Ano XXV - 28 de março de 2024

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PRESIDENTE URUGUAIO COMENTA O FRACASSO DO SOCIALISMO REAL


PRESIDENTE URUGUAIO COMENTA O FRACASSO DO SOCIALISMO REAL

SOCIALISMO PARTICIPATIVO VERSUS CAPITALISMO EXCLUDENTE

São Paulo, 12/01/2014 (Revisado em 16-03-2024)

Referências: Capitalismo Excludente, Distribuição da Renda, Cooperação Mútua, Escravidão e Semiescravidão, Colonialismo, Dar o Peixe ou Ensinar a Pescar, Inversão de Valores, Engolindo as Privatizações feitas no Brasil e na Rússia.

SOCIALISMO PARTICIPATIVO VERSUS CAPITALISMO EXCLUDENTE

Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFe.

Socialismo Científico é aquele que se opõe ao Socialismo Utópico e que se baseia na doutrina do materialismo histórico, propondo-se à estatização dos meios de produção. Como exemplo estão o Socialismo marxista, socialismo revolucionário.

Socialismo Utópico é aquele que se baseia em programas idealistas de reforma da sociedade [como os propostos no início do século XIX por Robert Owen (*14/05/1771 †17/11/1858), Saint-Simon (*1760 †1825) e Charles Fourier (*1772 †1837)], e não na análise da realidade econômica.

Estas foram definições encontradas no Dicionário Aurélio, com informações complementares dos colaboradores do Wikipédia. Delas podemos vislumbrar novas formas de socialismo ligadas à livre iniciativa ou iniciativa privada, como a do Socialismo Participativo.

Na opinião do coordenador do COSIFe o termo Socialismo Participativo estaria mais diretamente ligado ao cooperativismo e também às formas de convívio em condomínios comerciais (como os Mercados Municipais e os Shopping Centers) e em condomínios habitacionais que são amplamente procurados pelos capitalistas (emergentes) como meio de proteger seus respectivos patrimônios e suas integridades físicas (pessoais e familiares). Desse modo as classes sociais superiores se protegem dos eventuais ataques das classes sociais inferiores em que estão os criminosos criados ou fomentados pela prática do Capitalismo Excludente.

Dessa guindada para o convício em comunas ou comunidades (condomínios fechados ou semiabertos), podemos supor o quão elevados são os prejuízos causados à coletividade por esse Capitalismo Excludente, aquele se propõe à maximização dos lucros mediante a exploração do trabalho em regime de escravidão ou semiescravidão, assim provocando o empobrecimento ou a miséria dos trabalhadores não apadrinhados que são caracterizados como população menos favorecida, abandonada ou deixada "ao Deus dará" pelos governantes de extrema-direita.

Na monografia escrita por Eliane Carvalho dos Santos (2010), intitulada "A Reestruturação Capitalista e sua Lógica Excludente", ela menciona que "após o fim de décadas seguidas de expressivo crescimento econômico nos países centrais [ditos desenvolvidos], e um crescimento não tão expressivo nos países subdesenvolvidos, a emergência da crise [provocada pela extinção da paridade do dólar ao ouro na década de 1970 - a partir de quando não mais há lastro para emissão do dólar] levou a profundas reestruturações que atingiram os Estados nacionais (com o declínio do Welfare State [bem-estar social] e ascensão do neoliberalismo [ausência de fiscalização governamental]) e os setores econômicos (com o aumento do poder do capital privado que age livremente em escala global). No Brasil, os impactos dessa crise [provocada pelos neoliberais] levaram a escala do desemprego e a geração de processos excludentes a partir da adoção de formas de relação entre capital e trabalho que levam à precarização da condição do segundo - como a flexibilização dos contratos de trabalho, o aumento do emprego informal, da terceirização, entre outras [na década de 1990] - que foram disseminadas, piorando o quadro de pobreza e exclusão, principalmente nas regiões metropolitanas do país, quadro agravado pela ideologia de Estado Mínimo" [Terceirização  ou Privatização da Administração Estatal].

Pesquisando-se na Internet, parece que ninguém discorda que foi com base nessa lógica perversa do Capitalismo Excludente que se tornaram gigantescas as favelas principalmente nas regiões metropolitanas das grandes cidades brasileiras. Porém, o rápido crescimento dessas favelas brasileiras também aconteceu em razão do êxodo rural patrocinado pela mecanização das lavouras, pelos latifundiários (glebas improdutivas mantidas apenas como meio de especulação imobiliária) e pelos demais exploradores do trabalho em regime de semiescravidão.

