da população, por esta ter ousado em sua tentativa de modificar os destinos da nação através das urnas.

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