Ano XXV - 18 de abril de 2024

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BANCO CENTRAL INDEPENDENTE É GOVERNO PARALELO 2


BANCO CENTRAL INDEPENDENTE É GOVERNO PARALELO 2

SERVE APENAS COMO INSTRUMENTO DE MANIPULAÇÃO DAS TAXAS DE JUROS

São Paulo, 04/09/2014 (Revisado em 18-03-2024)

Governo Paralelo - Defendendo os interesses mesquinhos dos Lobistas dos Magnatas do Mercado Financeiro e de Capitais - Sonegação Fiscal, Lavagem de Dinheiro, Blindagem Fiscal e Patrimonial - Ocultação de Bens, Direitos e Valores em Paraísos Fiscais. Desfalques no Tesouro Nacional, Fraudes nos Cofres Públicos - Comitês de Políticas Monetárias.

  1. A TAXA DE JUROS MANIPULADA PELOS AGENTES DO MERCADO DE CAPITAIS
  2. O VERDADEIRO SENTIDO DO BANCO CENTRAL INDEPENDENTE DE MARINA
  3. NOVA TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

Veja também:

  1. Cartel: O Poder das Agências Nacionais Reguladoras - Governo Paralelo Dificultando a Goveranbilidade - 15/02/2003
  2. O Fim do Governo Paralelo - Agências Nacionais Reguladoras - 15/01/2004
  3. Governo Paralelo #3 - A Incapacidade Administrativa dos Criadores das Agências Reguladoras - 03/09/2007
  4. Governando Contra o Brasil - Incentivo Fiscal à Exaustão das Reserva Minerais Brasileiras - 08/05/2010
  5. Governando Contra o Brasil #2 - A Produtividade e a Qualidade Imposta pelas Privatizações - 20/06/2010
  6. Governando Contra o Brasil #3 - Torcendo Contra a Seleção Brasileira - 04/06/2011
  7. Banco Central Independente como Governo Paralelo - Banco Central Independente é Patetada - 12/05/2012
  8. Mais Uma Vez o Banco Central como Governo Paralelo - Por Um Banco Central Republicano - 19/09/2014
  9. O Absolutismo Ditatorial do Banco Central Europeu - Os Países Europeus São Reféns de Um Banco Central Independente - 12/10/2014
  10. O Banco Central Autônomo de Delfim Netto - A Autoridade Monetária Gerando a Inflação de Expectativa - 09/11/2014
  11. Banco Central Bloqueia Participação do Brasil no Banco dos BRICS - O Absolutismo Ditatorial dos Dirigentes do BACEN - 09/05/2015

1. A TAXA DE JUROS MANIPULADA PELOS AGENTES DO MERCADO DE CAPITAIS

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O coordenador deste COSIFE já escreveu vários textos desmentindo a falácia de que o aumento da taxas de juros combate a inflação. Somente os economistas ortodoxos (chamados de conservadores, arcaicos ou monetaristas), que sempre estão a serviço do grande capital e dos agentes do "mercado" meramente especulativo, tendenciosamente acreditam nessa mencionada falácia.

A lógica é a seguinte. Sabendo-se que Estados Unidos nunca foram vítimas de autos índices de inflação, com base na teoria econômica dos monetaristas, obviamente deveria ser o país com a maior taxa de juros em todo o mundo. Afinal, com base na arcaica cartilha os conservadores continuam a dizer que as altas taxas de juros combatem a inflação. Entretanto, na prática essa premissa não é verdadeira. Os Estados Unidos têm a menor taxa de juros em todo o mundo e é justamente por isso que não sofrem do pesadelo inflacionário.

Outros dizem que a taxa de juros norte-americana é baixa em razão da ausência de risco sistêmico, o que é mentira. As falências encadeadas nos Estados Unidos vêm acontecendo ciclicamente em várias épocas e o mais grave surto aconteceu em 2008. Por tais incertezas, com constantes falências de grandes empresas, os investimentos nos Estados Unidos podem ser tidos como os mais arriscados do mundo. Por quê?

