Ano XXV - 29 de março de 2024

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RICO É MENOS TAXADO NO BRASIL DO QUE NA MAIORIA DO G-20


RICO É MENOS TAXADO NO BRASIL DO QUE NA MAIORIA DO G-20

ITÁLIA E ÍNDIA TÊM OS MAIORES IMPOSTOS DO G-20

São Paulo, 17/03/2014 (Revisado em 18-03-2024)

Excessiva Carga Tributária Brasileira, Propaganda Enganosa, Manipulação da Opinião Pública.

Texto em letras pretas por Mariana Schreiber - Publicado por BBC Brasil - Atualizado em 14/03/2014. Edição do texto original, com comentários e anotações em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE.

Reclamar dos impostos é hábito comum da elite brasileira.

Algo semelhante ao escrito na linha acima deste quadro pode ser lindo em várias páginas deste COSIFE desde 2001 e em apostilas distribuídas em cursos para Auditores Fiscais da Receita Federal ministrados sob a coordenação da ESAF - Escola de Administração Fazendária desde 1984 até 1998

Apesar de constar no §1º do artigo 145 da nossa Carta Magna de 1988 que os tributos devem ser cobrados segundo a capacidade econômica do contribuinte, os Lobistas contratados pela nossa elite econômica e financeira conseguem convencer os nossos legisladores de que a nossa Constituição Federal deve ser desobedecida ou desrespeitada.

Assim, nenhuma providência é tomada para que seja alterada essa desumana tributação sobre os trabalhadores, especialmente sobre aqueles que ganham menos de 10 salários-mínimos e que também são, proporcionalmente em relação aos seus salários, os maiores consumidores de produtos básicos para uma perfeita sobrevivência.

O pior é que esses produtos básicos, incluindo os remédios, também são largamente tributados, inclusive os alimentos que são isentos de tributação quando exportados para países em que os salários são bem superiores aos dos trabalhadores brasileiros.

[Uma recente] comparação internacional mostra que a parcela mais abastada da nossa população não paga tantos tributos assim. Estudos indicam que são justamente os mais pobres que mais contribuem para custear os serviços públicos no Brasil.

Levantamento da Price Waterhouse Coopers (PWC) feito com exclusividade para a BBC Brasil revela que o imposto de renda cobrado da classe média alta e dos ricos no Brasil é menor que o praticado na grande maioria dos países do G-20 - grupo que reúne as 19 nações de maior economia no mundo mais os países que compõem a União Europeia.

A consultoria comparou três faixas de renda anual: 70 mil libras, 150 mil libras e 250 mil libras, equivalentes no Brasil à renda média mensal de cerca de R$ 23 mil, R$ 50 mil e R$ 83 mil, respectivamente, valores que incorporam mensalmente o 13º salário, no caso dos que o recebem.

Torna-se importante salientar que a partir de 2014, os servidores públicos brasileiros têm salário teto de R$ 29.462,25, que a partir de 2015 esse teto será de R$ 30.935,36.

Portanto, aqueles que ganham mais que esse teto deveriam pagar 45% de imposto de renda na fonte, tal como acontecia outrora. Isto significa que deveria ser criada essa alíquota na Tabela Progressiva em vigor.

Por sua vez, deveriam ser isentos de tributação os trabalhadores que ganham até 10 salários mínimos.

Nas três comparações, os brasileiros pagam menos imposto de renda do que a maioria dos contribuintes dos 19 países do G-20.

Nas duas maiores faixas de renda analisadas, o Brasil é o terceiro país de menor alíquota. O contribuinte brasileiro que ganha mensalmente, por exemplo, cerca de R$ 50 mil fica com 74% desse valor após descontar o imposto. Na média dos 19 países, o que resta após o pagamento do imposto é 67,5%.

Já na menor faixa analisada, o Brasil é o quarto país que menos taxa a renda, embora nesse caso a distância em relação aos demais diminua. Quem ganha por ano o equivalente a 75 mil libras (cerca de R$ 23 mil por mês), tem renda líquida de 75,5% no Brasil e de 72% na média do G-20.

As maiores alíquotas são típicas de países europeus, onde há sistemas de bem-estar social consolidados, mas estão presentes também em alguns países emergentes.