No sentido de não gerar empregos para os menos favorecidos, os patrões do setor industrial foram convencidos pelos seus consultores econômicos de que seria mais lucrativa a mecanização e a informatização (robotização) de suas fábricas, principalmente das gigantescas exploradas pelas multinacionais.

Veja informações complementares em A Crise do Desemprego - Conjuntural e Estrutural.

De todo esse descompasso provocado pelo neoliberalismo, principalmente a partir da década de 1970, resultou o elevado índice de criminalidade atualmente existente, não somente no antro dos menos favorecidos como também no antro dos bem aquinhoados, incluindo naquele segmento em que se encontram os servidores públicos e os políticos corrompidos pelos lobistas do Grande Capital.

Por conseguinte, a frágil legislação brasileira na área penal, tem incentivado a prática de crimes de todas as espécies. As modificações na legislação que surtiram algum efeito estão ligadas ao combate à Lavagem de Dinheiro obtido na ilegalidade e ao combate à Blindagem Fiscal e Patrimonial dos bens, direitos e valores de criminosos, de sonegadores de tributos e de corruptos. Mas, os corruptores (consultores, lobistas e seus patrões) continuam impunes.

MUJICA COMENTA O FRACASSO DO SOCIALISMO REAL I

Em entrevista inédita no Brasil, presidente uruguaio debate causas do fracasso do “socialismo real” e afirma: para superar esse sistema ora existente, é preciso começar pelo choque de valores (combatendo-se a inversão de valores).

Texto publicado pelo site Pragmatismo Político em 07/01/2014, que se baseia no publicado em idioma espanhol por El Puercoespín (O Porco-Espinho) em 30/12/2013. Com comentários em azul por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFe.

MAIS UM PRESIDENTE SOCIALISTA DESTACA-SE NO CENÁRIO MUNDIAL

Cada vez mais popular tanto nas redes sociais como na mídia tradicional, o presidente do Uruguai, José Alberto Mujica Cordona, apelidado como Pepe Mujica por seus compatriotas, arrisca-se a sofrer um processo de diluição de imagem semelhante ao que atingiu Nelson Mandela.

OS DIREITISTAS DIFAMANDO OS ESQUERDISTAS

Como todos devem estar lembrados, Nelson Mandela na África do Sul foi aprisionado como criminoso pela endinheirada minoria branca daquele País por aproximadamente 30 anos. O principal crime praticado por Mandela (*18/07/1918  †05/12/2013), segundo os algozes do povo negro, foi o de defender a livre iniciativa e os direitos humanos daquela sofrida população sul-africana, que é a quase totalidade dos habitantes daquele País em que era oficialmente praticada a segregação racial e social contra os negros (Apartheid). Tal ato de repressão, marginalização e de escravização dos menos favorecidos durou 40 anos e era praticado pelos inescrupulosos detentores do poderio econômico da República da África do Sul.

EVITANDO A GUERRA CIVIL

Com medo da eclosão de uma guerra civil em que os negros expulsassem os mais ricos alimentadores da segregação racial e social, os brancos resolveram aceitar a eleição de Mandela como Presidente daquela República. Assim, Mandela transformou-se num dos maiores líderes mundiais em defesa dos oprimidos e marginalizados pelos escravocratas. Como em parte solucionou o grande problema existente sem o derramamento de sangue e sem a expulsão dos endinheirados escravocratas, Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993.

Afinal, se fossem expulsos os endinheirados mafiosos associados em Cartel, a África do Sul jamais conseguiria exportar um grama sequer dos minérios existentes naquele País. Ou, tal como aconteceu com os países árabes produtores de petróleo, a África do Sul seria invadida pelo poderio bélico dos Estados Unidos.

Pelo mesmo caminho vai Pepe Mujica, o atual Presidente Uruguaio. Semelhante papel foi desempenhado por Lula no Brasil e por isso foi tão perseguido pelos seus opositores.

Os extremistas de direita odiavam Mandela, tal como ainda odeiam Mujica, Lula e Chávez e seus seguidores. O mesmo vem acontecendo com outros governantes ditos comunistas. Isto é, os governantes desaprovados pelos capitalistas são sempre aqueles contrários à opressão e à escravização das populações menos favorecidas.