  1. Porque a moeda norte-americana desde a década de 1970 não tem lastro em ouro e nem em reservas monetárias;
  2. Porque em valores absolutos as importações ianques são sempre maiores que suas exportações, provocando crônicos déficits no Balanço de Pagamentos daquele país;
  3. Porque as empresas norte-americanas fugiram para paraísos fiscais, deixando "Ao Deus Dará" verdadeiras cidades fantasmas, razão pela qual aquele país chegou à bancarrota em 2008;
  4. Porque os EEUU têm atualmente uma impagável dívida externa que é superior ao seu PIB - Produto Interno Bruto.

Em matéria de pilantragem, os executivos e os empresários brasileiros ainda estão na escola elementar enquanto os norte-americanos já são doutores (PHD).

RISCO USA VERSUS RISCO BRASIL

Diante de tais fatos, inegavelmente verdadeiros, torna-se lógico que exista um elevado risco para os investidores em títulos norte-americanos.

Na prática o Risco USA é bem maior que o Risco Brasil justamente porque eles não têm produtos exportáveis em valor suficiente para pagamento de sua elevadíssima dívida, sempre crescente.

O Brasil, ao contrário dos "States", sempre foi espoliado por colonizadores e neocolonizadores, entre eles, os próprios norte-americanos, que foram presenteados com a batuta de um maestro depois da 2ª Guerra Mundial. Mesmo assim o Brasil ainda tem muito o que exportar, ao contrário dos países chamados de hegemônicos (colonizadores).

Todos os anos no Brasil são descobertas novas jazidas de minérios, o que não acontece nos países europeus desde o século XVI, razão pela qual saíram pelo mundo procurando as matérias-primas que naquela época já não mais possuíam.

A MANIPULAÇÃO DA TAXA DE JUROS

Conforme noticiou os meios de comunicação em todo o mundo (lembre-se dos dirigentes do  BARCLAYS), para não perderem seus investimentos especulativos, os grandes bancos norte-americanos e europeus, tendo os executivos do Barclays como grandes maestros da pilantragem internacional, andaram manipulando as taxas de juros. Parece óbvio que também fizeram ou ainda fazem o mesmo no Brasil.

Assim sendo, os dirigentes dos Bancos Centrais Independentes podem ser facilmente manipulados pelos lobistas contratados pelos magnatas escondidos em paraísos fiscais, que são aqueles mesmos que causaram a falência dos países desenvolvidos.

Outro fato. O Brasil sempre teve as maiores taxas de juros do mundo desenvolvido, incluindo-se nesse grupo os países emergentes, que são os principais fornecedores de matérias-primas e alimentos para os países colonizadores. E isto vem acontecendo desde o Século XVI, quando os navegadores europeus aventuram-se pelos mares e oceanos a procura do que lhes faltava.

NO BRASIL AS ALTAS TAXAS DE JUROS NUNCA COMBATERAM A INFLAÇÃO

O fato é: Mesmo com taxas de juros muito elevadas, o Brasil sempre teve altíssimos índices de inflação, exatamente ao contrário do que sempre aconteceu nos Estados Unidos.

Dessa comparação podemos concluir que lá não tem inflação justamente porque as taxas de juros são baixas. Ou seja, a teoria econômica lá é uma e aqui é outra. Justificando essa disparidade de procedimentos, podem alegar que eles são desenvolvidos e nós subdesenvolvidos. Assim nos enganam há séculos. E tem gente que ainda acredita neles.

Portanto, é fácil perceber que a teoria econômica é mutável, de conformidade com a "cara de fome" do freguês terceiro-mundista e é sempre tendenciosamente favorável aos detentores do Grande Capital.

Pergunta-se: Como se pode acreditar numa teoria econômica que na prática está sempre errada?

Veja o texto Os Neoliberais Decretaram o Fim do Banco Central Independente, escrito e publicado originalmente em inglês. Nele, o articulista tenta mostrar que a cínica tendenciosidade dos neoliberais levou os sensatos a acreditarem que os Bancos Centrais Independentes são de fato altamente prejudiciais à governabilidade dos países.

Essa excessiva liberdade dada aos Comitês de Políticas Monetárias, sempre ingenuamente "ludibriados" por convincentes lobistas (verdadeiros Estelionatários), os transformaram em manipulados Governos Paralelos (verdadeiros Ditadores), que de modo impatriótico levaram os países hegemônicos a uma bancarrota (falência econômica) praticamente irrecuperável.