Na Itália, por exemplo, praticamente metade da renda das pessoas de classe média alta ou ricas vai para os cofres públicos. Na Índia, cerca de 40% ou mais, assim como no Reino Unido e na África do Sul, quando consideradas as duas faixas de renda mais altas em análise.

O quanto sobra após o imposto de renda (em % da renda bruta)?

Países/Renda anual 250.000 libras 150.000 libras 70.000 libras
Arábia Saudita 96,9 94,8 91,0
Rússia 87,0 87,0 87,0
Brasil 73,3 73,9 75,4
México 70,6 71,0 72,1
Indonésia 69,8 70,7 73,2
Coréia do Sul 65,8 69,7 79,4
Argentina 65,6 66,0 67,2
Turquia 64,6 64,9 65,7
China 62,1 66,8 75,2
África do Sul 61,8 63,0 65,3
Alemanha 60,6 64,2 71,1
Estados Unidos 60,5 66,2 72,5
Austrália 59,3 63,2 70,9
Japão 58,7 65,4 75,3
Canadá 58,1 61,2 69,7
França 58,1 64,8 72,3
Reino Unido 57,3 60,1 68,0
Índia 54,9 58,5 60,0
Itália 50,6 51,4 54,4
Média do G20 65,0 67,5 71,9

CARGA TRIBUTÁRIA ALTA OU EXCESSIVA

Apesar de a comparação internacional revelar que os brasileiros mais abastados pagam menos imposto de renda, a carga tributária brasileira – ou seja, a relação entre tudo que é arrecadado em tributos e a renda total do país (o PIB - Produto Interno Bruto) - é mais alta do que a média do G-20.

Isto significa que os 95% menos favorecidos brasileiros estão pagando mais do que deveriam pagar, assim contrariando o disposto no § 1º do artigo 145 da nossa Carta Magna.

Na média do G-20, 26% da renda gerada em cada país vão para os governos por meio de impostos, enquanto no Brasil o índice é de 35%, mostram dados compilados pela Heritage Foundation. No grupo, apenas os países da Europa ocidental têm carga tributária maior – França e Itália são as campeãs, com mais de 40%.

Torna-se importante destacar que os países chamados de desenvolvidos estão falidos justamente porque na maioria deles a carga tributária em relação ao seu PIB é menor que a do Brasil, conforme foi veladamente explicado no parágrafo acima.

Porém, os laureados com o Prêmio Nobel de Economia em 2010 deixaram claro no texto premiado que os culpados pela bancarrota dos países desenvolvidos são os trabalhadores com seus "muito elevados" IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Ou seja, aqueles agraciados com o Nobel são favoráveis ao retorno do Regime Escravocrata ou ao retorno do Regime Feudal em que os mais ricos Senhores Feudais são os recebedores dos tributos pagos pelo Povo.

Logo, podemos dizer que a elite empresarial brasileira também está lutando para que o Brasil enfrente esse mesmo problema de falência econômica que o nosso País também vinha enfrentando até 2002 com elevada dívida externa, falta de reservas monetárias e elevado índice de desemprego.

Na verdade, as alíquotas vigentes naqueles países desenvolvidos não são menores que as brasileiras. Naqueles países a sonegação fiscal é bem maior que no Brasil. Aqui a fiscalização governamental é mais eficiente, principalmente a partir de 2003, quando o nosso país conseguiu paulatinamente reverter a antiga situação, de eterno devedor e inadimplente, que era considerada pela elite brasileira como irreversível.

A principal razão daqueles países hegemônicos terem chegado à bancarrota (Falência Econômica) reside no fato de suas grandes empresas privadas terem transferiram suas fábricas para o continente asiático, onde a mão de obra é mais barata. Disso resultou o grandioso índice de desemprego reinante nos Estados Unidos e na Europa, enquanto no Brasil estamos chegando ao pleno emprego.

No Brasil essa evasão das empresas não é possível porque as mais importantes delas são direta ou indiretamente controladas pelo Governo.

O que está por trás do tamanho da carga tributária brasileira é o grande volume de impostos indiretos, ou seja, tributos que incidem sobre produção e comercialização – que no fim das contas são repassados ao consumidor final, conforme já foi explicado no início do texto do COSIFE denominado Blindagem Fiscal e Patrimonial - Efeitos no Balanço de Pagamentos.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), impostos indiretos representam cerca de 40% da carga tributária brasileira, enquanto os diretos (impostos sobre renda e capital) são 28%. Contribuições previdenciárias são outra parcela relevante.