Porém, o Uruguai não é um País de maioria negra. Quase todos os menos favorecidos uruguaios são brancos. Os negros são apenas 4% da população total. E a soma das famílias realmente ricas não devem ter número de pessoas superior a 1% da população total.

A TESE ECONÔMICO SOCIALISTA DE PEPE MUJICA

O site Pragmatismo Político esclarece que Mujica viveu a luta armada e compartilhou os projetos da esquerda leninista. Por isso, parece um crítico arguto das experiências socialistas do século XX. Coloca em xeque, em especial, uma crença trágica que marcou a União Soviética e os países que nela se inspiraram: a ideia de que o essencial, para construir uma nova sociedade, era alterar as bases materiais da produção de riquezas.

"Não se constrói socialismo com pedreiros, capatazes e mestres de obra capitalistas", ironiza o presidente uruguaio.

Somente os anarquistas individualistas acreditam que possa haver entidades públicas e privadas sem um efetivo gerenciamento (sem controle, sem governo, sem administração, sem contabilidade).

SÓ OS PELEGOS ACEITAM CARGOS DE COMANDO

Os esquerdistas extremistas ainda acreditam que é possível a existência de um País em que todos os trabalhadores sejam operários sem patrões. Alguns desses esquerdistas abominam a simples ideia de serem convocados para um cargo de chefia numa empresa ou num órgão público. Quando algum de seus companheiros aceita, é taxado como PELEGO.

O EXTRATIVISMO PRATICADO PELO EMPRESARIADO E PELOS ÍNDIOS

Por sua vez os antropólogos acreditam que os índios brasileiros devem viver eternamente num sistema em que seja preservado o seu ultrapassado extrativismo nômade.

A caraterística básica dos indígenas brasileiros é a de dizimação da flora e da fauna ao seu redor. Portanto, para sua sobrevivência os índios utilizam-se do extrativismo vegetal (flora) e da matança de animais para comer (fauna). Essa é mesma regra básica utilizada pelo nosso antiquado empresariado desde os tempos do Brasil Colônia. Como seus serviçais sempre ganham mal, eram obrigados a dizimar a flora e a fauna para sobreviver, para terem o que comer. Depois os perseguidos negros, em seus quilombos passaram a fazer o mesmo.

Os nossos antigos empresários dizimaram as seringueiras da Amazônia porque apenas extraíam a seiva para produção da borracha e não replantavam mudas em substituição às árvores secas pelo extrativismo.

No Wikipédia lê-se que "o ciclo brasileiro da borracha entrou em declínio quando grandes hortos [de seringueiras] foram plantados por ingleses, para fins de exploração, no continente africano tropical, na Malásia e Sri Lanca". Depois as multinacionais norte-americanas plantaram as seringueiras na Tailândia, Cambodja, Laos e Vietname.

Como os governantes dos três últimos países citados resolveram implantar e seus países o regime comunista, as forças armadas norte-americanas os invadiram. O conflito ficou conhecido como "Guerra de Vietname". Os vietcongs (FNL - Força Nacional de Libertação) derrotaram os norte-americanos, mas tiveram suas reservas florestais totalmente dizimadas pelo "desfolhante laranja", produto químico (guerra química) utilizado pelos ianques.

Por sua vez, os madeireiros da Amazônia cortaram as demais árvores negociáveis e as exportaram como "madeira de lei" para a Europa, para que os mais ricos brasileiros pudessem comprar caríssimos móveis fabricados no exterior, especialmente na França.

Inúmeros outros exemplos como estes podem ser descritos. Para evitar a criação de empregos para os brasileiros descendentes de escravos, a nossa elite empresarial sempre preferiu exportar matérias primas e importar produtos acabados.

Atualmente os nossos ambientalistas vivem combatendo a destruição ou exaustão de nossas reservas minerais e florestais. Mas, de outro lado os antropólogos dizem que os índios devem ter grandes extensões de terras para que possam sobreviver do eterno extrativismo (dizimação da flora e da fauna).

Diante dessa premissa, se, no lugar de descendentes de estrangeiros, o Brasil fosse povoado apenas por 200 milhões de indígenas, aqui não mais existiria o que extrair das florestas, dos rios e lagos. Sobrariam apenas os minérios que seriam levados para o exterior depois de exterminados os índios, tal como realmente foi feito.

Por isso, faz necessário que os índios sejam ensinados a produzir o economicamente negociável (produtos rurais, artesanato e agroindústria). Enfim, os índios continuariam a explorar o contido nas florestas, desprezando o mero extrativismo, para que pudessem sobreviver como pessoas comuns.