TENTANDO EVITAR A ELEIÇÃO DE UM GOVERNO PARALELO

Agora que se aproximam as eleições de 2014, diante das pesquisas efetuadas (manipuladas ou não), podemos perceber que pode ser eleita outra horda de falsos representantes do Povo, que sempre estão a serviço dos grandes capitalistas e nunca a serviço do Povo.

Muitos ressabiados passaram a ficar atentos às propostas dúbias de candidatos que, se eleitos, podem nos levar mais uma vez a um futuro cheio de incertezas, especialmente se o FMI - Fundo Monetário Internacional novamente passar a controlar e a prejudicar a nossa governabilidade por meio de um Banco Central Independente. Lembre-se que nas décadas perdidas de 1980 e 1990 o FMI controlava praticamente todos os Bancos Centrais sul-americanos.

Portanto, precisamos desconfiar daqueles que pretendem abandonar tudo aquilo que levou o Brasil a apresentar-se como 6ª ou 7ª potência mundial PIB - Produto Interno Bruto. Lembre-se também que no final do ano de 2002 o Brasil era o 15º colocado em PIB, depois de já ter ocupado a 8ª posição, quando na nossa frente ainda não estava a China, que também depende das matérias-primas e dos alimentos brasileiros, não em tão grande quantidade como o Japão. e os demais países que estão na nossa frente.

Outro fato interessante é que em 2002 o Brasil não tinha Reservas Monetárias e 10 anos depois chegou a ser o 5º país com maior montante dessas reservas em moedas estrangeiras propiciadas pelas nossas exportações para os países desenvolvidos (neocolonizadores).

Veja a seguir o texto publicado pelo jornalggn.com.br, na coluna Luis Nassif Online - Economia, em 03/09/2014.

2. O VERDADEIRO SENTIDO DO BANCO CENTRAL INDEPENDENTE DE MARINA

Texto em letras pretas por Renato Santos de Souza - UFSM-RS - Universidade Federal de Santa Maria. Com edição do texto original e com comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

O mencionado articulista escreveu:

A “nova política” da Marina Silva é, na verdade, tão velha quanto Adam Smith.

Está lá, no seu Programa de Governo!

Nem eu acreditava nisto, pensei que seria mais um destes programas cheios de boas intenções e de valores nobres, mas vazio de opções e de propostas, ou então cheio de propostas feitas para um outro mundo que não o nosso, como sugere a ideologia da REDE.

Mas não, o Programa da candidata deixou claro que ela é a mais nova versão do neoliberalismo monetarista que cultua a submissão dos governos aos interesses do mercado financeiro, associado à "metáfora" da sustentabilidade para travar investimentos produtivos brasileiros, favorecendo os interesses estrangeiros de quem quer ocupar o nosso mercado e ocupar mercados sobre os quais o Brasil tem avançado.

Melhor para os bancos e para os interesses estrangeiros.

O exemplo mais simbólico desta ideologia conservadora é a tal "independência do Banco Central", a mais nova pregação da presidenciável.

"Entendemos que era preciso dar um sinal forte, dizendo que a autonomia de fato, que agora estava sendo desacreditada, precisava agora ser institucionalizada" disse ela recentemente, sobre a proposta que consta no seu Plano de Governo.

Mas o que é isto, que no discurso fica tão bonito e dá até uma certa autoridade técnica para a candidata:

O que é independência do Banco Central? E o que ela realmente representa?

Bem, vai aqui uma rápida explicação, rememorando os meus tempos [de Renato Santos de Souza] de professor de economia, para aqueles que ainda flutuam sobre o tema sem conhecê-lo por dentro.

A política econômica, da qual dependem os níveis de produção, de crescimento econômico e de emprego de um país, e também os investimentos públicos, tem três grandes componentes:

  1. Política Fiscal, que trata das receitas e gastos do Governo, e afeta o nível dos impostos e os investimentos governamentais;
  2. Política Cambial, que trata da taxa de câmbio e afeta as importações, exportações, as despesas no exterior e as de estrangeiros no Brasil;
  3. Política Monetária, que regula a taxa de juros e a quantidade de moeda na economia.

Pois bem, o Banco Central opera sobretudo a Política Monetária e, no regime de câmbio flutuante, também a Cambial, mas com reflexo forte sobre a Política Fiscal.