O grande problema é que esses impostos indiretos são iguais para todos e por isso acabam, proporcionalmente, penalizando mais os mais pobres. Por exemplo, o tributo pago quando uma pessoa compra um saco de arroz ou um bilhete de metrô será o mesmo, independentemente de sua renda. Logo, significa uma proporção maior da remuneração de quem ganha menos.

Por tal motivo, os trabalhadores que ganham até 10 salários mínimos devem ser isentos da tributação pelo imposto de renda.

O governo taxa mais a produção e o consumo porque esse tipo de tributo é mais fácil de fiscalizar que o cobrado sobre a renda, observa o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, João Eloi Olenike. "De tanto se preocupar em combater a sonegação, o governo acaba criando injustiças tributárias", afirma.

A afirmativa teórica foge à realidade observada na prática. Os impostos indiretos são os mais sonegados pelo empresariado, que são os agentes arrecadadores destes.

Apesar, de ter sido implantado o sistema de NFe - Nota Fiscal Eletrônica, a sonegação fiscal ainda é muito grande porque significativa parcela das empresas não registra em sua contabilidade as vendas em que o cliente não exige a emissão da NF-e.

A grande falha na legislação brasileira vigente é que não tributa os ganhos de capital de quem opera no mercado de capitais realizado no pregão das Bolsas de Valores. Esses especuladores foram até isentados do pagamento da CPMF, porque possuem importantes lobistas infiltrados no Poder Legislativo, que são os falsos representantes do Povo.

Nesse tipo de mercado financeiro, a tributação pela fonte pagadora deveria ser feita pelas empresas corretoras de valores, que são as intermediárias dessas operações. Como não há essa retenção pelas corretoras de valores, a maior parte dos ganhos de capital deixam de ser declarados e, neste caso, torna-se impossível fiscalizar sem a participação direta das mencionadas empresas corretoras de valores que também ganham rios de dinheiro com essa falha tributária.

CONCENTRAÇÃO DA RENDA

Os governos federal, estaduais e municipais administram juntos uma fatia muito relevante da renda nacional. Por isso, a forma como arrecadam e gastam tem impacto direto na distribuição de renda.

Se por um lado os benefícios sociais e os gastos com saúde e educação públicas contribuem para a redução da desigualdade, o fato do Poder Público [quis dizer: Legislador = Falso Representante do Povo = Lobista do Grande Capital] taxar proporcionalmente mais os pobres significa que ao arrecadar os tributos atua no sentido oposto, de concentrar renda.

Um estudo de economistas do Ipea e da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, no Brasil, o Índice de Gini – indicador que mede a concentração de renda – sobe após a arrecadação de impostos e recua após os gastos públicos.

Segundo estimativas com dados de 2009, o índice era de 0,591, ao se considerar a renda original da população (antes do recebimento de benefícios sociais e tributos). O número recuava para 0,560 após o pagamento de benefícios como aposentadorias, pensões e Bolsa Família, mas subia novamente para 0,565 após considerar o pagamento de tributos.

O índice volta a cair após se analisar os impactos dos gastos públicos que mais reduzem a distribuição de renda, as despesas com saúde e educação, já que a maioria dos beneficiários desses serviços são os mais pobres. A partir de dados oficiais sobre o uso desses serviços, os economistas estimaram que esses gastos públicos reduziam o índice de Gini para 0,479 em 2009.

O saldo geral disso tudo é que, após o governo arrecadar e gastar, a desigualdade de renda caía 19% naquele ano. Mas num país tão desigual, a queda precisa ser maior, afirma Fernado Gaiger, um dos autores da pesquisa: "O tributo tem uma função de coesão social".

Não há boas comparações internacionais recentes disponíveis para a questão, mas um estudo de anos atrás do Banco Mundial, indica que, em países europeus, aqueda da desigualdade é de mais de 30% após a intervenção do Estado, mesmo sem se considerar os gastos em saúde e educação.

MUDANÇAS NOS IMPOSTOS

Os quatro especialistas ouvidos pela BBC Brasil defenderam a redução dos impostos indiretos, que penalizam mais os pobres, e a elevação da taxação sobre renda, propriedade e herança. "Seria uma questão de justiça tributária", diz o especialista em contas públicas Mansueto Almeida.