Do jeito como estão fazendo os antropólogos, os índios seguirão perseguidos por seus antigos e novos algozes e por isso tendem ao extermínio.

AS RAZÕES DE PEPE MUJICA

Não se trata de uma constatação lastimosa sobre o passado ou de um desalento.

Mujica mantém-se convicto de que o sistema em que estamos mergulhados precisa e pode ser superado. Mas será um processo lento, como toda a mudança de mentalidades, e precisa priorizar o choque de valores: tornar cada vez mais clara a mediocridade da vida burguesa e apontar modos alternativos de convívio e produção.

INVERSÃO DE VALORES

Como tem sido comentado em vários textos publicados neste COSIFe, a inversão de valores é a principal falha do sistema capitalista. Para a burguesia brasileira, assim como para a de todo o mundo, tem mais valor o supérfluo que o essencial.

Assim, sendo, são mais bem remunerados os indivíduos que nada produzem para que os famintos possam comer. Nesse segmento improdutivo estão diversos profissionais como os artistas, os esportistas, os especuladores, os intermediários comerciais (atravessadores), entre outros seres humanos improdutivos. Desse modo, vivem na pobreza (com salários bem inferiores aos daqueles) os profissionais que realmente produzem, os trabalhadores, principalmente os menos qualificados.

DISTRIBUIÇÃO DA RENDA

Na cidade de São Paulo, por exemplo, os pobres moradores da comunidade de Paraisópolis são em sua maioria os serviçais dos seus ricos vizinhos, moradores do bairro do Morumbi. Torna-se impossível acreditar que os ricos e os emergentes que habitam as mansões e os luxuosos apartamentos do Morumbi (velho e novo, respectivamente) não possam pagar salários dignos, de modo que os moradores de Paraisópolis possam sobreviver dignamente.

Da mesma forma torna-se impossível acreditar que todas as indústrias (principalmente as multinacionais) no decorrer do tempo sejam transformadas em ilhas de riqueza e prosperidade, cercadas por um imenso mar (oceano) de pobreza apresentado pelas grandiosas favelas (comunidades) que as rodeiam.

Não somos contrários à industrialização ou contra a mecanização das lavouras. Somos contra a exploração dos seres humanos em regime de semiescravidão. Pelo menos os ricos poderiam deixar de sonegar tributos, para que possam ser utilizados na minimização da miséria reinante.

MUJICA COMENTA O FRACASSO DO SOCIALISMO REAL II

Leia a seguir, alguns dos trechos centrais da entrevista de Mujica ao site El Puercoespín, escolhidos pelo site Pragmatismo Político.

"A batalha para o combate à grandiosa desigualdade social reinante no mundo inteiro agora é muito mais longa. As mudanças materiais, as relações de propriedade, nem sequer são o mais importante. O fundamental são as mudanças culturais e estas transformações exigem muitíssimo tempo. Mesmo nós, que não podemos aceitar filosoficamente o capitalismo, estamos cercados de capitalismo em todos os usos e costumes de nossas vidas, de nossas sociedades. Ninguém escapa à densa malha do mercado, de sua tirania".

"Estamos em luta pela igualdade e para amortecer por todos os meios as vergonhas sociais" estampadas pelas favelas, pelos guetos periféricos, pelas regiões insalubres pejorativamente chamadas de subúrbios ou comunidades pacificadas.

"Temos que aplicar políticas fiscais [combatendo os grandes sonegadores e deles cobrar os tributos] que ajudem a repartir — ainda que seja uma parte do excedente — em favor dos desfavorecidos. Os mais bem remunerados representantes dos setores proprietários (detentores do poderio econômico, representados pelos mercenários da mídia) dizem que não se deve dar o peixe ao Povo, mas devemos ensinar-lhe a pescar; porém quando lhe destroçamos o barco, lhe roubamos a vara e lhe tiramos os anzóis, é preciso começar dando-lhe o peixe".

Na realidade, diplomaticamente Mujica quis dizer que os detentores do poderio econômico, desde os tempos da colonização imposta pelos europeus, sempre se abstiveram de ensinar o povo a pescar. Pelo contrário, desse Povo foram roubadas as canoas artesanalmente lapidadas ou esculpidas em troncos de árvores nativas, foram surripiadas as varas de taquara e os anzóis utilizados na pesca, foram quebrados seus rudimentares arpões e destruídas suas redes tecidas de modo artesanal.