Quando o Banco Central é totalmente independente, o Governo praticamente só tem a Política Fiscal para operar a política econômica. Isto representa, para o candidato que defende esta posição, quase como abrir mão de governar, ou reduzir o governante a um alocador dos recursos escassos dos impostos.

Isto é, como foi escrito pelo coordenador deste COSIFE (acima e em outras oportunidades): BANCO CENTRAL INDEPENDENTE é sinônimo de GOVERNO PARALELO.

Desse modo, num país a Presidência da República passa ser mera figura decorativa, tal como no sistema parlamentarista. Ou seja, o Presidente do Banco Central passa a ser o Primeiro Ministro (quem de fato governa).

O Presidente da República passa a ser "O Rei Que Reina Mas Não Governa". Torna-se mero capataz dos seus novos Senhores Feudais, sabendo-se que os dirigentes dos Bancos Centrais representam apenas os poderosos capitalistas.

Assim sendo, o Presidente da República torna-se refém de ladrões que invadiram seu Palácio (a sede do governo).

Em seu texto o articulista, Renato Santos de Souza, professor da Universidade Federal de Santa Maria, continua afirmando:

A independência do Banco Central sempre foi um libelo dos economistas mais liberais, chamados formalmente nas escolas de economia de Monetaristas. E por que Monetaristas?

Porque eles acreditam que o principal dever da política econômica é controlar a inflação, e inflação é um fenômeno monetário e não produtivo (daí o nome Monetarista); então, para eles, inflação se controla com aumento na taxa de juros e redução da quantidade de moeda na economia.

Verdadeiramente a inflação acontece quando os consumidores querem comprar, mas a produção não é suficiente para o pleno atendimento da demanda popular.

Então, aquele consumidor ávido por determinado produto passa a pagar mais para tê-lo antes dos demais. Diante desse fato, principalmente na década de 1980, no Brasil era comum o pagamento de Ágio para obtenção de bens de consumo, que eram providencialmente escondidos (sonegados ou racionados) pelos varejistas, pelos atacadistas e também pelos seus produtores.

Para o empresariado era mais seguro investir em títulos públicos, para que o governo aplicasse o dinheiro obtido em empresas estatais, as quais, depois de funcionando e gerando abundantes lucros, seriam privatizadas por preço de sucata.

Foi exatamente o que aconteceu nas décadas de 1960 a 1990.

CRIANDO MISÉRIA E CRIMINALIDADE POR MEIO DO DESEMPREGO EM MASSA

Na prática, para os Monetaristas, inflação se combate com recessão [sinônimo de DESEMPREGO, gerado pela falta de produção ou pela inércia do sistema produtivo].

E ponto final! A isto se reduziria a política econômica, pois os liberais defendem a não intervenção do governo na economia ("salve-se quem puder", "que se dane o Povo").

Os liberais ou neoliberais defendem o lema: "Se há governo, sou contra". São os verdadeiros Anarquistas, tal como os descrevem os dicionários.

De resto sobra para o governante eleito pelo Povo apenas o controle dos gastos públicos, para que o déficit público e seus mecanismos de financiamento não pressionem a inflação.

Então, a política econômica [invertida] dos monetaristas implica nos governos não fazerem política econômica em favor do Povo, ou não usarem a política econômica para administrar a economia. ... [Para não prover uma catástrofe econômica em que somente o Povo paga a conta,] o Banco Central precisa ser independente na ideologia Monetarista, [isto é, deve ser administrado pelo governo, assim como tudo mais numa Nação politicamente organizada], porque para que o Banco Central possa ficar cuidando apenas da “saúde da moeda[nos bolsos dos grandes capitalistas], precisa retirar dos governos a capacidade de fazer política econômica, que segundo os Monetaristas poderia causar inflação.

Com a prática desse modelo teórico, os defensores do monetarismo acreditam seja possível evitar que o dinheiro nos bolsos dos ricos seja desvalorizado. Estão pouco se importando com as mazelas assim criadas para os pobres e também para a Classe Média. Então, para que a massa consumidora não cause a inflação, é preciso que os trabalhadores fiquem desempregados. Se aplicada essa teoria suicida da total independência dos Bancos Centrais, só restaria ao Governante eleito, como forma de controle, a total estatização da economia. Desse modo, os capitalistas ficariam insatisfeitos e passariam a financiar Golpes de Estado para colocarem no Governo aqueles já conhecidos Ditadores, devidamente subornados, que se tornaram o esteio do neocolonialismo.