Gaiger, por exemplo, propõe que haja mais duas alíquotas de Imposto de Renda – uma de 35% para quem ganha por mês entre R$ 6 mil e R$ 13,7 mil e outra de 45% para quem recebe mais que isso.

Hoje, a taxa máxima é de 27,5%, para todos que recebem acima de R$ 4.463,81.Muitos não sabem, mas essas alíquotas são "marginais". Ou seja, apenas a parcelada renda acima desse limite é tributado pela alíquota máxima, não a renda toda.

Quem ganha mais no Brasil?
  • 111.893 recebem mais de R$ 20 mil por mês
  • 23.554 recebem mais de R$ 45 mil por mês
  • 11.851 recebem mais de R$ 75 mil por mês

Fonte: Censo 2010 (IBGE)

No entanto, os especialistas observam que embora seja justo ter mais alíquotas, isso não tem impacto relevante em termos de arrecadação, porque uma parcela muito pequena da população tem renda dessa magnitude

Segundo o IBGE, apenas 111.893 pessoas em todo o Brasil disseram ao Censo de 2010 receber mais de R$ 20 mil por mês.

Obviamente está havendo um erro de avaliação, embora o IBGE não esteja mentindo.

De fato o número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada com tais níveis de proventos é muito pequeno. Entretanto, o culpado disto é o chamado de Planejamento Tributário permitido pelos legisladores = os falsos representantes do Povo = os lobistas do grande capital. Vejamos.

O técnicos do IBGE  sabem muito bem que a legislação brasileira permite que empregados façam acordos com seus respectivos patrões para exercício de sua função como empresa terceirizada.

Assim, o empregado pede demissão, constitui uma empresa e passa a prestar como empresário terceirizado o mesmo serviço que antes vinha fazendo como empregado. Isto é comum com os trabalhadores dos meios de comunicação (MÍDIA), assim como pelos trabalhadores mais bem remunerados de outros segmentos operacionais.

A vantagem é simples de ser observada. A tributação das pessoas físicas é bem maior que a das pessoas jurídicas, o que é inconstitucional, segundo o já mencionado § 1º do artigo 145 da Constituição Federal de 1988.

Mas, nenhum grande advogado, jurista, magistrado, ministro, economista, contador ou político (vereador, deputado, senador, prefeito, governador, presidente), nem mesmo os sindicalistas, querem abraçar essa causa em favor dos trabalhadores porque é contrária aos interesses mesquinhos dos seus verdadeiros patrões, que são os lobistas contratados pelos detentores do poderio econômico.

Isto significa que a economia informal no Brasil é bem maior do que a prevista. Muitos deixam de pedir a emissão da NF-e - Nota Fiscal Eletrônica porque a soma dos valores das notas emitidas em seu nome seria bem maior que os proventos declarados. Por isso, muitos preferem pagar suas compras em dinheiro, sem o uso de cartões de débito ou de crédito. Alguns desses sonegares de tributos usam cartões emitidos no exterior, cujas despesas são pagas por empresas de paraísos fiscais. Nos caos de polícia noticiados pela televisão, é grande o número de pessoas que guardam grandes importâncias em casa. Assim sendo, os ladrões preferem assaltar as mansões e os condomínios fechados, em que sempre procuram pelos cofres.

Então, mediante a constituição de uma empresa, que também pode ser constituída na forma de Empresa Individual (Empresário, Firma Individual ou Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), a tributação é reduzida sensivelmente por várias razões e uma delas é porque nas empresas praticamente todas as despesas podem ser deduzidas enquanto que essas mesmas despesas não pode ser deduzidas pelas pessoas físicas.

De outro lado as empresas podem optar pelo sistema de tributação chamado de Lucro Presumido, enquanto os trabalhadores não podem optar por esse mesmo sistema de tributação reduzida, nem pelo Simples Nacional.

Em razão dessa discrepância tributária, existem pelo menos 2 milhões de empresas individuais ou sociedades entre parentes constituídas por empresários que na verdade são empregados (trabalhadores) porque prestam serviços exclusivo a uma única empresa em horário integral.