Isto é, no lugar de ensinar o Povo a pescar, os senhores feudais (no Brasil, os coronéis fazendeiros e seus descendentes) tiraram desse Povo a mínima condição de aprender para sobreviver, colocando-o numa situação de mais extrema miséria para que fosse perpetuada a semiescravidão, mesmo depois de abolida a escravidão.

"A vida é muito bela e é preciso procurar fazer as coisas enquanto a sociedade real funciona, ainda que seja capitalista. Tenho que cobrar impostos para mitigar as enormes dificuldades sociais; ao mesmo tempo, não posso cair no conformismo crônico de pensar que reformando o capitalismo vou a algum lado (lugar)".

"Não podemos substituir as forças produtivas da noite para o dia, nem em dez anos. São processos que precisam de coparticipação e inteligência. Ao mesmo tempo em que lutamos para transformar o futuro, é preciso fazer funcionar o velho, porque as pessoas têm de viver. É uma equação difícil. O desafio é bravo.

" esquerdistas que ainda continuam defendendo o mesmo que dizíamos nos anos 1950. Não se deram conta da radical mudança ocorrida no mundo e por quê ocorreu. Sinto como minhas as derrotas do movimento socialista. Me ensinam o que não devo fazer. Mas isso não significa que vá engolir a pastilha ("dourar a pílula" ou "engolir a pílula") do capitalismo, nesta altura de minha vida”.

Exemplo: Deram-nos uma desculpa esfarrapada (mal convincente) para que engulamos a pílula. Repetiram-nos o que há décadas vêm falando e escrevendo os mercenários da mídia na esperança que se doure a pílula (que se caia no engodo; que se engula a balela).

Dourar a pílula = Procurar fazer que alguém aceite uma coisa desagradável ou prejudicial, usando de palavras amáveis, lisonjeiras, ou de qualquer expediente hábil e brando; "ensebar a bola" para evitar que o couro seja apodrecido pela umidade. (Dicionário Aurélio)

Conto do Vigário = conversa mole; papo de cerca-lourenço; conversa fiada de um estelionatário = propósito ou proposta de pessoa que não tem, na realidade, intenção de cumprir o que diz. (Dicionário Aurélio)

Engolir a pílula = Suportar sem protesto coisa desagradável. (Dicionário Aurélio)

CONVOCANDO À SOBRIEDADE NO CONSUMO (NADA DE AUSTERIDADE)

"Não sei se vão me dar bola, mas digo aos jovens de hoje que aprendemos mais com o fracasso e a dor que com a bonança. Na vida pessoal e na coletiva pode-se cair uma, duas, muitas vezes, mas a questão é voltar a começar. E é preciso criar mundos de felicidade com poucas coisas, com sobriedade".

"Refiro-me a viver com bagagem leve, a não viver escravizado pela renovação consumista permanente que é uma febre e obriga a trabalhar, trabalhar e trabalhar para pagar contas que nunca terminam".

"Não se trata de uma apologia da pobreza, mas de um elogio à sobriedade - não quero usar a palavra austeridade, porque na Europa está sendo muito prostituída, quando se deixa as pessoas sem trabalho em nome do austero".

A austeridade na Europa só foi exigida dos Pobres, que ficaram sem emprego e tiveram reduzidas suas aposentadorias e pensões. Os trabalhadores são sempre os causadores dos descompassos econômicos, segundo os consultores a serviço do Grande Capital.

Por sua vez, os Ricos, que são os reais causadores dos déficits públicos internos (no Orçamento Nacional, provocados pela sonegação fiscal) e dos déficits públicos externos (no Balanço de Pagamento, provocados pela importação de supérfluos), estão liberados de praticar a referida austeridade.

Isto é, a classes sociais superiores podem continuar a gastar de forma nababesca para importar os supérfluos necessários à satisfação dos seus megalomaníacos sonhos de consumo.

O DESCOMPASSO EUROPEU COMPARADO COM O DO BRASIL

Enfim, Mujica com sua simplória diplomacia quis dizer que, na Europa falida desde 2011, austeridade é sinônimo de repressão ao consumo popular.

Tal como aconteceu no Brasil durante as décadas perdidas de 1980 e 1990, os trabalhadores europeus foram taxados de causadores da alta inflação reinante e dos citados déficits públicos.