OS BANCOS CENTRAIS NUNCA FORAM INDEPENDENTES

Mas de fato, Marina tem razão, o Banco Central nunca foi completamente independente dos governos, afinal, o seu presidente é cargo de confiança da Presidência da República. Enquanto isto acontecer, toda a independência será apenas retórica. Porém, ela diz que esta independência, agora, “precisa ser institucionalizada”, e isto pode significar tirá-lo da alçada da Presidência da República, entregando-o definitivamente aos detentores de Títulos Públicos.

Pelo mundo afora, os governantes que afrouxaram o controle sobre os seus bancos centrais, dando também total liberdade de ação às empresas privadas em seus territórios originais, transformaram seus países em vítimas de grandiosa falência econômica que modificou toda a conjuntura econômica e financeira mundial.

Em razão desse desnorteado ato dos liberais ou neoliberais, os países colonizados tornaram-se credores dos antigos colonizadores. Assim ficou clara a imensa vulnerabilidade dos países desenvolvidos, por falta de matérias-primas, das quais são completamente dependentes porque elas são obtidas apenas nos antigos países colonizados.

De todo o exposto, podemos concluir que os Bancos Centrais realmente independentes seriam controlados somente pelos detentores do Grande Capital, internacionalmente representados pelo FMI - Fundo Monetário Internacional, cujos dirigentes são facilmente manipulados pelos lobistas contratados pelos magnatas escondidos em paraísos fiscais.

Então, assustado, o professor Renato Santos de Souza exclama:

Que risco!

E continua explicando:

Vejam bem, independência do Banco Central, assim, não significa apenas que ele seja independente do Governo, mas que o Governo será dependente dele, o Banco Central, e de quem o controlar (provavelmente os bancos privados e os grandes investidores financeiros).

E porquê? Porque as três políticas descritas acima são interdependentes, mas um Banco Central independente terá protagonismo sobre duas delas, Monetária e Cambial, que afetam diretamente a Política Fiscal. O Governo e sua Política Fiscal é que serão dependentes do Banco Central, invertendo os princípios democráticos e atentando contra a soberania do voto. No limite, vai ser mais relevante eleger o Presidente do Banco Central que o Presidente da República.

Como já foi mencionado, isto significa que o Presidente do Banco Central será um todo-poderoso Governante Paralelo, eleito pelo incógnito grupo dos 1% mais ricos estrangeiros. Significa também que o Presidente do Banco Central será um verdadeiro Ditador, portanto, muito mais importante que o Presidente da República, que foi eleito pelos 95% dos menos afortunados brasileiros.

MOSTRANDO O GRANDE PROBLEMA A SER ENFRENTADO

Por exemplo, se o Banco Central decide aumentar em 1% a taxa de juros, isto significa, atualmente, um aumento de cerca de R$ 20 bilhões anuais de gasto para rolar a dívida pública; 10% de aumento, significa R$ 200 bilhões a mais de gasto público. Quem paga toda essa dinheirama é o Tesouro Nacional. [Trata-se, portanto, de um desfalque nos Cofres Públicos. E todo esse dinheiro desfalcado é oriundo dos impostos pagos pelo Povo]; e onde vai parar o dinheiro? No bolso dos banqueiros e dos especuladores financeiros, que detém os títulos da dívida pública brasileira.

O aumento da taxa de juros significa, também, menos investimentos, menos consumo e, consequentemente, menos arrecadação. Então as decisões do Banco Central afetam as duas pontas da Política Fiscal, a receita e os gastos.

Logo, não mais haverá dinheiro para investir no Desenvolvimento Sustentável do Brasil, tal como acontecia até o final de 2002.

Sendo a Marina Silva uma ferrenha defensora da sustentabilidade, deveria ser contrária ao Banco Central Independente. Porém, ela diz que é a favor.

Durma-se com um barulho desses. A futura catástrofe já foi anunciada.