Esse também é o problema enfrentado pelos servidores públicos. Porém, estes funcionários não podem prestar serviços aos governos federal, estadual e municipal como empresários. Somente os detentores do poderio econômico podem prestar serviços ao governo como empresários.

O mais importante, defendem alguns, é reduzir as possibilidades de descontos no Imposto de Renda pelas pessoas físicas.

Hoje, por exemplo, é possível abater do imposto devido gastos privados com saúde e educação.

Na prática, isso significa que o Estado está subsidiando serviços privados justamente para a parcela da população de maior renda, ou seja, que precisa menos. "É o bolsa rico", diz Gaiger.

Fernando Gaiger, um dos autores da pesquisa, está completamente equivocado porque está deixando de lado o contido no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, quando estabelece que "todos os direitos são iguais" perante a Lei. Vejamos.

As empresas, por exemplo, depois das entidades sem fins lucrativos, são as que mais recebem incentivos fiscais, enquanto os trabalhadores não podem deduzir os juros pagos na compra de sua moradia.

As moradias populares, por exemplo, deveriam ser vendidas por preço fixo, sem o pagamento de juros. Este seria o mínimo incentivo fiscal que os trabalhadores de baixa renda não conseguem obter.

Logo, se as empresas de qualquer porte podem deduzir todas as suas despesas efetivamente pagas ou a pagar (contabilizadas pelo regime de competência), obviamente as pessoas físicas também deveriam ter esse mesmo direito, sejam elas ricas ou pobres.

Parece óbvio que os trabalhadores de baixa renda (até 10 salários mínimos) ficariam sem tributação, depois de descontadas as despesas necessárias a sua sobrevivência digna.

Porém, aqueles mais abastados não conseguem gastar todo o seu salário, cujo restante é geralmente aplicado em bens patrimoniais e em gastos supérfluos, que não seriam dedutíveis, como também são não dedutíveis nas empresas esses mesmos gastos considerados supérfluos e também as provisões sobre prováveis perdas e/ou desvalorizações.

Dessas premissas resultou a tese defendida em 1996 pelo coordenador do COSIFE no Congresso Brasileiro de Contabilidade ocorrido na cidade de Fortaleza - CE. Entre outros temas ligados à necessidade de Municipalização dos Impostos, o referido defendeu a tese de que a tributação das pessoas físicas deveria ser efetuada da mesma forma como a das pessoas jurídicas.

Ou seja, a tributação das pessoas físicas deve incidir apenas sobre o seu Acréscimo Patrimonial e sobre os Gastos Supérfluos (Não Dedutíveis), tal como acontece com as empresas.

O Acréscimo Patrimonial das empresas inicialmente é o seu Lucro Operacional (Receitas menos Despesas). Por sua vez, o valor desse Lucro obtido é quase sempre investido em Bens Patrimoniais, razão pela qual passa a integrar o Patrimônio Líquido empresarial na condição de Lucros Acumulados que podem ser utilizados para aumento do Capital originalmente empreendido.

Para 2014, a previsão é de que a Receita Federal deixará de arrecadar R$ 35,2 bilhões por causa de descontos e isenções desse tipo [saúde e educação privada]

Desse total, R$ 10,7 bilhões são deduções de gastos com saúde e R$ 4,1 bilhão de gastos com educação. Somados equivalem a 13% do total dos gastos federais previstos para as duas áreas neste ano (R$ 113,6 bilhões).

Pelo contrário, ao permitir o abatimento desses gastos pelas pessoas físicas pobres ou ricas, o Governo deixa de gastar semelhante valor (ou maior) que deveria ser acrescido aos gastos públicos com o SUS - Sistema Único de Saúde e aos gastos públicos com a manutenção de Escolas Técnicas e Universidades.

Muitos dos menos favorecidos brasileiros também têm Plano de Saúde e estudam em escolas privadas porque os filhos dos ricos, devidamente preparados por "cursinhos", monopolizavam para si todas as vagas outrora disponíveis nas universidades públicas.

Então, o abatimento desses gastos, não somente permitido aos mais ricos, seria uma forma de tirar os seus filhos das universidades públicas para que os pobres, geralmente sem condições de arcar financeiramente com seus estudos, também possam frequentar as entidades de ensino público, razão pela qual o governo federal criou cotas especiais para os mais necessitados.

IMPOSTOS DEMAIS?