Por isso, para evitar esse irresponsável consumismo das populações desprezadas pelo Grande Capital, os gestores das políticas econômicas incentivam a importação de produtos estrangeiros pelas classes sociais dominantes, com o intuito de diminuir a produção interna, que automaticamente gera desemprego.

No Brasil, como foi artificialmente valorizado o Real (a nova moeda brasileira), desde a sua criação, durante o Governo FHC, as indústrias e os demais segmentos produtivos deixaram de exportar, gerando enorme déficit no Balanço de Pagamentos que eram cobertos por empréstimos cedidos pelo FMI - Fundo Monetário Internacional.

Em razão desse descompasso provocado pelos gestores de nossa política econômica, o índice de desemprego chegou a 20% da população ativa, gerando recessão e a consequente queda da inflação.

A recessão tirou o Brasil da condição de 8ª potência Mundial em PIB - Produto Interno Bruto, conseguida durante o Governo Militar. Assim, em 2002 o Brasil havia regredido para a 15ª posição no "ranking" mundial.

Essa mesma política econômica suicida está sendo praticada na Europa. A esse caos econômico  indiretamente se referiu Pepe Mujica.

Em toda a história do Uruguai, o presidente repartia as licenças de rádio e TV com o dedo. Tivemos a ideia de abrir consultas e processos democráticos baseados em méritos. Pensamos e realizamos! O que certa imprensa diga não me preocupa. Já os conheço. O problema que o diário [uruguaio] El País pode me criticar e se, algum dia, estiver de acordo e me elogiar. Seria sinal de que ando mal”.

Mujica quis dizer que os mercenários da mídia sempre defendem os interesses mesquinhos ou escusos de seus anunciantes e dos filiados aos partidos políticos de extrema-direita, cuja eleição sempre é financiada pelos detentores do poderio econômico. Os mercenários da mídia são importantes peças de manipulação da opinião pública.

Em todos os países em que as emissoras de rádio e televisão não são estatais, a distribuição das concessões são feitas da mesma forma como a explicada por Mujica. No Brasil, nunca foi diferente.

COM ACONTECEU A PRIVATIZAÇÃO NA RÚSSIA DE GORBACHEV

Na nova Rússia, idealizada por Gorbachev (depois garoto propaganda da Pizza Hut), as empresas privatizadas foram entregues para uma Mafia ou Cartel de correligionários e  incentivadores da extinção da URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, da qual Mickail Gorbachev foi o último presidente.

Cerca de 70 famílias da antiga União Soviética são as atuais proprietárias de todo o patrimônio estatal privatizado, que foi acumulado com o trabalho despendido pelos quase 150 milhões de russos existentes em 1997. Na mesma época a população da ex-URSS estava perto dos 300 milhões de habitantes, aproximadamente a população dos Estados Unidos da América.

Esse mesmo tipo de apadrinhamento político ao grande empresariado aconteceu durante a privatização das empresas estatais brasileiras.

No vídeo acima, aparece com uma enorme mancha na testa o ex-presidente da URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Mickail Gorbachev, extremamente adorado pelos governantes norte-americanos porque sem derramamento de sangue e sem bombas atômicas conseguiu destruir a URSS.

Depois desse memorável feito, Gorbachev passou a estrelar o comercial da franquia de pizzarias acima exibido, no qual a queda ou extinção da URSS é celebrada porque, afinal, se a maior nação socialista da História não tivesse se esfacelado, os russos jamais poderiam provar da delícia de uma refeição no Pizza Hut! Por sinal, detestada pela quase totalidade dos brasileiros.

Para viver do dinheiro recebido de pessoas e empresas em retribuição ao seu memorável feito, em São Francisco - Califórnia - USA, foi constituída a Fundação Gorbachev como entidade sem fins lucrativos, como também fazem todos os demais sonegadores de tributos. O dinheiro obtido é sempre sorrateiramente movimentado por intermédio de instituições financeiras offshore falsamente sediadas em paraísos fiscais, que podem estar clandestinamente operando em qualquer parte do mundo.

O mais provável é que o dinheiro recebido por Gorbachev esteja sendo administrado por banqueiros (especuladores) de Chipre a exemplo do que faziam os banqueiros (também especuladores) da Islândia. Chipre é o paraíso fiscal preferido dos magnatas russos, que obviamente sustentam o ex-presidente da URSS.

NOTA DO COSIFE: Qualquer semelhança do dito por Pepe Mujica, com o publicado neste site do COSIFe desde 1999, é mera coincidência.







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