Como no caso da independência completa do Banco Central só resta ao Governo administrar a Política Fiscal, e como um aumento da taxa de juros levaria à redução da arrecadação e aumento de gastos com a dívida pública [os juros pagos aos magnatas também saem dos tributos arrecadados], a única ação governamental possível é o corte profundo de despesas e investimentos, com reflexos inexoráveis sobre os serviços públicos e sobre os investimentos na infraestrutura que o país tanto precisa.

Descompasso dessa ordem aconteceu nas décadas perdidas de 1980 e 1990.

EXPLICANDO O QUE ACONTECEU NO PASSADO

Com o intento de alertar os mais jovens, o articulista continua:

Para quem acha esta política improvável, lembrem do que faziam os nossos ex-governantes Monetaristas: para eles, esta é uma política muito razoável.

Na era FHC, em que a política econômica era dominada por este mesmo perfil de economistas (alguns dos quais estão agora na equipe da Marina), a taxa de juros Selic chegou a 45% em 1997, e na maior parte do tempo dos seus dois mandatos flutuou acima de 20% ao ano.

As consequências naquela época nós conhecemos bem, arrocho salarial, contingenciamento permanente de recursos, represamento de vagas no serviço público, investimento zero, e tudo mais que fosse necessário cortar para sobrar dinheiro para pagar elevados juros aos bancos. Eu trago lembranças vivas e amargas deste período.

Na Universidade federal onde trabalho não havia dinheiro nem para comprar giz, e vagas ficavam por anos contingenciadas, criando um déficit quase insuportável de pessoal.

Vejamos outro exemplo da falta dos recursos financeiros que foram desviados dos Cofres Públicos para os bolsos dos capitalistas.

O professor Renato Santos de Souza continua a explicar:

Na estrada em que eu viajava todo o mês entre Santa Maria e Pelotas, no RS (uma das mais importantes do estado, pois escoa boa parte da safra gaúcha para o Porto de Rio Grande), o problema não eram os buracos, pois havia grandes trechos, entre 20 e 30 km, em que simplesmente já não havia mais a camada asfáltica. Buracos no asfalto até seriam um privilégio!

Este era o cenário na época, e quem viveu aquele período certamente lembra disto.

Dos 38 mil quilômetros de ferrovias existentes no Brasil, 35 mil quilômetros foram desativados na década de 1990.

Trilhos, dormentes, locomotivas, vagões, galpões, oficinas e tudo mais foi vendido como sucata pelos PRIVATAS, que se comprometeram a bem administrar as empresas privatizadas.

Este quadro mudou a olhos nus quando o Governo já do Presidente Lula passou a reduzir fortemente os juros, que chegaram a 8,65% ao ano ainda no seu período, e a 7,12% no Governo Dilma (hoje está em torno de 10% ao ano, taxa ainda alta para os padrões internacionais).

De fato as rodovias brasileiras foram recuperadas somente no Governo Lula.

Os portos também foram modernizados e a construção naval foi reativada.

A malha ferroviária ainda está sendo paulatinamente reativada.

Os investimentos em energia elétrica aumentados, com a construção de novas hidrelétricas e muitas termelétricas.

Desta redução da taxa de juros é que saíram boa parte dos recursos para os investimentos que, também a olhos nus, nós vemos hoje no Brasil. Esta redução também permitiu-nos enfrentar as crises financeiras internacionais desde 2008, com estímulos à produção e ao consumo como forma de evitar a retração da economia.

Na era dos Monetaristas do FHC, ao contrário, as crises internacionais eram enfrentadas com elevações vertiginosas na taxa de juros, para evitar a “fuga de capitais” e a deterioração do câmbio. O pico de 45% da Taxa SELIC em 1997 foi numa destas crises.

Mas estas são decisões de Governo, não podem ser decisões de um Banco Central Independente, que sequer nós elegeremos. Banco Central independente é uma proposta de governo que serve para a “não política” econômica, típica dos Monetaristas, para quem os governos devem apenas administrar os gastos públicos mantendo o equilíbrio fiscal, e o Banco Central deve cuidar da inflação e do câmbio. E a isto se resumiria a política econômica.

Em síntese, os monetaristas querem defender somente os interesses mesquinhos dos detentores do Poderio Econômico.