Apesar de ser lugar comum criticar o tamanho da carga tributária do Brasil, estudiosos do tema dizem que não há um número ideal.

De fato o número de impostos é muito grande, tornando extremamente onerosa a administração dos mesmos. Por isso, no mencionado Congresso Brasileiro de Contabilidade de 1996, o coordenador do COSIFE defendeu a Municipalização dos Impostos e a redução para no máximo dez tipos de tributos.

Com o sistema vigente, em cada um dos quase 6 mil municípios brasileiros precisaria ter pelo menos uma delegacia da Receita Federal, uma da Receita Estadual e outra da Receita Municipal, quando cada município poderia ter apenas uma delegacia para fazer todo o trabalho de fiscalização e arrecadação em sua área territorial.

Por sua vez, pelo menos 50% dos municípios são deficitários. Isto é, são municípios inviáveis porque têm pouca arrecadação obtida em seu próprio território. Assim sendo, tais municípios não têm condições de sobrevivência sem os recursos mínimos vindos dos Fundos de Participação dos Municípios (federal e estadual).

Como essas verbas vindas dos Fundos de Participação mencionados também não são grandes, alguns municípios dependem do dinheiro recebido pelos aposentados e pensionistas e pelo recebido do Programa "Bolsa Família".

Assim, pelo menos 3 mil municípios poderiam ter suas atividades encerradas, com sua incorporação aos municípios limítrofes, dos quais se separaram. Isto implicaria na redução dos gastos públicos com prefeitos e vereadores, entre outros. Na qualidade de distritos ou subprefeituras, os gastos públicos seriam bem menores.

"O tamanho da carga é uma escolha da sociedade. Se as pessoas quiserem serviços públicos universais e benefícios sociais, o recolhimento de impostos terá que ser maior. Se quisermos que o educação e a saúde seja apenas privada, por exemplo, a carga poderá ser menor", observa Samuel Pessoa, da FGV.

Com base em tal premissa da privatização da educação e da saúde, o salário do trabalhador precisaria ser equivalente ao praticado nos Estados Unidos em que é considerada miserável a família que vive com ganhos per capita inferiores a US$ 800 por mês.

Assim sendo, no Brasil seria considerado miserável a família com renda "per capita" inferior a R$ 2 mil por mês, cujo valor é superior ao salário médio dos brasileiros. E, tal como nos Estados Unidos, o salário-mínimo deveria ser por volta de R$ 4 mil, o que de fato quebraria o nosso sistema previdenciário.

Com esse aumento dos salários, o empresariado seria obrigado a gastar pelo menos 4 vezes mais do que está gastando com tributos.

Na sua avaliação, a discussão mais importante não é a redução da carga tributária, mas mudar sua estrutura e simplificá-la, para diminuir as desigualdades e reduzir os custos das empresas com burocracia.

O verdadeiro Custo Brasil ou custo da burocracia nas empresas é resultado da má administração e dos gastos nababescos e megalomaníacos de seus administradores (donos, acionistas controladores e executivos contratados).

O empresariado brasileiro, por ter baixa cultura, não contrata profissionais de nível superior que possam auxiliá-lo na melhor administração do patrimônio empresarial e do seu próprio (patrimônio pessoal).

São poucas as empresas que tem um sistema de Contabilidade de Custos bem estruturado.

Quando se fala em redução de custos, o empresariado brasileiro pensa sempre em reduzir os salários dos trabalhadores e em reduzir da carga tributária mediante a sonegação fiscal.

Mas, o grande motivo das falências e insolvências está nos citados gastos nababescos, megalomaníacos e supérfluos que são utilizados para demonstrar os verdadeiros (ou falsos) sinais exteriores de riqueza da elite preconceituosa e discriminadora dos menos favorecidos.

Para evitar esse problema de custos operacionais elevados, os japoneses criaram o Método 5s - Programa de Gerenciamento Participativo em que não somente os trabalhadores devem ser penalizados. Os administradores das empresas também são induzidos a viver de forma responsável, sem os mencionados gastos supérfluos que apenas mostram os sinais exteriores de riquezas que poucos benefícios de fato trazem aos seus usuários ou detentores, porque são verdadeiros "elefantes brancos" que apenas oneram os custos operacionais das empresas e os custos pessoais em todos os lares.







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