Ou seja, a independência do Banco Central significa o Governo abrir mão de fazer a política econômica, e se tornar, de vez, refém do Presidente do Banco Central que fará somente o determinado pelo mercado financeiro, mesmo que essa Polícia Econômica (Inversa) se transforme em total desgraça para os trabalhadores.

O professor Renato Santos de Souza afirma:

E eu não tenho dúvidas, nós pagaremos esta opção política com juros altos e recessão, redução dos investimentos públicos e privados e precarização dos serviços públicos.

ESQUEÇAM DO DESENVOLVIMENTO PADRÃO FIFA

Então, sobretudo aqueles que se iludem com a aparente novidade e pureza de valores da Marina, esqueçam as tais escolas e hospitais padrão FIFA, esqueçam os investimentos em estradas, aeroportos, portos, mobilidade urbana e energia que tanto precisamos, esqueçam as bolsas para intercâmbio no exterior, esqueçam o crédito fácil e barato para a casa própria e para a compra do carro. Esqueçam...

A receita Monetarista que Marina propõe adotar é amarga e seletiva, e não prevê este tipo de Estado presente na vida do cidadão.

OS RESPONSÁVEIS PELA BANCARROTA DOS ESTADOS UNIDOS

Mas isto não é tudo, o principal exemplo de Banco Central independente, para os Monetaristas, é o Federal Reserve Bank, dos EUA, onde o economista Alan Greenspan permaneceu como Presidente por quase 20 anos, passando por governos de republicanos e democratas.

Porém, o suposto Banco Central independente dos EUA não foi capaz de prevenir nem de mitigar a monumental crise financeira pela qual passaram (e ainda passam) os americanos a partir de 2008, que começou no sistema financeiro americano, se espalhou para o resto da economia e depois para a Europa e resto do mundo. Quem pagou a conta foram os cidadãos e o Governo, lembram! Na verdade, ainda estão pagando.

Os germes da crise foram exatamente os controles frágeis do Banco Central americano sobre o mercado financeiro decorrentes do privilégio à especulação financeira (com a exacerbação dos famigerados “derivativos”) como mecanismo fundamental do mercado de capitais, atendendo aos interesses dos bancos e dos grandes rentistas.

Isto que os EUA são os “donos” da moeda das transações e das reservas internacionais da maioria dos países, o dólar. Ou seja, a sua política monetária tem um poder mundo afora que a nossa jamais sonharia, e mesmo assim o seu Banco Central apresentou esta incapacidade de prevenir e controlar a crise de 2008.

Sobre os controles frágeis do Banco Central americano, veja o texto As Inócuas Regras do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia - Suíça.

Nele é mostrado que as regras impostas por aquele Comitê foram incapazes de combater a irresponsável jogatina no sistema financeiro mundial (cheia de blefes ou manipulações de altíssimo risco). Tal jogatina, neste século XXI levou à falência econômica os países desenvolvidos.

Depois de falirem os países desenvolvidos, os neoliberais anarquistas querem uma Nova Ordem Mundial (países em governo) controlada por Cartéis (pirâmides empresariais) que, escondidos em Paraísos Fiscais, querem implantar um novo sistema Feudalista.

Assim, todos os países, por intermédio de seus bancos centrais independentes, pagarão aos cartéis os impostos (na forma de juros) que eles bem queiram cobrar.

O NOVO BRASIL QUE NÃO É MAIS AFETADO PELAS CRISES

Quem tem um pouco de memória lembra-se, também, que na opinião da maioria dos analistas, o Brasil passou quase incólume por aquela crise, dentre outras coisas, porque o nosso Banco Central tinha bons mecanismos de controle e o sistema financeiro brasileiro era relativamente robusto.

Pontos para o nosso Banco Central, que por ser mais independente que o de lá do mercado financeiro, dos bancos e dos grandes especuladores, pode atender aos interesses dos governos, de suas políticas e do seu povo.

Então, nós temos que nos perguntar:

- Com este histórico de resiliência em relação às crises econômicas recentes, e de controle relativamente eficaz da inflação, quem precisa de um Banco Central independente no Brasil atualmente? A quem interessa esta proposta?

Bem, se ele [o Banco Central] puder ficar livre do Governo e dos controles democráticos para aplicar a receita Monetarista, eu acho que sei quem precisa [desse tipo de Governo Paralelo = antidemocrático]: os rentistas do mercado financeiro, que serão os únicos beneficiados por uma política de juros altos.

Então, não se iluda, o Banco Central independente da Marina só será independente do Governo, mas não do mercado financeiro. Portanto, ele não é garantia de segurança econômica alguma. Ao contrário, a “nova política” da Marina é promessa de retorno da “velha política econômica” do Governo FHC, que na esteira da montanha russa financeira provocada pelas políticas monetaristas da época, sucateou os serviços públicos e estagnou o Brasil por oito anos, sob o pretexto de controlar a inflação.

3. NOVA TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenado do COSIFE

No Estado de São Paulo o PSB de Marina, comandado por Márcio França, está coligado ao PSDB de Alckmin e Serra (pupilos de FHC). Alckmin concorre à reeleição como governador, tendo Márcio França (PSB) como vice-governador.

Parece óbvio que, por intermédio de Márcio França, grande líder político no litoral do Estado de São Paulo, o PSDB paulista buscou a coligação com Marina, diante da impotência do candidato PSDBista em conquistar novos eleitores. Por isso, Aécio Neves conta apenas com o voto das mulheres que só elegem os "bonitões".

De outro lado, o PSDB perdeu muitos dos seus antigos partidários, que migraram para o PSD de Gilberto Kassab (ex-DEM, quando eleito Prefeito da cidade de São Paulo). Kassab no DEM era adversário de Dilma; agora o seu PSD apoia Dilma.

Por sua vez, Lula foi questionado sobre esse estranho cenário de alianças políticas. Nitidamente poupou Marina de eventuais críticas, por ter aceitado a aliança com o PSDB. Dizem que Lula e Marina têm excelente relacionamento político.

Assim sendo, presume-se que Marina, mesmo que seja eleita pelo PSB, depois da criação do seu "Rede Sustentabilidade", por ser um novo partido, poderá migrar para ele, sem afetar o seu mandato presidencial.

Então, considerando-se que continuará conectada ideologicamente com Lula e o PT, pois precisa de apoios políticos para que possa governar, o PSDB Nacional e seus tradicionais aliados (ferrenhos opositores de Lula e Dilma), provocarão o  "impeachment" Marina (que pode ser tido como um verdadeiro Golpe de Estado, também tentado contra Lula).

Com resultado, na década de 1990 fizeram o mesmo contra Collor de Melo, só porque as principais leis de combate à sonegação fiscal, entre outras acessórias ainda vigentes no Brasil, foram sancionadas durante aquele governo, mediante Medidas Provisórias.

Muitas dessas mencionadas leis de Collor levaram os partidários PSDB (ex-dirigentes do Banco Central) a serem incriminados na CPI do Banestado por facilitação das reinantes Fraudes Cambiais e da consequente Evasão de Divisas que levou o Brasil a ficar sob intervenção do FMI até que a dívida externa, por eles assumida, fosse totalmente quitada no Governo Lula.

Porém, a Lei 7.492/1986, que foi a principal base das acusações formuladas contra os dirigentes do Banco Central, foi sancionada no Governo Sarney, que foi eleito pelo voto indireto no final da dinastia militar.

Resta saber se (depois do previsto impedimento) o Vice de Marina, Beto Albuquerque (PSB-RS), pode ser influenciado pelo ex-prefeito da cidade de Praia Grande - SP (Márcio França), que é o grande aliado do PSDB paulista.

Esse fato foi observado nos horários de propaganda eleitoral gratuita de 2014. O PSDB do Estado de São Paulo estava apoiando Marina Silva como candidata à presidência, enquanto o PSDB Nacional suplicava votos para Aécio Neves, que caía nas pesquisas, enquanto Marina subia.

Diante dessa grande confusão, parece que estão querendo mostrar aos eleitores que, em política, "somos todos iguais" (negativamente).

Mas, talvez esteja sendo atingido um grande consenso ideológico em prol do Brasil e dos brasileiros menos favorecidos.

Resta-nos torcer que a partir de agora tenham vergonha na cara, mesmo com tanta sede de poder.

Afinal, devemos continuar acreditando que todos os bandidos do passado podem ser transformados em pessoas decentes no futuro.







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